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10 Nov 2024, 5:50 am

Mosh Interview com Evil Motor


Evil Motor foi considerada a primeira banda brasileira de Stoner. Mas sem saudosismo e sem se prender ao passado a banda está em atividade e mostra que ainda tem muito a oferecer.

por Emerson Melo

Batemos um papo com o vocalista Alex Mouzinho, aonde falamos dos projetos da banda, da posição atual do Rock no mercado, o desinteresse dos jovens pelo Rock e muito mais.

Confiram!

FM – O single ‘Tell of My’ mostra que a banda está olhando pra frente, trazendo uma produção atual e mostrando que a banda ainda tem lenha pra queimar. Mas ainda mantém as principais características da banda, principalmente nas melodias vocais. Como está sendo a repercussão deste trabalho?

Alex Mouzinho –  A melhor possível! Estamos positivamente surpresos! Nossos amigos (não fãs) entenderam o nosso objetivo que é olhar pra frente. Adoramos compor, na verdade somos viciados nisso, nos dá muito prazer poder desenvolver um riff, as melodias vocais, as linhas de baixo e bateria.

FM – ‘Tell of My’ foi um trabalho isolado ou a banda tem mais coisa guardado na manga? Podemos esperar um cd full?

Alex Mouzinho – Já temos pelo menos uma dúzia de composições prontas para serem gravadas. A princípio não pensamos em um CD full e sim vários singles e, quando forem todos lançados juntaremos em um CD.

FM – Vocês são considerados uma das primeiras bandas de Stoner do Brasil. Vocês já se consideravam Stoner ou ganharam este título “nas ruas”?

Alex Mouzinho – Na verdade quando começamos, este termo ainda não havia sido difundido.  Éramos apenas viciados em Black Sabbath, Kyuss, Alice In Chains, Soudgarden, Monster Magnet, Fu Manchu, Karma to Burn e fomos apenas jogando nossas influências nas composições. Nas audições de nossa demo Mr. Insane, a imprensa começou a falar que éramos Stoner e depois que fomos a primeira banda Stoner do Brasil! Bem, achamos isso bem legal, mas estamos seguindo e não estamos presos a rótulos, apenas seguimos com nossas influências e ainda apaixonados por Sabbath!

FM – Ouvindo o primeiro trabalho da banda, a demo Mr.Insane, percebemos um som cru, direto somado a muita garra e vontade. Como surgiram as primeiras composições e como foi todo este processo pra lançar este trabalho?

Alex Mouzinho – Éramos moleques, mas todos já tinham passado por outras bandas. Quando nos juntamos já tínhamos um objetivo em comum e a química funcionou absurdamente, o que resultou na demo. Depois de vários anos distantes, eu e o guitarrista Rogério GG nos encontramos despretensiosamente e ficamos surpresos porque aquela energia estava tão viva quanto antes, assim já partimos direto para novas composições, cheios de disposição e tivemos a sorte de encontrar dois músicos excepcionais que se integraram perfeitamente no conceito!

FM – Da formação que gravou este primeiro trabalho, restaram o você e o guitarrista Rogério Rodrigues e hoje temos Wellington Jelly na bateria e Ricardo Infante no baixo. Como tem sido a adaptação deles ao material mais antigo da banda? Houve modificação nos arranjos, ou continua sendo fiel às gravações originais?

Alex Mouzinho – Como lhe disse esses caras se encaixaram perfeitamente a banda. Jelly está conosco a mais tempo e chegamos a nos apresentar em trio nessa saga pelo baixista perfeito! Rsrs. Ricardo Infante foi o último a integrar o time, mas valeu a espera! Quanto às músicas antigas, em algumas faixas fizemos pequenas alterações, mas não para mudar o arranjo e sim por diversão, no mais ficamos fiéis aos arranjos, realmente gostamos deles!

FM – O primeiro álbum full, o Atomic Vacuum, mostra uma evolução da banda principalmente no que tange a parte de produção. Como foi a produção deste trabalho?

Alex Mouzinho –  Essa pergunta é bem interessante! Atomic Vacuum levou um ano para ficar pronto. Fomos meticulosos e detalhistas uma vez que a produção ficou por nossa conta! Já estávamos bem integrados e ensaiávamos muito por isso fomos bem seguros para o estúdio com a pré produção definida.

