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28 Mar 2024, 6:39 am

Mosh Review: Deep Purple – Whoosh!


por Emerson Mello

Quando uma banda veterana, com mais de 50 anos de carreira anuncia que vai lançar algo novo, é sempre precedido de muita ansiedade por parte dos fãs. Ainda mais que já haviam anunciado que o álbum anterior InFinite seria o último, e que a turnê do mesmo também seria a última.  Pois bem, em meio à pandemia surge e é lançado o novo álbum da banda Whoosh! Apesar da banda já vir preparando os fãs com lançamento dos singles ‘Throw My Bones’ e ‘Man Alive’, o lançamento oficial e mundial ocorreu neste último dia 07 de Agosto.

Whoosh! é o vigésimo primeiro álbum de estúdio da banda, o quinto com o tecladista Don Airey, que chegou em 2003 no álbum Bananas, para substituir o saudoso Mestre Jon Lord (Don Airey foi indicado pelo próprio Jon Lord), então a banda já vem com a mesma formação há 17 anos. É importante ter em mente que após tantos anos de carreira e com diversas mudanças de formação, é natural que o som da banda sofra algumas modificações. Dentro desta perspectiva é visível que a banda respeita e honra seu passado, mas tenta seguir em frente. E o resultado ficou bom. O curioso título do álbum não é tão fácil de explicar em palavras e menos ainda de traduzir para o português. A palavra foi retirada da letra de ‘Man Alive’ aonde no final da música Gillan narra o seguinte trecho “A man alone/Washed up on the beach/Just a man/Whoosh….” Então Whoosh! seria uma onomatopeia pra definir algo como ‘um movimento repentino acompanhado por um som acelerado’. Acredito que assistindo o vídeo, o conceito que a banda que rpassar fique mais claro.

A gravadora earMUSIC já vinha criando um suspense e preparando os fãs para este lançamento. O primeiro single foi ‘Throw My Bones’, música que abre o álbum e foi lançado em 20 de Março deste ano. O segundo single foi ‘Man Alive’, lançado no dia 1º de Maio. Ambos os singles geraram uma expectativa muito boa para o álbum, pois agradaram os fãs tanto na parte musical, quanto em relação aos vídeos, em que a banda se esmerou bastante, produzindo um material de extrema qualidade.

Whoosh! apresenta 13 temas(12+01 ‘Dancing in My Sleep’ como bônus) e a produção ficou novamente a cargo de Bob Ezrin e é visível que tentaram buscar uma sonoridade bem orgânica, sem exagero nos timbres e nada soando comprimido demais. Importante dizer que mesmo com 50 anos de estrada na bagagem, a execução dos músicos não soa “cansada”. Ian Paice, único membro que gravou todos os 21 álbuns, mantém a mesma velha classe na bateria, o criticado e subestimado Roger Glover vem com linhas muito bonitas e um timbre um pouco mais agressivo e mais presente, Gillan vem seguindo a mantendo a linha dos últimos álbuns e utilizando bastante as dobras vocais e coros, o que deu um resultado bem melódico e interessante nas linhas vocais. Morse deu um punch a mais no seu timbre da guitarra, colocando um pouco mais de peso e com a guitarra soando um pouco mais ‘gorda’ do que o usual e também variando mais os timbres limpos. O que dizer de Don Airey, este fantástico músico que teve a honra de substituir Jon Lord e abraçou a causa com muito entusiasmo e vem nos brindando com performances bem inspiradas, sendo ele em minha opinião o músico que se destaca no álbum, apesar do equilíbrio e o enorme senso de unidade com que a banda soa.

‘Throw My Bones’ que abre o álbum, já bem conhecida de todos por ter sido o primeiro single, traz um riff característico de Morse e com um solo de guitarra usando e abusando dos cromatismos, bem ao seu estilo. ‘Step by Step’ tem uma bela introdução de Don Airey, uma levada cadenciada e uma letra enigmática aonde Gillan parece divagar “Worming your way into my life/Little by little, we’re getting too tight/Taking me over and stealing my soul/Oh, oh, stealing my soul”. ‘Nothing Att All’ tem um tema de guitarra bem criativo e a música vai numa levada mais radiofônica, com um refrão marcante e deve funcionar bem nas rádios Rock. Don Airey fez um solo de deixar Jon Lord sorrindo. ‘The Power of the Moon’ é outro bom momento do disco, tem um clima de mistério. ‘Remission Possible’ é uma instrumental com um poderoso riff de teclado tocado no Hammond, e que tem uma assinatura bem Don Airey. O duelo entre o teclado e a guitarra cria um clima de tensão até cair na calmaria que serve de prelúdio para a entrada de ‘Man Alive’; esta sem dúvidas o destaque do álbum, uma das melhores coisas que a banda já fez e bem diferente de tudo que eles já fizeram. Morse fez um solo muito bonito explorando outras possibilidades de escalas e de efeito, Don Airey lançou mão de um timbre extremamente belo para fazer a ‘cama’, e Gillan fez uma linha vocal muito inspirada. A cozinha Glover/Paice trabalhou de forma coesa dando todo o alicerce pra banda, isto vale dizer para não só pra este música, mas para o álbum inteiro. Curiosamente a música que fecha o álbum é ‘And the Adress’, que é uma regravação da original de 1968, música que abre o primeiro álbum da banda ‘Shades of Deep Purple’. Sendo a primeira música do primeiro álbum e a última do novo álbum, a banda pode estar mexendo com a nossa imaginação. Talvez uma homenagem a Jon Lord?Ou uma mensagem de despedida?…

Whoosh! é um bom disco aonde mostra que a banda ainda tem lenha pra queimar e se você estiver esperando um novo ‘Machine Head’ ou um novo ‘Burn’ passe longe, mas se aceita e entende o momento atual da banda é bastante recomendado.

*Músicas:

01. Throw My Bones (3:39)
02. Drop the Weapon (4:24)
03. We’re All the Same in the Dark (3:44)
04. Nothing at All (4:43)
05. No Need to Shout (3:31)
06. Step by Step (3:35)
07. What the What (3:33)
08. The Long Way Round (5:40)
09. The Power of the Moon (4:09)
10. Remission Possible (1:39)
11. Man Alive (5:36)
12. And the Address (3:36)
13. Dancing in My Sleep (bônus) (3:52)

Total: 51:41

*Line-up

– Ian Gillan / vocals
– Steve Morse / guitars
– Don Airey / keyboards
– Roger Glover / bass
– Ian Paice / drums

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Postado em agosto 9th, 2020 @ 20:20 | 3.803 views
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