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19 Sep 2024, 3:12 am

Mosh Classic: Rush – A Farewell to Kings (47 Anos) – Se aproximando mais do Rock Progressivo


Emerson Mello

Se o 2112 foi um álbum mega importante que definiu a sobrevivência da banda, sendo um divisor de águas na carreira do Rush, este A Farewell to Kings, quinto álbum da discografia, foi muito importante musicalmente, pois foi aqui que eles introduziram uma parafernália de equipamentos como minimoog, violão e guitarra de 12 cordas, bass pedal, guitarras double neck (dois braços) e o double neck de Geddy Lee que tinha baixo e guitarra juntos no mesmo instrumento. Sem mencionar os diversos itens de percussão que Neil Peart agregou à sua bateria, podendo desta maneira seguir caminhos ainda não explorados antes. Incrível como eles conseguiram dar conta de tudo isso, até mesmo ao vivo, e ouvindo o som nem parecia que era um trio, mas pelo menos um quinteto ou um sexteto, pois tinha muita coisa rolando ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo com estes novos elementos, a banda se aproximou um pouco mais da sonoridade do chamado Rock Progressivo Sinfônico, inclusive devido a utilização do minimoog, instrumento bastante utilizado pelas bandas do estilo. O Rush sempre trabalhou em ciclos, e após a turnê do 2112 com o lançamento do ao vivo All the World’s a Stage, entraram num novo ciclo onde decidiram expandir sua sonoridade.

Após o ao vivo All the World’s a Stage a banda inicia um novo ciclo em A Farewell to the Kings.

Pela primeira vez decidem gravar fora do Canadá e vão para o estúdio Rockfield Studio no País de Gales. Geddy elogiou muito a escolha, dizendo que lá eles tiveram recursos pra experimentar e alcançar o resultado que eles queriam. Inclusive o som de pássaros que ouvimos nas músicas A Farewell to Kings e Xanadu, foram gravados nos arredores do estúdio. Mais uma vez sob a batuta do mestre Terry Brown, as gravações foram relativamente rápidas, até mesmo considerando a complexidade da execução com apenas três músicos tocando diversos instrumentos e levaram apenas 3 semanas nas gravações e duas semanas pra mixar. Rush sempre primou por belas capas, desde a marcante e minimalista arte do primeiro álbum, até a icônica arte da coruja em Fly by Night e caprichou bastante nesta arte onde o artista gráfico Hugh Syme captou bem as referências da música título, mostrando um rei decadente sentado no trono num prédio demolido, em contraponto com o Habour Castle Hotel (Toronto) ao fundo.

As referências literárias de Neil Peart se tornam cada mais presentes.

O álbum começa com a música título e somos introduzidos por Lifeson com uma bonita peça ao violão, mostrando suas influências eruditas. Logo a banda entra com o instrumental uma espécie de prelúdio preparando a parte vocal onde o andamento aumenta um pouco e Geddy Lee entra com o vocal bem afiado: “When they turn the pages of history/When these days have passed long ago”. Peart e Lee fazem uma preparação com clima de ao vivo para um grande solo de Lifeson. Uau! Começamos muito bem, mas ainda vem muita coisa. Xanadu um clássico da banda, considero uma das músicas mais progressivas da banda. Ela começa lentamente com o teclado fazendo uma cama enquanto Lifeson brinca com o pedal de volume e Peart sustenta com a percussão. E o clima vai aumentando progressivamente até Lifeson entrar com um tema marcante de guitarra seguido da entrada de toda a banda. Após o desenvolvimento da parte instrumental, a parte vocal entra e a música apresenta muitas variações e dinâmicas mostrando um instrumental muito bem elaborado, sendo uma das músicas mais longas do Rush. A letra escrita por Peart foi inspirada no poema Kubla Khan do escritor britânico Samuel Taylor Coleridge, (que também inspirou Steve Harris do Iron Maiden em Rime of the Ancient Mariner) onde a personagem da música busca por um lugar chamado Xanadu, onde lá chegando supostamente alcançaria a imortalidade. No poema de Coleridge, Xanadu é o nome fictício da terra onde Khubla Khan ordenou que a cúpula fosse construída: “Em Xanadu, Kubla Khan decretou uma imponente cúpula de prazer, um dispositivo raro, ensolarado e com cavernas de gelo”. Uma informação não confirmada é que nesta época Coleridge escrevia sob efeitos de drogas (provavelmente ópio) e nunca conseguiu terminar o poema.  Em versos como “I had heard the whispered tales of immortality/The deepest mystery”, “To stand within the pleasure dome/Decreed by Kubla Khan/To taste anew the fruits of life/The last immortal man” ou ainda “Held within the pleasure dome/Decreed by Kubla Khan/To taste my bitter triumph/As a man, immortal man” ficam bem claras as referências. Sem dúvidas a música é uma obra-prima da banda.

