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2 Dec 2024, 5:19 am

Mosh Classic: Iron Maiden – Powerslave (40 anos)


Por Emerson Mello

Se a década de 1970 foi a década das bandas de Classic Rock como Led Zeppelin e Deep Purple, e de Progressivo como Yes e Genesis, os anos 80 definitivamente foram os anos do Metal, onde sem dúvida o estilo teve seu melhor momento, com surgimento de muitas bandas e lançamentos dos maiores clássicos do estilo. Não seria exagero nenhum dizer que dentro do Metal o Iron Maiden reinou soberano pelo menos até a metade da década, atingindo seu ápice na The World Slavery Tour, uma turnê gigantesca que cobriu diversos países e levou a banda a partes do mundo que nunca haviam ido antes, inclusive no Brasil onde a banda nunca tinha vindo e teve uma data na histórica primeira edição do Rock in Rio em janeiro de 1985. O responsável por isso foi o magnífico álbum Powerslave, lançado neste mesmo dia de 3 de setembro, há 40 anos atrás. Desde a sua estreia com o álbum homônimo em 1980, a banda vinha em uma crescente exponencial arrebatando cada vez mais fãs, adquirindo experiência tanto na estrada e em estúdio o que conferiram à banda a maturidade ideal pra conceber este Powerslave.

A banda no Compass Studios nas Bahamas.

Quinto álbum da banda, foi eleito pela revista Rolling Stone como o 38º melhor álbum de Metal de todos os tempos, posição a qual discordo totalmente, pois o Powerslave deveria estar em qualquer Top 10 de Metal que se preze. Em seu lançamento alcançou o topo das paradas em diversos países, conquistado a melhor posição no Reino Unido, onde ficou em segundo. Furou até mesmo o bloqueio modista dos EUA, ficando em 21º nas paradas da Billboard 200. Este sucesso fez com que a banda gravasse em Los Angeles o material para o clássico Live After Death.

Em time que está ganhando definitivamente não se mexe, e a banda manteve as gravações no Compass Studios nas Bahamas e pela primeira vez desde o álbum de estreia conseguiram repetir a mesma formação, no caso a formação do álbum anterior Piece of Mind. A equipe dos bastidores também era a mesma, com o mago da produção Martin Birch, o empresário Rod Smallwood e o ilustrador Derek Riggs. As capas da banda sempre foram um capítulo à parte, tendo já a capa anterior feito sucesso, mas aqui Riggs se supera a segunda melhor capa da história da banda pra mim (a melhor continua sendo  Somewhere in Time), inspirada na temática egípcia, com muitos detalhes e referências a serem descobertas, o que pode ser feito apreciando a capa atentamente. Liricamente falando em Piece of Mind a banda usou e abusou das referências literárias e cinematográficas, aqui também trouxeram estas referências para as letras, com Bruce Dickinson trazendo o tema de Powerslave, que se tornou o tema central do álbum. Desta vez as composições funcionaram mais de forma individual, com a maior contribuição vindo de Steve Harris e em segundo Bruce Dickinson. A dobradinha que dá muito certo entre Bruce Dickinson e Adrian Smith também trouxe duas composições. Neste álbum Dave Murray não contribuiu com nenhuma música, sendo que no anterior contribui com Still Life, de onde saiu o título Piece of Mind. Nicko McBrain é o único membro que nunca contribuiu com nenhuma composição.

A turnê do Powerslave permitiu que a banda viesse ao Brasil pela primeira vez.

