Melanie Klain – Análise do Caos (Independente – Nacional) – Nota: 9
Texto por Clovis Roman
O nome da banda de Mocóca/SP foi inspirado na Psicanalista austríaca Melanie Klein, o que por si só já desperta uma curiosidade em relação às letras. O grupo, que cita influências díspares como Raimundos e Dream Theater, passando por nomes como System of a Down e Deftones, é formado atualmente por Duzinho (vocal e guitarra) e Viola (guitarra), os membros fundadores da banda em 2007, junto a Chapolim (guitarra e voz), Vick (baixo) e Pedro (bateria). E sua estreia discográfica vem com Análise do Caos, um título audacioso, mas que se mostra acertado em relação a temática lírica, assim como na questão musical. Afinal, Melanie Klain mescla diferentes sonoridades para formatar seu som, que tem bastante identidade e autenticidade.
A abertura é forte: “Intro (Desrespeitável Público)” é um texto forte declamado sob um clima circense. A mensagem é direta, agressiva – você não precisa concordar com todas as frases, mas é inquestionável que há muita verdade ali. A primeira música de fato é “Abençoados por Deus” também de forte tom político; claro que o título é irônico. Ah! A linha do baixo, totalmente Iron Maiden, é deliciosa.
Volta e meia você caça um “quê” da banda britânica, o que dá um toque especial ao seu som visceral. Um dos melhores momentos deste ótimo play é “Fé Cega”, uma miscelânea de influências convertidas para o estilo característico da banda. Outra que surpreende é “Marcas do Abandono”, cheia de passagens distintas e vocalizações marcantes.
A tétrica “Cartas de um Suicida” e a mais amena “Colera/Nação” mantém a empolgação do ouvinte. O encerramento se dá com “Reflexão”, título autoexplicativo, onde uma nova narração discursa acerca do trabalho recém ouvido. O álbum do Melanie Klain – como mencionado anteriormente – se chama “Análise do Caos”, portanto as letras seguem um padrão do começo ao fim. O protesto é forte, e chega a remeter ao Titãs em seus momentos mais coléricos. Aliás, se o ex-octeto paulista fosse uma banda de Metal, soaria como o Melanie Klain. Se você usa Spotify, ouça agora mesmo. Vale citar que o primeiro contato “virtual” com o som deles não elimina a necessidade da aquisição desse play: além de todas as qualidades citadas no texto até agora, há de se frisar que a produção sonora é acima da média e a arte gráfica (incluindo capa e encarte) é soberba.
MÚSICAS
Desrespeitável Público
Abençoados por Deus
Diálogo
Fé Cega
Guerra
Marcas do Abandono
Lavagem Cerebral
Cartas de Um Suicida
Cólera Nação
Rede Social
Análise do Caos
Reflexão