Por Adelson Souza
Para os iniciados no Underground mais profundo, a Finlândia sempre foi um celeiro de bandas cultuadas em todo o mundo, umas mais, outras menos. Uma das mais cultuadas é o Beherit. Banda iniciada em 1989 com diversos lançamentos a partir de 1990, entre demos e álbuns, o que víamos como proposta muito clara, era uma sonoridade absolutamente crua e caótica. Definitivamente, não era uma banda para ouvidos muito sensíveis. Influências que variam do famoso Hardcore finlandês ao Sarcófago são evidentes. Com o tempo, a banda incorporou elementos eletrônicos ao som e muitos fãs se inquietaram, assim como outros aderiram. O Beherit do som Dark Ambient também tinha vindo para ficar. Com o tempo, seus integrantes mais longevos, Marko Laiho (Nuclear Holocausto Vengeance), guitarra e vocal, e Jari Pirinen, bateria, (Sodomatic Slaughter),se afastaram das atividades da banda para cuidar de interesses particulares, embora nunca tenham se afastado totalmente da música. Recentemente, Jari esteve no Brasil
acompanhando o Witchcraft (também finlandês) para uma participação especial no Brazilian Ritual Fest, em São Paulo, onde fomos brindados com algumas músicas do Beherit! Após essa apresentação, fomos surpreendidos com o anúncio da volta do Beherit aos palcos para uma apresentação, no Japão, ao lado do Blasphemy, em 2024; e, nos dia 26 e 27, no Rites Of North, na Finlândia, o que será o 1º show da banda após 30 anos! Aliás, apresentações em dose dupla, pois haverá o Beherit da fase Black Metal num dia e, em outro, a fase Dark Ambient. Formação Black Metal que será completada com o baixista Pasi (do Abyss) e o guitarrista Juha (do Witchcraft). O Mosh foi ao encontro do baterista Jari e ele nos deu uma exclusiva, coisa rara, pois que não gosta de dar entrevistas, e ficamos sabendo alguns detalhes sobre essa volta. The Oath Of Black Blood!
FM – Recentemente, foi anunciado um show do Beherit no Japão em 2024. O que motivou a banda a se reunir para esses shows?
Jari – Há muito se fala que seria bom poder tocar ao vivo novamente. Agora veio um bom lugar e line-up para marcar o primeiro show.
FM – Serão 2 shows no Japão: um Black Metal e outro eletrônico. O que há de comum entre os 2 estilos que podemos caracterizar a banda?
Jari – Marko há muito se interessa por música de máquina e noise music. Ambos os gêneros musicais fazem parte de Beherit gelado e negro.
FM – Beherit ficou parado por muitos anos. O que você tem feito todos esses anos em termos de música?
Jari – Eu mesmo estive em bandas de Metal e Rock. Hoje em dia, também, toco na banda Trashcan Dance. https://trashcandance1.bandcamp.com/ sleasy Horror rock punk stuff.
FM – A Finlândia é um país que difundiu muitas bandas de Metal Extremo e Hardcore, muitas delas clássicas. Como você diferencia essas cenas de outros países?
Jari – Eu não sei por quê. As bandas Punk dos anos 80 criaram a base para muitas bandas atuais. As bandas pesadas dos anos 80 também inspiraram novas bandas. A Finlândia tem seu próprio som.
FM – Você esteve recentemente em São Paulo, onde acompanhou Witchcraft e tocou alguns clássicos do Beherit. Como foi essa experiência?
Jari – Conheço os caras da Witchcraft há mais de 10 anos e, às vezes, toco músicas antigas do Beherit com eles. A viagem para São Paulo foi uma experiência muito boa. Conheci muitos caras mais velhos. Hoje em dia, Juha (Witchcraft) é guitarrista do Beherit.
FM – O que você sabia sobre o underground brasileiro?
Jari – O underground brasileiro é único. Nós tocamos bandas brasileiras dos anos 80 e vocês tocam nossas antigas bandas Punk/Hc. Isso é louco.
FM – E sobre o underground sul-americano?
Jari – A cena sul-americana tem sido uma grande influência na cena Black Metal finlandesa.
FM – Beherit tem um grande legado na cena, continua sendo uma grande influência em todos esses anos. Como você vê esse fato?
Jari – Quando começamos, não pensávamos tão longe. Sim, é ótimo quando conseguimos inspirar tantas pessoas. Sarcófago, Blasbhemy foram os maiores, que nos inspiraram a fazer música.
FM – Você é um amante do skate. Conte-nos sobre sua experiência com este esporte.
Jari – Comecei a andar de skate em 85/86. No verão de 1989, Marko veio até a rampa para perguntar se você estaria interessado em tocar em sua nova banda. Foi meu último ano de skating. Em 2017 voltei a praticar. Para mim é o melhor remédio para mente e corpo.
FM – Obrigado pela atenção. A palavra é sua.
Jari – Obrigado pela entrevista. Foi um prazer conhecê-lo em São Paulo. Siga seus instintos e faça o que quiser. Skate or die. Nunca fique muito velho.