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9 Oct 2024, 4:02 am

Album Review – Deep Purple =1(2024) – Adeus Aposentadoria


Por Emerson Mello

Motivado pela bela passagem da banda pelo Brasil, com dois ótimos shows no mês de setembro, um em São Paulo e outro no Rock in Rio no último dia 15/09 e com um pouco mais de tempo pra absorver mais do álbum novo pra amadurecer o ouvido chega aqui no Mosh a resenha de =1 novo álbum da banda.  Sem entrar no mérito das tretas envolvendo a saída de Steve Morse da banda em 2022, em primeiro lugar é preciso reconhecer que ele contribuiu muito pra longevidade da banda, tendo ficado no posto das seis cordas da banda por 25 anos. Por outro lado, é inegável que a entrada de Simon McBride fez um bem danado pra banda e isto ficou visível nas recentes apresentações ao vivo, pela vibe e disposição da banda no palco, destes senhores quase octogenários – com exceção de McBride com 45 anos, todos os demais membros estão na casa ou acima dos 76 anos. Curiosamente, assim como Blackmore, McBride é ariano, pessoas consideradas de temperamento forte e explosivo, e assim também como Gary Moore (outro ariano!) é de Belfast, no norte da Irlanda, onde também o povo é considerado temperamental. Viagens astrológicas e psicológicas à parte, o fato é que McBride encaixou como uma luva pro som da banda e quem ganha somos nós fãs da banda com a chegada de um (bom) novo álbum.

Deep Purple em 2024: Roger Glover, Don Airey, Ian Paice, Ian Gillan & Simon McBride.

Com timbres muito bem colocados, solos explosivos e fraseados de guitarra muito bom gosto, McBride trouxe um frescor de volta ao som da banda e musicalmente seu estilo se encaixa muito bem ao som clássico da banda, o que sob certa perspectiva fez a banda resgatar algo do espírito do velho Purple. Airey por sua vez veio com uma timbragem muito bonita nos teclados do álbum, variando bem e dando mais versatilidade aos arranjos. Arrisco a dizer que em termos de timbre foi o trabalho dele que mais me agradou dentro do Purple. A dupla de cozinha mais clássica do Rock, Glover/Paice continua uma muralha, dando todo suporte pra galera voar, com o Paice surpreendendo pela disposição. Gillan está administrando e dosando muito bem sua voz, colocando da forma mais adequada do alto dos seus 79 anos. Trabalhando com o Purple desde 2013 com o álbum Now What?, pode se dizer que Bob Ezrin virou uma espécie de sexto elemento da banda, participando ativamente de todo o processo, inclusive aparecendo em todas as músicas como compositor junto à banda. Como de praxe, a banda busca uma sonoridade orgânica na produção, com os instrumentos soando de forma bem natural e ‘na cara’ num clima mais próximo de ‘ao vivo’.

Gillan está administrando bem a voz do alto dos seus 79 anos.

Show Me abre o disco numa levada que lembra Highway Star e traz um riff bem sacado de McBride e um refrão com Gillan dobrando as vozes. Nos solos McBride e Airey se revezam num duelo interessante, fazendo um dueto dobrado no final, mostrando um bom entrosamento, chama atenção pelo belo timbre usado por Airey. Simples e direta a música perfeita pra abertura, já dá boas perspectivas pro álbum. Seguindo com A Bit on the Side, busca uma tonalidade pouco usada pela banda, talvez pra privilegiar os vocais de Gillan, que ficam mais a frente. Paice soltou o braço nesta música, usando seus tempos e contratempos e viradas clássicas, mas tenho que ser justo e dizer que McBride roubou a cena com um solo destruidor, por todos estes ingredientes ela acaba sendo um dos pontos altos do álbum. O riff de Sharp Shooter me lembrou algo nos idos do In Rock, voltando o calendário lá para 1970. A passagem da ‘ponte’ dá um colorido diferente pra chegar no refrão clássico cantado em cima do riff de guitarra, sendo que Airey e McBride roubam a cena novamente nos solos. Mais um ponto marcado com louvor. Portable Door foi um dos singles e vídeos do álbum, então já conhecida do público, inegável que o riff e a levada da introdução tentam recriar o clima de Pictures of Home, com destaque pro baixo de Glover que vem ‘roncando’ lembrando os tempos do velho Rickenbacker. Old-Fangled Thing vai pro lado mais clássico com mais peso na parte do solo.

Paice é o único membro da banda que gravou todos os álbuns.

If I Were You surpreende sendo uma power ballad com um belo tema de McBride, que caprichou também no solo. Gillan nos traz seus versos clássicos como “You hit me where it hurt/Left me face down in the dirt” e recurso da orquestra no final ficou bem interessante e funcionou muito bem. Outro momento de destaque do álbum. I’m Saying Nothin’ vem numa tema mais cadenciado em mid tempo com Airey e McBride fazendo um ‘pega’ no solo, lembrando os duetos do In Rock. Lazy Sod foi uma que chamou atenção ao vivo e funcionou muito bem, Airey usou referência eruditas pra dar um tempero a mais e ficou excelente. Now You’re Talkin’ mantem a pegada enquanto No Money to Burn parece saída direto do Who Do We Think We Are trazendo um riff mais pesado e cadenciado, e mais espaço para Paice soltar o braço. Airey caprichou no solo e no timbre criando uma atmosfera bem diferente. A balada I’ll Catch You acaba sendo uma das minhas preferidas do disco, Gillan ficou bem à vontade na interpretação, e McBride deu um show de feeling no solo, coisa linda de se ouvir. Fechando muito bem temos a Bleeding Obvious, outro ponto alto do ponto, a banda desenvolve um

O show no Rock in Rio mostrou que a banda ainda tem lenha pra queimar.

instrumental interessante com muitas variações harmônicas usando e abusando de várias referências, em alguns momentos beirando o Progressivo, fica claro que teve uma mão forte de Airey. Outra música que Gillan cantou muito bem e a banda se esmerilhou no instrumental. Ela acaba sendo a cereja do bolo de um álbum que veio muito bem e manteve a regularidade, e comprovou que a banda tem lenha pra queimar ainda, e a banda provou isso nos shows do Brasil. Com certeza teremos um sucessor deste bom =1, quem viver verá. Adeus aposentadoria.

O Rock Clássico ainda vive. Adeus aposentadoria.

*Ficha Técnica

Banda – Deep Purple

Álbum – = 1

Lançamento – 19/07/2024

*Line up

Ian Gillan – vocais

Simon McBride – guitarras

Roger Glover – baixo

Ian Paice – bateria

Don Airey – teclados/arranjos de orquestra em ‘If I Were You’

*Músicos adicionais

Camille Harrison & Patricia Shirley-Okujene – backing vocais

Bob Ezrin – backing vocais/percussão

Alan Umstead – condução orquestra

Nashville Music Scoring – orquestra

*Músicas

01 – Show Me 3:59

02 – A Bit on the Side 4:10

03 – Sharp Shooter 3:44

04 – Portable Door 3:48

05 – Old-Fangled Thing 4:08

06 – If I Were You 4:42

07 – Pictures of You 3:51

08 – I’m Saying Nothin’ 3:28

09 – Lazy Sod 3:40

10 – Now You’re Talkin’ 4:05

11 – No Money to Burn 3:21

12 – I’ll Catch You 3:20

13 – Bleeding Obvious 5:50

Tempo Total 52’06”

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Postado em setembro 22nd, 2024 @ 10:34 | 231 views
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