Por Emerson Mello
Balls to the Wall vem na sequencia do sucesso do antecessor Restless and Wild, que abriu as portas do mundo pra banda, e junto ao Metal Heart, pra mim fecha a trinca de ouro do Accept. Balls to the walls comercialmente é o álbum melhor sucedido da banda, sendo o único a ganhar o disco de ouro e alcançou a posição 74 na Billboard 200(EUA).
E se falando em Accept, as polêmicas e controvérsias parecem acompanhar a banda. No álbum anterior haviam sido acusados de serem simpatizantes do nazismo devido ao fato de terem usado um trecho da música folclórica alemã ‘Ein Heller und ein Batzen’ na introdução de Fast as a Shark. A banda alegou que a ideia era zuar mesmo fazendo um contraste do Metal com a música folclórica. Em Balls to the Wall a polêmica fica por conta da capa, que nos EUA, foi criticada por fazer referência ao homossexualismo. Somado a isso, a música Love Child realmente aborda o tema, o que apimentou mais a polêmica. Em entrevista à revista francesa Enfer em 1983, o baterista Stefan Kaufmann declarou que “O homossexualismo é um fato que deve ser levado em consideração, porque existe em larga escala e deve ser desmistificado. Então é hora de respeitar essas pessoas e abrir nossas mentes”.
Menos pesado do que seu antecessor, Balls to the Wall já mostra um certo direcionamento rumo ao (gigante) mercado americano, mas mantém o peso e a pegada erudita característica da banda. Em termos de letras, a banda trouxe uma maior variação lírica, trazendo temas políticos, sexuais e sociais, abrindo o leque. A esposa do guitarrista Wolf Hoffmann, Gaby Hauke (ou Deaffy), participa ativamente contribuindo com letras. Produzido pela própria banda, o álbum traz a mesma formação campeã do álbum anterior, e considerada a clássica pelos fãs: a voz única de Udo somada às twin guitars de Hoffmann & Herman Frank dão àquele mix Judas Priest+AC/DC que os fãs tanto gostam e a cozinha Peter Baltes e Kaufmann continua firme e competente. Já abrindo com a clássica música título, um dos hinos da banda, ela traz diversas das marcas registradas da banda: riff pegajosos, refrões fortes, vozes em coro, temas eruditos e um solo épico. Impossível não balançar a cabeça! A letra é um chamado contra a opressão “They’re gonna break their chains (hey)/No, you can’t stop them (God bless ya)” mostrando a preocupação da banda com estes temas. London Leatherboys dá mais espaço pra Baltes e Kaufmann na introdução e Udo capricha na interpretação e o refrão gruda de primeira. Em Fight it Back já temos um pouco mais de velocidade, com um riff rápido e cortante, me lembra algo na linha de Rapid Fire do Judas. O refrão melódico com a guitarra conduzindo o tema em contraponto soa perfeito, e na sequencia um grande solo de Hoffmann. Baltes puxa a introdução de Head Over Heels no baixo, seguido pelo tema de guitarra e funciona muito bem. Com o título enigmático de Losing More Than You’ve Ever Had, temos a próxima, num riff que parece tentar recriar a clássica Princess of the Dawn, porém com um refrão mais na linha ‘Rock de Arena’.
‘Virando o disco’, começamos com Love Child, com um riff de guitarra cortante, traz o tema da homossexualidade a tona, ficando claro em versos como “”Feeling the power of lust when the guy’s passing by/Wrecking one’s brain, and I’m going insane, don’t know why”. Turn Me On mostra o ‘lado AC/DC’ da banda com um riff mais Rock’n’Roll e uma levada cadenciada e no refrão Udo soltar os pulmões. No solo voltamos ao tradicional Metal da banda com direito a dobra de guitarras. Em Losers and Winners a banda volta à velocidade com um riff rápido, na ponte outra marca registrada que é o esquema de coro com ‘pergunta e resposta’ que eles sempre fazem muito bem. Guardian of the Night começa com um delicado dedilhado ao violão, mas logo somos despertados pela guitarra entrando com o riff que conduz toda a música. Fechando o álbum temos a bela balada Winter Dream, bem na linha do que a banda fazia nos primeiros álbuns. A letra singela e bucólica, cria o clima perfeito pra encerrar o álbum.
Em Balls to the Wall o Accept deu passos largos pra ganhar de vez o mercado norte americano, fazendo uma turnê de sucesso que solidificou o nome da banda neste mercado e também em nível mundial. A despeito de Restless and Wild ser o meu preferido, inegável a importância deste clássico Balls to the Wall.
*Ficha Técnica
Banda – Accept
Álbum – Balls to the Wall
Lançamento – 05/12/1983
*Line-up
Udo Dirkschneider – vocais
Wolf Hoffmann & Herman Frank – guitarras
Peter Baltes – baixo
Stefan Kaufmann – bateria
*Músicas:
01 – Balls to the Wall 5:45
02 – London Leatherboys 3:57
03 – Fight It Back 3:30
04 – Head Over Heels 4:19
05 – Losing More Than You’ve Ever Had 5:04
06 – Love Child 3:35
07 – Turn Me On 5:12
08 – Losers and Winners 4:19
09 – Guardian of the Night 4:25
10 – Winter Dreams 4:45
Tempo Total 45:13