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4 Dec 2024, 1:12 pm

Catarse Metálica Em São Paulo No Show Do HammerFall


HammerFall @ Carioca Club, São Paulo – 01.12.2017

texto por Henrique de Paula
fotos de Bruno Buys

O Carioca Club, casa de espetáculos do bairro Pinheiros, na capital paulista, iniciou o derradeiro mês do ano, nesta sexta feira, com um fantástico show da banda sueca de heavy metal, HammerFall. O local, que há anos oferece atrações nacionais e internacionais aos bangers e roqueiros paulistanos, recebeu desta vez Oscar Dronjak (guitarra), Fredrik Larsson (baixo), Joacim Cans (vocal), Pontus Norgren (guitarra) e David Wallin (bateria), em turnê de divulgação de seu último álbum “Built To Last”, lançado em 2016. A perna latino-americana da chamada “Built To Tour 2017” passa ainda por Chile e México, depois de deixar o Brasil, e retorna à Europa ainda neste ano. Os fãs marcaram presença massivamente, e dentro da casa puderam comprar camisetas oficiais da turnê, além de matar a fome com os lanches de hambúrgueres artesanais do McCoy’s Burger, agora já sempre esperados pelos clientes do Carioca em shows de rock. Mas como nem só de pão vive o homem, passemos a relatar como o HammerFall saciou seus fãs com sua conhecida energia em cima do palco, pois se os apreciadores dos bangers suecos podem dizer que tem certeza de algo, é de que esta banda entrega tudo o que se espera dela ao vivo. E o público não foi diferente, cantou e agitou em todas as músicas, novas e antigas.

No backdrop, o guerreiro metálico portador do martelo, a famosa mascote da banda, Hector, presente em (quase) todas as capas de seus discos, precede a chegada, ao som de trovões, de Oscar Dronjak, ovacionado guitar hero dos fãs, seguido pelos demais membros, um a um, até a entrada, sempre saudada com muito entusiasmo, de Joacim Cans. E, como todos já esperavam, a apresentação abre com o hino composto pela banda à Hector, música que figura no álbum “(R)Evolution”, de 2014. Oscar Dronjak chama bastante a atenção com sua guitarra em forma de martelo, balançando a loura cabeleira enquanto o público vibra. O som da casa está ótimo, e todos veem uma banda empolgada se movimentando de um lado ao outro do palco, com Joacim apontando o microfone em direção aos fãs na hora do refrão. Aliás, o mais legal em um show do HammerFall é justamente podermos fazer parte dos coros característicos e marcantes das canções que ouvimos nos discos. A clássica “Riders Of The Storm”, de “Crimson Thunder” (2002), vem na sequência arrebatando as almas metálicas, que podem testemunhar a qualidade de Pontus, que não fica na sombra de Oscar, com os seus solos precisos e muita personalidade. Guitarristas e baixista fazem nesta canção, e em diversos momentos ao longo do show, aquele peculiar movimento ensaiado, balançando o corpo e os instrumentos, que os integrantes do Judas Priest, todos sabem, imortalizaram. Emendam uma nova canção ao clássico e as mãos socam o ar na execução de “Bring It!”, com o público gritando muito o nome da banda. Faço questão de repetir aqui o talvez já saturado comentário a respeito dos suecos: ainda não recebem com justiça todo o reconhecimento que merecem. Com o término da canção ouvimos Joacim Cans saudar os presentes pela primeira vez na noite: “Boa noite Templars Of Steel! É um orgulho estar de volta à São Paulo depois de três anos!” Emocionado prelúdio para uma das melhores músicas da banda: “Blood Bound” (de “Chapter V”, de 2005) faz a galera pular!