FM – Nele a banda fez duas regravações, Mr.Insane e Nightmare Life, sendo que ambas aparecem na demo. Qual foi a razão da escolha dessas músicas pra serem regravadas?

Alex Mouzinho – Gostamos muito delas. Mr. Insane é pedida em qualquer show que façamos e Nightmares Life tem uma pegada suja, direta, até juvenil e gostávamos disso, como gostamos até hoje!

FM – Outro detalhe deste álbum é que nele a logo da banda foi redesenhada, e ficou bem mais bonita, sendo que é a mesma utilizada até hoje. Quem foi o artista responsável por este trabalho?

Alex Mouzinho – Gustavo Boleta, baterista do Sob Cerco e durante um breve momento também do Evil Motor. Ele veio com esse logo para um cartaz de um show e todos ficaram impressionados merecendo ser mantido até hoje!

FM – Depois do Atomic Vacuum, a banda não lançou mais nenhum cd full, lançando o single ‘You Across the Sky’ em 2018 e o mais recente que ‘Tell of My’. Qual foi a principal razão pra não lançar um álbum completo?

Alex Mouzinho – Em 2001 nos separamos e todos tomaram rumos distintos. Éramos imaturos e não tínhamos muita noção da dimensão do que estávamos fazendo, desentendimentos se tornaram constantes, e depois de fazermos parte de uma coletânea de bandas Stoner da América Latina, me vi sozinho e perdido sem saber o que fazer. Eu e GG tentamos ainda manter a banda por um tempo mas ele estava triste e sem disposição e resolveu sair. Esse hiato durou praticamente 14 anos e, quando decidimos voltar foi tudo como antes!

FM – Falando do single You Across the Sky, considero ele um dos melhores momentos da banda, aonde a banda está soando bem coesa, pesada e madura. Inclusive a produção das guitarras ficou excelente, assim como o timbre e os climas do arranjo. Como surgiram as ideias desta produção? Já chegaram no estúdio com uma ideia de como o som deveria soar, ou foi algo que foi construído ao longo da gravação?

Alex Mouzinho – Também adoramos essa música! Chegamos prontos no estúdio, com todas as ideias prontas! Fizemos por camadas e iríamos descobrindo cada vez mais a cada parte! A composição desse som realmente foi um momento muito feliz!

FM – Nos anos 90 Teresópolis teve uma cena bem forte e promissora com bandas como Eternal Chaos, Sardonic, Alicerce, Six Seven Hate e o próprio Evil Motor. O que podem nos dizer deste período, quais são as lembranças desta época?

Alex Mouzinho – Teresópolis nos anos 90 tinha uma efervescência cultural admirável! Todas as bandas eram amigas, rolavam muitos shows e muita criatividade. Até hoje existem resquícios destes momentos e são os “coroas” que estão agitando a retomada. rsrs

FM  – Vocês vieram de um tempo que a internet ainda estava em desenvolvimento, era tudo na base da fita demo pra divulgar o som, correspondência por cartas, grude pra fixar os cartazes de divulgação. Hoje temos muitas ferramentas que facilitaram a divulgação de um trabalho. Qual balanço que vocês fazem entre um época e outra, pontos positivos e negativos?

Alex Mouzinho – Cara, o momento é completamente distinto daquela época! Hoje não temos mais o “som físico”, temos o streaming, isso tem seu lado bom mas também o negativo. Por outro lado acho que houve uma total irresponsabilidade de nossa parte (falo de todo o movimento Rock Brasileiro) na manutenção do público Rock, tem um documentário sobre a Banguela Records que fala exatamente isso! Enquanto o Rock, que mesmo no mainstream, tinha espaço nas rádios e na Mídia em geral nos anos 90, na virada de século foi se dispersando e os outros movimentos se organizando, esse descompromisso com as novas gerações gerou o descaso das mesmas! Ainda temos um público jovem e interessado, assim como os saudosistas que vibraram com o nosso retorno, mas tudo isso poderia ser muito maior! Hoje em dia o cara que chega com rádio tocando funk na maior altura, com os graves distorcidos e com as letras que são poesia pura é o bacana que está tirando onda! Alguma coisa saiu errado não acha?

FM – Esta pergunta gera uma grande reflexão, pois o Rock dominou o mainstream por cinco décadas seguidas e depois, como você mesmo observou, foi perdendo espaço na grande mídia. Na sua opinião o que gerou este afastamento dos mais jovens com o  Rock e também este afastamento do mainstream?

