8 Feb 2025, 5:54 pm

Classic Mosh: Black Sabbath – Cross Purposes (31 Anos)


Por Emerson Mello

Debandada de Dio carregando consigo o baterista Vinnie Appice. Sobram Tony Iommi e Geezer Butler. O cenário não é exatamente novidade, já vimos este filme antes. Na vida e no Rock’n’Roll a história se repete. Iommi decide chamar Tony Martin de volta, que após a turnê do TYR havia sido demitido para o retorno de Dio no álbum Dehumanizer. Pra comandar as baquetas chamam o veterano e experiente Bobby Rondinelli e completando o time temos o fiel escudeiro Geoff Nichols.

Curiosidade do álbum fica por conta da semelhança na arte de Cross Purposes e do single Send Me An Angel do Scorpions lançado em 1990, que usa a mesma imagem do anjo em chamas. É comum artistas gráficos utilizarem bancos de imagem pagos, o que deve ter ocorrido neste caso é que ambas as bandas compraram o direito da mesma imagem. A pergunta fica por conta de não terem percebido isso antes, visto que o Scorpions utilizou a mesma imagem 4 anos antes. Um detalhe que jamais vai tirar o brilho de Cross Purposes, somente uma curiosidade.

Gravado no estúdio Monnow Valley Studios no País de Gales, Cross Purposes soa vigoroso e orgânico, com o som da bateria de Rondinelli soando ‘gigante’, baixo de Geezer continua uma muralha com um som mais atual. A guitarra do mestre Iommi dispensa apresentações e mantém a criatividade na ‘rifferama’ e os solos trazem um timbre limpo e cristalino. Tony Martin mantém a qualidade vocal dos álbuns anteriores, e em relação a temática traz temas mais cotidianos como a guerra da Iugoslávia (Dying for Love) e o massacre em Waco(EUA) em 1993, que culminou na prisão de David Koresh (Psychophobia). Por sua vez The Hand That Rocks the Cradle é a respeito de Beverly Allitt, a enfermeira britânica serial killer,responsável pela morte de diversos bebês e crianças.

I Witness chega com um riff sombrio do mestre Iommi e a bateria pesada de Rondinelli conduzindo a levada.  A letra fala de fanatismo e perseguição religiosa e Tony Martin eleva o tom no refrão “Caught alone in the dark night/Do you think that’s the way it’s supposed to be?”. Com um grande solo de Iommi e no refrão final onde Rondinelli quebra tudo, começamos o álbum a todo vapor. Cross of Thorn na sequência vem com um belo tema no violão com o teclado de Geoof Nichols fazendo a ‘cama’ no fundo e Tony Martin vem cantando suavemente o verso “Don’t come closer ‘cause it ain’t safe here/Just turn around now and walk away/I’ve gotta tell you, there are no rules here/Sometimes I wonder /What goes on there behind those eyes” que fala da intolerância religiosa na Irlanda. Em seguida temos uma parte mais pesada com o riff do mestre Iommi,que faz ao meu ver um dos melhores solos do álbum. Psychophobia vem com um riff rápido e cortante, fazendo jus a temática pesada falando do líder religioso fanático David Koresh. Todos estão excelentes nesta faixa, mas pra mim o destaque vai pra Rondinelli. Em Virtual Death temos espaço pra Geezer Butler aparecer mais, conduzindo o riff da música sozinho no baixo pra depois entrada da banda, trazendo o velho Doom Metal, numa letra que traz o tema da vida após a morte. A Rifferama de Iommi tem muita munição e Immaculate Deception nos traz outro riff que gruda na mente na primeira audição. Em mais uma performance excepcional, Rondinelli mostra que a escolha do seu nome não foi em vão e Iommi vem com um grande solo.

Chega a hora da balada do álbum e ela vem com a classuda Dying for Love. O solo da introdução de Iommi é algo pra nos levar a estratosfera, timbre lindo, bom gosto na escolha das notas, timing e muito feeling, coisa que mestres sabem fazer. Por sua vez a interpretação de Martin é uma das melhores do álbum, soa triste e melancólica fazendo jus a letra que fala da guerra da Iugoslávia num refrão marcante. No solo principal um tema simples e marcante de Iommi, temos assim uma das melhores faixas do álbum. Back to Eden traz um clima mais Hard com um riff em mid tempo e no refrão Martin dá o caminho “If you’re searching for an answer/We can bring you back to Eden”.  The Hand That Rocks the Cradle é outra das minhas preferidas do álbum, onde Iommi vem com a sua velha concepção de ‘light and shadows’, alterna momentos pesados e lentos o que gera um contraste interessante em termos de arranjo. Ela começa lenta com Martin cantando suavemente e depois entra o riff rápido que conduz a música. Nela Martin narra os eventos da enfermeira infanticida Beverly Allitt. Iommi usa o wah-wah em outro grande solo do álbum, Rondinelli segura tudo batendo forte e com muita precisão. Cardinal Sin por um erro de impressão saiu com o nome errado, o nome correto era Sin Cardinal Sin, porém devido a este erro a banda decidiu seguir deixar o nome alterado. Acho esta música bem interessante com um arranjo que traz uma perspectiva diferente. Evil Eye fecha o disco, temos aqui uma co-parceira com Eddie Van Halen que não pôde ser creditado à época por conta do seu contrato com a gravadora Warner. Martin traz a velha dualidade do diabólico e angelical. A letra fala de uma figura feminina que parece ser um anjo, mas que em alguns momentos se revela ser algo diabólico como no verso ‘Got the face of an angel but the stare of a devil inside’. Esta figura exerce uma vigilância obsessiva em torno da personagem da letra.

Cross Purposes é o décimo sétimo álbum da banda e obviamente a volta de Tony Martin agradou alguns e desagradou outros. O próprio Geezer Butler alguns anos depois deu uma declaração contundente a respeito do álbum. A despeito destas controvérsias, a banda entregou um excelente álbum e o tempo tem provando que ele é um álbum consistente e tem conquistando mais fãs ao longo do tempo.

Black Sabbath em 1994: Tony Iommi, Bobby Rondinelli, Geezer Butler & Tony Martin.

*Ficha Técnica

Banda – Black Sabbath

Álbum – Cross Purposes

Lançamento – 31/01/1994

*Line up

Tony Martin – vocais

Tony Iommi – guitarras

Geezer Butler – baixo

Bobby Rondinelli – bateria

Geoff Nichols – teclados

*Músicas

01 – I Witness 4:56

02 – Cross of Thorns 4:32

03 – Psychophobia 3:15

04 – Virtual Death 5:49

05 – Immaculate Deception 4:15

06 – Dying for Love 5:53

07 – Back to Eden 3:57

08 – The Hand That Rocks the Cradle 4:30

09 – Cardinal Sin 4:21

10 – Evil Eye 5:58

Tempo Total – 46:53

*(faixa bônus apenas na versão japonesa) 

11 – What’s the Use 3:03

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Postado em fevereiro 2nd, 2025 @ 10:39 | 147 views
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