Abrindo o álbum a mil por hora temos Aces High, uma das composições mais rápidas da banda, clássico instantâneo, ela fala sobre as batalhas aéreas da Segunda Guerra Mundial. Instrumentalmente a banda mostra uma coesão absurda, soando poderosa e com a precisão de um relógio suíço, Adrian Smith e Dave Murray parecem ser um só guitarrista tamanho sincronismo dos duetos e dobras. A cozinha Harris/McBrain não deixa por menos e mostra um grande entrosamento e Steve Harris preenche cada espaço vazio com seu baixo vigoroso e virtuoso e Bruce por sua vez mostra que definitivamente é um dos maiores vocalistas de Metal de todos os tempos, fazendo no refrão desta música o que poucos fazem. Não temos tempo pra respirar e já entra o riff de 2 Minutes to Midnight, composição da dupla Dickinson/Smith que trata do tema da guerra nuclear, que havia começado a rondar o mundo por aqueles dias, e se inspiraram no Relógio do Juizo Final (Doomsday Clock) que tinha como analogia que o mundo estaria a ‘2 minutos da destruição em massa pela guerra nuclear’. Um refrão marcante, daqueles que enchem os estádios e temos um novo show de guitarras da dupla Smith/Murray com solos inspiradíssimos. Losfer Words  Big’ Orra é uma instrumental puxada e comandada pela famosa ‘cavalgada’ de Steve Harris, traz uma tema muito inspirada preparando terreno para a próxima Flash of the Blade, composição de Bruce Dickinson, mas certamente um riff composto por Adrian Smith. O tema parece estar ligado a relação de Bruce com a esgrima, isto fica implícito nos versos do refrão, onde Bruce arrasa com seus vocais dobrando a voz “You’ll die as you lived/In a flash of the blade/In a corner forgotten by no one/You lived for the touch/For the feel of the steel/One man and his honor” e as guitarras mais uma vez fazem um belo dueto. The Duellists fecha magistralmente o antigo lado A, com Nicko McBrain e Steve Harris muito sincronizados e uma verdadeira sinfonia nas guitarras, inclusive pra mim aqui temos um dos melhores solos de Adrian Smith.

Dave Murray & Steve Harris turistando no Rio na época do primeiro Rock in Rioem 1985.

Back in the Village dá as credenciais do lado B com um riff magistral e Nicko mandando ver na bateria. Powerslave, música título, sem dúvidas é um dos melhores temas compostos pela banda, com Bruce Dickinson trazendo a bagagem de toda sua formação de história o que enriqueceu este tema com várias citações e referências como o Olho de Hórus, o Livro dos Mortes e toda a questão ligada a imortalidade, sabedoria e ao poder. Mas não é só Bruce que é letrado, Steve Harris não fica atrás e pra fechar com chave de ouro trás o tema épico Rime of the Ancient Mariner (numa tradução literal em português seria a rima do velho marinheiro) inspirado no poema homônimo do escritor britânico Samuel Taylor Coleridge escrito entre 1797–1798. A banda fez um trabalho tão magnifico que é possível imaginarmos as imagens enquanto Bruce Dickinson vai cantando e a história vai evoluindo. A composição era até então a música mais longa feita pela banda. Após o desenrolar da história no meio da música o instrumental para e entra a narração onde a personagem da história quase encontra a morte, pra voltar numa passagem com Bruce cantando o verso “The curse it lives on in their eyes/The mariner he wished he’d die “ com suporte do baixo de Steve Harris guiando a melodia e aos poucos a banda vem crescendo até culminar na passagem que conduz ao solo, onde temos outra sinfonia de guitarras. A história continua até culminar no final, mas como diz a própria letra “And the tale goes on and on and on and on”. Clássico eterno.

Powerslave vale cada minuto de música, mostrando toda a maturidade que eles alcançaram, e que possibilitou a banda de presentear o mundo com este obra-prima.

Para o Powerslave a banda trouxe a temática egípcia como tema central do álbum.

*Ficha Técnica

Banda – Iron Maiden

Álbum – Powerslave

Lançamento – 03/09/1984

*Line up

Bruce Dickinson – vocais

Adrian Smith & Dave Murray – guitarras

Steve Harris – baixo

Nicko McBrain – bateria

*Músicas

01 – Aces High 4:30

02 – 2 Minutes to Midnight 6:02

03 – Losfer Words (Big ‘Orra) 4:13

04 – Flash of the Blade 4:06

05 – The Duellists 6:08

06 – Back in the Village 5:03

07 – Powerslave 7:11

08 – Rime of the Ancient Mariner 13:35

Duração total:51:12

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Postado em setembro 3rd, 2024 @ 07:24 | 340 views
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