Por Emerson Mello
A estreia da seção Lost Albums, onde a proposta é falar de álbuns e bandas pouco conhecidos, pouco badalados, mas que possuem inegável qualidade. O objetivo é resgatar estes álbuns, e trazê-los para conhecimento do público. Primeiro álbum da seção é o Back Jack, banda oriunda de Saint Louis – Missouri (EUA), e fazendo jus ao nome da seção, foi preciso cavar fundo pra conseguir mais informações sobre o álbum e sobre a banda, pois são poucas as informações disponíveis.
A banda se formou em 1971 usando o nome de Trellis e depois mudaram para Back Jack. A ideia da mudança do nome surgiu quando viram o adesivo de campanha de Jack McKinne, pai de Kim McKinney – um dos membros da banda, que era candidato a prefeito, então decidiram passar a usar o nome Back Jack. A primeira formação foi do início de 1974 até setembro do mesmo ano, com Kim McKinney (vocais & baixo), Hans Myers (bateria) e Mike Collier (vocais e guitarra). A formação de 1975 foi uma fusão dos membros originais de 1974 (Mike Collier e Kim McKinney) e com a banda local Osage Lute, com os músicos Jeff Ballew na guitarra e Mike Lusher na bateria. O álbum é composto de gravações que incluem as duas formações, por este motivo por vezes percebemos uma diferença do nível de produção entre as faixas. Falando do som em si, o Back Jack basicamente pratica aquele Hard Setentista Clássico e acredito que irá agradar muito aos fãs de Uriah Heep e Grand Funk, principalmente este último, a qual o Back Jack têm referências bem fortes, inclusive na parte vocal.
Bridgewaters Dynamite abre o álbum com um riff de guitarra poderoso e pesado, acompanhado de uma bateria pulsante e apoiado por um baixo firme e vigoroso dando sustentação a toda estrutura. O vocal de Collier vem agressivo explorando bem os drives. Reefer Madness vem com um riff mais direto, e a qualidade da gravação soa diferente da música de abertura, provavelmente gravado em outra época. Musicalmente bem inferior as demais músicas do disco. Em Gearhead a banda retoma os trilhos e Collier mostra as suas credenciais com um vocal agudo e rasgado, e o coro no refrão me lembra o tipo de coro usado pelo Grand Funk. O baixo vem com frases insinuantes faz a marcação com maestria enquanto a guitarra faz um excelente trabalho. Satisfied Man vem arrastada e pesada, com um tema de guitarra marcante. Novamente Collier vem com uma performance vocal excelente, conduzindo a música com uma interpretação muito emotiva. No meio temos uma mudança onde a música acelera com um riff bem interessante e depois volta numa passagem mais calma com a banda explorando um clima mais intimista com um lindo solo de guitarra. Sem dúvidas um dos pontos altos do álbum. Assault And Battery não traz grandes novidades, mas funciona com um refrão marcante.
As You Were traz de velocidade de volta, rápida e direta, durando pouco mais de 3 minutos, com uma excelente performance de bateria e a guitarra e o baixo atuando lado a lado nos riffs em perfeito sincronismo. Tomorrow me lembra algo na linha do Captain Beyond sendo uma balada-épica-pesada-arrastada que funciona muito bem. A interpretação vocal cria uma atmosfera densa, completada pelo clima criado pela banda, com mais um excelente solo de guitarra, no melhor estilo Iommi. Definitivamente os caras se dão bem nas músicas mais longas. Em California temos outro grande momento do álbum, ela começa num formato mais ‘canção’ pra depois ir crescendo ao longo da faixa com mais peso e voltar pro tema inicial. As influencias vocais de Grand Funk estão bem evidentes nela. She’s Been Down So Long volta com o pé embaixo com excelente trabalho de guitarra e baixo. Uma pena que o final dela está cortado, acredito que devido a algum erro de gravação, pois todas as versões que ouvi apresentam o mesmo problema. Over and Over segue na mesma pegada com bastante peso, trazendo a guitarra na frente com excelentes riffs e mais espaço para o solo. Rock N Roll Boogie volta pro Rock mais básico e direto, mas sem deixar o peso de lado e com um excelente trabalho vocal. Phonic Voyage é uma música instrumental bem interessante e curiosamente a levada de bateria da introdução me lembra a Tailgunner do Iron Maiden. Ela possui um arranjo de piano, porém não tem a informação de quem gravou. Silver Star que fecha o álbum, é uma balada acústica ao piano, bem intimista e melancólica e bem curtinha, quase uma vinheta.
Assim chegamos ao final deste excelente álbum, que com certeza irá agradar aos fãs de Hard Setentista. O Back Jack, assim como milhares de bandas da época, lançaram apenas um álbum e depois encerraram as atividades, então temos um mundo vasto pra explorar, pois tem muita coisa boa que ficou no ostracismo e iremos resgatar aqui no Lost Albums.
*Ficha Técnica
Banda – Back Jack
Álbum – Back Jack
Lançamento – 1974
*Line up:
1º Formação – 1974
Mike Collier – vocais/guitarra
Kim McKinney – baixo/backing vocais
Hans Myers – bateria
2º Formação – 1975
Mike Collier – vocais/guitarra
Kim McKinney – baixo/backing vocais
Jeff Ballew – guitarra
Mike Lusher – bateria
*Músicas
01 – Bridge Waters Dynamite 03:51
02 – Reefer Madness 02:24
03 – Gearhead 04:07
04 – Satisfied Man 08:24
05 – Assault And Battery 03:49
06 – As You Were 03:05
07 – Tomorrow 06:00
08 – California 07:05
09 – She’s Been Down So Long 04:01
10 – Over and Over 06:07
11 – Rock N Roll Boogie 02:43
12 – Phonic Voyage 04:26
13 – Silver Star 01:52