Pela primeira vez a banda grava fora do Canada, sendo escolhido o estúdio Rockfield Studio no País de Gales.

Abrindo o antigo lado B temos a bela e delicada Closer to the Heart, outra que se tornou um dos maiores clássicos da banda. A letra é creditada a Peart e Peter Talbot, sendo que Talbot era um amigo próximo de Peart e que segundo Lee, amigos que compartilhavam visões parecidas sobre o mundo. Certa vez Talbot entregou a Peart diversos poemas de onde Peart moldou a letra. Foi a primeira vez que Peart fez parceria com alguém de fora da banda. A letra tem versos muito bonitos e inspirados como no primeiro verso “And the men who hold high places/Must be the ones who start/To mold a new reality/Closer to the heart” e “You can be the captain/And I will draw the chart/Sailing into destiny/Closer to the heart”. Na sequência temos Cinderella Man, letra escrita por Lee inspirada no filme de Frank Cappa Mr Deeds Goes to Town de 1936, no Brasil conhecido como O Galante Mr Deeds. Lee alega ser um aficionado por filmes desde adolescente e que até hoje gosta de assistir filmes antigos com a sua esposa e que Capra é um dos seus diretores preferidos. Madrigal é outra delicada música e bem diferente do que a banda já fez. Fechando em grande estilo temos a Cygnus X-1, que tem uma continuação em Hemispheres (álbum seguinte). A música é uma suíte de 10 minutos dividas em várias partes, e guardadas as devidas proporções seria uma tentativa da banda de fazer algo na linha dos mestres britânicos do Yes em Close to the Edge e Genesis em Supper’s Ready, sendo ambas as duas grandes influência do Rush. Após uma narração enigmática (feita por Terry Brown) ao som de sinos temos o baixo de Lee marcando o riff da música e aumentando gradativamente até a banda entrar. A banda desenvolve todo o tema e passagens até chegar a parte vocal. Cygnus é um buraco negro e foi descoberto em 1971 como a primeira fonte de raios-X. Neil Peart leu um artigo de jornal sobre isso e o inspirou a fazer a letra. Na mitologia grega Rocinante era o nome do cavalo montado por Zeus, outra referência usada por ele na letra. Como já sabemos, além de um dos maiores bateristas do mundo, Peart também era um talentoso escritor e forjou todas estas referências pra criar esta épica suíte., e que encerra de forma magnifica este clássico da banda.

O trio se desdobrava ao vivo com diversos recursos soando como quinteto ou sexteto.

Além de ser um clássico, A Farewell to Kings marcou a aproximação da banda com o Rock Progressivo, e a chegada da parafernália de instrumentos e equipamentos que eles ainda iriam explorar bastante nos álbuns seguintes.

*Ficha técnica:

Banda: Rush

Álbum – A Farewell to Kings

Data Lançamento – 09/1977

*Line-up:

Geddy Lee – vocais/baixo/sintetizadores bass pedal/guitarra de 12 cordas/minimoong

Alex Lifeson – guitarras de 6 e 12 cordas /violão de 6 e 12 cordas / sintetizadores bass pedal/  

Neil Peart – bateria/percussões

Terry Brown – narração em Cygnus X-1.

*Tracklist:

Lado A

01 – A Farewell to Kings 5:51

02 – Xanadu 11:05

Lado B

03 – Closer to the Heart 2:54

04 – Cinderella Man 4:20

05 – Madrigal 2:35

06 – Cygnus X-1 Book I: The Voyage 10:25

*Total – 37’13”

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Postado em agosto 29th, 2024 @ 07:19 | 146 views
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