Por Emerson Mello
Pra quem não conhece, o Sorcerer é um quinteto sueco formado em 1988 oriundo da cidade de Estocolmo e se dedica aos que alguns chamam de Epic Doom Metal. Na discografia deles destaco a obra-prima The Crowning of the Fire King de 2017, disparado o melhor trabalho deles. No período da pandemia lançaram o EP Reverence com releituras de clássicos do Metal com as músicas Gates of Babylon (Rainbow), Crusader (Saxon), When Death Calls (Black Sabbath) e Waiting for Darkness (Ozzy), sempre imprimindo sua marca registrada mas sem descaracterizar as originais, com um resultado pra lá de interessante. Vale conferir.
Agora em 2023 a banda aparece com seu novo trabalho o Reign of the Reaper, trazendo todos os elementos que caracterizam a banda: peso, melodia, refrões épicos, letras sobre contos, misticismo e batalhas épicas. O vocalista Anders Engberg tem um estilo vocal que deve agradar aos fãs do Tony Martin, sendo ele mais agressivo, com mais alcance e também mais variação melodica. A dupla de guitarras Kristian Niemann e Peter Hallgren faz um trabalho impecável com riffs cortantes, muito peso e solos rápidos e melódicos, tendo um excelente sincronismo nas guitarras. A cozinha muito competente com o baixista Justin Biggs e o baterista Stefan Norgren que varia bem seus arranjos e quando tem espaço faz excelente uso do pedal duplo.
Abrindo com Morning Star com um tema de guitarra marcante enquanto o baterista Stefan faz uma marcação na caixa como se fosse uma marcha militar, o que imprime uma certa pompa preparando pra passagem mais rápida que vem a seguir com o riff conduzindo a música. A personagem principal da música é Lucifer, sendo a história narrada na primeira pessoa. “You know my name/I am the serpent/The voice that spreads all of the lies”. No refrão ele se revela: “Empowered by evil, seduced by the deceiver/Enchanted, I’m Lucifer/Embracing the darkness, the Heaven’s skies are starless”. Na sequência temos a música título, trazendo a tona o lado doom da banda. Desta vez a personagem é o ceifador (reaper) que manda o recado “Every man has a choice while they live and now the choice is all mine”. Em Thy Kingdom Will Come a banda retoma a velocidade e traz o característico refrão épico “Hear the trumpets sound the call/And you shall be the keepers of the light/Thy kingdom will come”.
Eternal Sleep começa lenta, com um dedilhado melancólico enquanto Anders canta sobre a partida de alguém próximo e que está em luta com a morte, dividida entre o mundo físico e o mundo espiritual. O peso entra e a música toma contornos dramáticos com o andamento da história- “A thousand angels calling him/A guiding light in the dark”. A dupla Kristian e Peter capricha nos solos, e esta música se torna um dos pontos altos do album. Curse of Medusa ganhou lyric video official, e conta sobre a maldição de Medusa, com um refrão forte que fica na cabeça. Unveiling Blasphemy é a mais doom e obscura do album, trazendo toda culpa e desespero da letra. The Underworld vem mais rápida, sem deixar o peso de lado e Break of Dawn vêm trazendo o clássico doom épico da banda: “Stay alert and be on your guard/Soon our time has come/We’ll wait until the break of dawn”. Uma bela passagem de violão nos faz sentir que estamos no meio da vigília. As letras da banda tem esta capacidade de criar imagens, como se fossem narrativas de filme e a banda fosse a trilha sonora.
Assim chegamos ao final deste excelente Reign of the Reaper que entrega tudo o que um fã do Sorcerer espera e com certeza irá agradar em cheio. Seria uma excelente oportunidade para a banda visitar o Brasil e saciar o público brasileiro.
*Ficha técnica
Banda – Sorcerer
Álbum – Reign of the Reaper
Lançamento – 27/10/2023
*Line-up:
Anders Engberg – vocais
Kristian Niemann & Peter Hallgren – guitarras
Justin Biggs – baixo
Stefan Norgren – bateria
Músicas:
01. Morning Star
02. Reign of the Reaper
03. Thy Kingdom Will Come
04. Eternal Sleep
05. Curse of Medusa
06. Unveiling Blasphemy
07. The Underworld
08. Break of Dawn