Por Chileno
A banda foi formada em 2003, e como foi o início? Na época, o metal passava por uma transição no início do novo século, o que podem dizer sobre esse período?
Anderson Andrade – Sim, o Hammathaz deu início as atividades em 2003, porém a banda realmente calçou o pé na estrada do underground no ano de 2006. E já nesse período pra gente foi bastante construtivo pois estávamos ainda começando nossa trajetória no metal e posso dizer que fomos bem recebidos na época.
E o nome, Hammathaz, de onde veio?
Anderson – É um nome próprio sem um significado direto. Era um “nick” do primeiro guitarrista da banda, porém escrito de uma forma diferente. Na época o nosso QG era a minha casa, e tínhamos uma parede onde todos que iam assistir o ensaio assinavam. Um dia, já com quase um ano e meio de banda ainda sem nome, eu vi esse nick do ex guitarra e pensei: “poxa, que nome legal!” Cheguei no ensaio e falei: “galera, achei um nome”. Fizemos algumas mudanças e nasceu o nome Hammathaz.
Desde o início, a banda sempre esteve muito ativa, tocando em vários eventos e cidades (tive o prazer de vê-los ao vivo várias vezes) e isso deve ser muito importante para uma banda. Como essa experiência nos palcos pode ser transportada para o estúdio?
Anderson – Sim, o Hammathaz sempre foi uma banda de palco, até mesmo mais do que estúdio, apesar de termos vários trabalhos desde demos, singles, EPS e o tão sonhado full álbum agora em 2020 passado. Bom, acho que, na verdade, essa experiência toda de estrada e palcos, e até mesmo mudanças de formação, fez com que eu e toda a banda amadurecem o suficiente para estarmos caminhando para um caminho que sempre imaginei o Hammathaz: um som mas direto, menos firula, rápido em momentos e ao mesmo tempo sem deixar perder o peso e o groove. Já estamos trabalhando para um próximo álbum, e pela experiência que tenho, esse será o álbum onde estaremos mais próximos do nosso objetivo em relação a sonoridade da banda. Lembrando que jamais vamos nos limitar em explorar a música usando suas vertentes desde o rock até o mais extremo metal e nesse álbum é certeza que vamos surpreender muita gente.
Outra coisa importante é que o grupo sempre lançou material, desde EPs e Singles, mostrando que desde o inócio a banda é bem prolífera em relação a composição. Como era esse processo?
Anderson – Sempre tivemos isso como meta, tanto é que temos várias músicas que ficaram engavetadas. O processo de composição se baseia em alguém trazer algum riff e a banda dar continuidade com todos juntos. Eu acho que isso é bem legal, fazendo com que o som tenha um pouco da identidade de cada músico. O The One mesmo foi um álbum que pelo menos a metade dele eu fiz com o ex-guitar, o Zé Madia, e o restante eu e o Thales e o pessoal da banda. Já pra esse próximo álbum optamos em trabalharmos todos juntos, compondo em estúdio, ali no felling, fica até mais emocionante.
E as temáticas das músicas, do que se trata? As letras são de protesto e indignação pelo mundo, correto? E de onde vem à inspiração?
Anderson – Com as letras, na verdade, tentamos explorar desde nosso cotidiano até o momento atual do planeta. Acho que as inspirações para escrever vão surgindo conforme vamos vivendo, até porque no atual momento não falta inspiração para escrever, considerando como o nosso mundo anda hoje em dia.
Vamos falar sobre o hiato: foram três anos, e depois uma reformulação quase que geral na banda (somente o baixista Anderson Andrade sobrou da formação original). O que aconteceu?
Anderson – Sim, foram três anos de hiato, mas mesmo tendo chamado esse temos de “hiato” eu, como membro fundador, e também um dos que mais sempre apostou, não pude deixar a peteca cair. E nesse “hiato” fui correndo atrás de outros integrantes e trabalhando em novas músicas. Depois desse período de buscas (2015 a 2017) consegui firmar uma formação e demos início em finalizar as músicas para o The One. Sobre o que aconteceu na época, prefiro deixar em off! Importante que a vida segue e o Hammathaz continua mais firme do que nunca!
Com a nova formação, foram lançados 2 singles no Youtube (‘So it Comes’ e ‘Enslaved’), como foi a produção? E no final de 2020, o tão sonhado primeiro álbum, chamado “The One”. Como foi a produção dele e como está sendo a recepção?
Anderson – Sim, foram dois singles, sendo o primeiro So it Comes que lançamos em 2018 e depois em 2020 a New Blood. Cara, sobre a produção, tanto dos singles como do álbum, foi fantástico! O Thiago Bianchi é um profissional e, indiscutivelmente, um mestre no que faz! Nos ajudou bastante para chegarmos no resultado com o The One. Sobre a resposta, não poderia ser melhor: resenhas em vários sites, inclusive de fora do país.
Apesar da banda tocar metal extremo, muitos devem torcer o nariz, por não seguir a linha tradicional que o metal pede. Existe algum problema com isso?
A cena nacional tem espaço para mais bandas? O que vocês fazem para se destacar nessa multidão?
Anderson – Sobre torcerem o nariz, nunca me preocupei, sempre soube que o Hammathaz soava diferente para alguns, e continuo até hoje com mesmo pensamento. Sobre nosso estilo, somos METAL, acho que isso basta e não nos limita no que queremos em relação ao nosso som! Sim, temos bastantes espaço no Brasil, mas infelizmente sabemos bem como as coisas funcionam por aqui. Sempre vi o Hammathaz como uma banda com proporções para além do Brasil. Quanto ao se destacar, acredito que, para isso, temos que continuar trabalhando seriamente como sempre fizemos. Acho que todo trabalho tem seus merecimentos. Então seguimos!
Ter banda hoje em dia é literalmente seguir a ideologia punk “do-it-yourself”, pois muitos grupos gravam em casa, para economizar. Isso acontece com você? Se sim, como é o processo de composição/gravação do Hammathaz?
Anderson – Como disse, nosso processo de composição é em estúdio. Atualmente estamos em processo de finalização do nosso QG na casa do guitarrista Thales, isso também vai nos possibilitar gravar todas as ideias ali, na hora. Mas em se tratando da parte de gravações, ainda somos do “deixa pra quem sabe realmente” e quem já tem moral para isso. Acredito que se você quer atingir objetivos, você precisa sair da zona de conforto e buscar pessoas de fora para ajudar.
E o streaming? O que acham dessa nova forma de ouvir música?
Anderson – Acho bem legal isso, está possibilitando muita gente a conhecer o trabalho de muitas bandas que não tem oportunidade.
Como é tocar som extremo nos dias de hoje? Mesmo que a cena metal seja bem diversa, por tocarem esse estilo de música, é fácil conseguir shows? E vale a pena ainda investir em música autoral?
Anderson – Infelizmente, falando do atual momento da pandemia, que já são quase dois anos, está só nos streamings. Mas um pouco antes da pandemia começar, estávamos com uma agenda de shows indo muito bem, tínhamos shows importantes, sendo um deles ao lado do Deicide em São Paulo e devido a pandemia esse e vários outros tivemos que cancelar.
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