Alex Mouzinho – Exatamente a falta de UNIÃO no movimento do Rock Nacional, a falta de organização e consequentemente com essa má gestão, a gradativa falta de espaço na mídia. Enquanto isso os outros movimentos fizeram exatamente o oposto, e as novas gerações além da velocidade de informação, foram massacrados com os estilos que estão em evidência hoje em dia.

A falta de informação sobre o Rock e a lobotomização midiática resultaram no que temos hoje!

Vejo a maioria das novas gerações lidando com a música como um produto facilmente consumível e com a mesma velocidade, digerido e esquecido! Louco isso! Por isso valorizo tanto quando vemos uns moleques novos fazendo ou ouvindo Rock! Cito aqui como exemplo a banda Speed of Light, molecada nova arrebentando com personalidade e visceralidade!

FM – Mas a arte e a música refletem o que é a sociedade. O Rock sempre foi relevante para os jovens, mas será que envelheceu e perdeu o jeito? Será que não está faltando falar a língua deles? Qual sua opinião sobre isso?

Alex Mouzinho – Não acredito que o Rock envelheceu, existem várias ramificações do Rock que o mantém sempre vivo! O Nirvana foi uma resposta para isso no início dos anos 90. Posso citar várias bandas atuais que estão fazendo Rock da melhor maneira possível no Mundo e aqui no Brasil. O problema é que por aqui, como já citei, ele perdeu espaço para outros estilos na grande mídia e o Brasil é muito grande, acredito que sem esse alcance (midiático) várias camadas da sociedade só terão acesso ao básico. É um assunto polêmico que irá gerar várias opiniões adversas, mas para facilitar vou dar um exemplo: a Rádio Fluminense FM 94,9. Ela tinha em sua programação o Rock, Blues, Jazz, Fusion, Acid Jazz, MPB, Reggae, Dub e por aí vai. Desta forma ela dava a chance para o ouvinte assimilar os diversos estilos e escolher um ou mais que lhes fossem mais atraentes! Essa “liberdade” de escolha é o que forma o gosto de alguém, não só na música, mas em todas as manifestações artísticas! Dos anos 2000 pra cá não testemunhamos isso por aqui!

FM – Vocês tocaram em festivais como Beco do Rock, Boca do Rock e outros. Quais foi o show, ou quais foram os shows mais importantes e mais marcantes da trajetória da banda?

Alex Mouzinho – São muitos! Um que sempre lembramos foi na lona Cultural de Bangu. Que público! Foi memorável! Tocar no Boca do Rock também foi uma experiência fantástica! O público da Zona Norte e Oeste do Rio de Janeiro é muito interessado e inteligente! É muito gratificante quando tocamos por lá!

FM – Quais são os projetos futuros da banda e o que podemos esperar pra 2021?

Alex Mouzinho – Para projetos futuros temos em mente o lançamento de vários singles nesse ano, em Janeiro já saíra mais um com uma nova composição! Tentaremos lançar um video clip para cada música e assim que possível, voltarmos para os palcos!

FM – Espaço aberto pra vocês mandarem o seu recado.

Alex Mouzinho – O nosso recado vai para todos os amantes da música boa e pesada! Existem muitas possibilidades para se ouvir boa música hoje em dia! Todas ao alcance em apenas um clique, assim se todos procurarem propagar o Rock, mais pessoas serão influenciadas. Parece meio clichê isso, mas a falta de interesse da molecada é impressionante (por falta de referência mesmo) por isso fico feliz quando uns blockbusters lançam AC/DC e Black Sabbath na trilha sonora! Já é um gancho! Uma dica, ouçam a banda Speed of Light! Ainda há esperança! Grande abraço and Rock an’ Roll is NOT dead!!!

*Line up:

Alex Mouzinho – Vocais & letras

Rogério Rodrigues – guitarra

Ricardo Infante – baixo

Wellington Jelly – bateria

*Discografia

(1995) – Mr. Insane (demo)

(1999) – Atomic Vacuum

(2018) – You Across the Sky (single)

(2020) – Tell of My… (single)

*Redes Sociais

Facebook – evilmotorband

Instagram – evil_motor

You Tube – Evil Motor Tv

*Contato

(21)975757704 (whatsapp)

Interview · News · Underground

Postado em janeiro 25th, 2021 @ 20:20 | 3.818 views
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