Prosseguindo com a catarse metálica “Any Means Necessary” de “No Sacrifice, No Victory” (2009) me faz refletir sobre a enorme quantidade de clássicos que esta banda nascida apenas na metade dos anos 90 já conquistou. Ronca um motor de moto nos P.A.s e os velhos fãs da banda reconhecem de imediato: é hora de “Renegade”! Interessante jogo de luzes acompanha o andamento rápido da canção, do álbum homônimo de 2000, e todos cantam a letra completa, gritando especialmente no refrão: “Renegade, renegade, commited the ultimate sin. Renegade, renegade, this time the prowler will win”! Oscar, com uma camiseta exibindo o comando “Just bring it!”, agora desfila uma Flying V, e a canção finda com muita comemoração do público. “Inacreditável São Paulo! Estamos fazendo isso há 20 anos! Somos velhos por fora, mas jovens por dentro”, exclama Joacim, anunciando que o setlist precisa incluir também algumas canções novas. E ninguém lamenta, pois esta música nova é a sensacional “Dethrone And Defy” do último disco, já conhecida e já cantada pelos fãs. Oscar sola maravilhosamente, ajoelhado no palco diante de seus tietes impressionados. Joacim comanda o coro monossilábico (sim, o famoso ô-ô-ô) acompanhado de palmas. Mas, o mais lindo coral de fãs da noite acontece na sequência, com a cadenciada “Crimson Thunder”, e, neste momento, todos seguem o sinal… (“Follow the signs of the Crimson Thunder, we will stay by your side, let our voices be there to guide you”). “Lindo!”, reconhece o maestro Joacim Cans, mirando aqueles que continham, com esforço, as lágrimas… Mas corações de aço não choram, porque do contrário enferrujam, então vamos que na continuação tem mais emoção com “The Last Man Standing”! A música que só foi lançada na coletânea “Steel Meets Steel” de 2007, em comemoração aos dez anos completados pela banda na época, tem letra marcante desde o início, e ninguém se cala. Mas ninguém se cala mesmo, quando o carismático vocalista pede: “Se você já viu um show do HammerFall, complete a frase – Let the Hammer…”. “Fall!” – vocifera o público! A canção do disco “Legacy Of Kings” de 1998 não deixa ninguém parado, e Oscar aparece novamente com a guitarra em formato de martelo, sem dúvida o momento mais propício a isso na apresentação.

“Built To Last”, faixa título do novo álbum, nos arranca momentaneamente do saudoso passado. Mas apenas temporariamente, pois a nostalgia veio mesmo em seguida, como o próprio Joacim reconheceu, sem falsa modéstia: “Muitos não eram nem nascidos! Este álbum mudou a vida de muitos”. Executam, então, um medley instrumental com canções do primeiro álbum, “Glory To The Brave”, de 1997, que desemboca em “The Dragon Lies Bleeding”, primeira faixa do referido trabalho. É a festa para os admiradores mais antigos da banda, que ainda são presenteados com a balada mais emocionante dos suecos, uma canção para honrar os guerreiros mortos em batalha: “Glory To The Brave”. Registro: o HammerFall está, sem sombra de dúvida, entre os maiores especialistas em baladas metal da história. Momento de muita emoção no palco e na pista. Momento também do fato mais inusitado da noite: no final da canção, com Joacim e Oscar ajoelhados diante do público, o vocalista solta um irônico, imprevisível e inacreditável “Hail Satan!”. É isso aí galera, quase ninguém entendeu muito bem, mas lembremos que Oscar começou sua carreira de guitarrista em uma banda de death/black metal chamada Ceremonial Oath. Depois da evidente brincadeira de Joacim, mais uma do álbum “(R)Evolution”, “Origins”, com seu instrumental perfeito. “You are, un-fuckin-believable”, proclama, de modo intraduzível, Joacim Cans, que revela, sem querer, não saber quantas vezes já estiveram no Brasil (Oscar, porém, garante: sete vezes!), antes de apresentar todos os membros da banda, louvando, com razão, o novo baterista, e elogiando, novamente com razão, a beleza das fãs brasileiras. Oscar fica com o papel de apresentar o próprio Joacim: “Noventa por cento metal, e dez por cento de sei lá o que…”. Risadas que precedem os riffs empolgantes de “Punish And Slave”, de “No Sacrifice, No Victory”, que finda o set antes do encore.

Vem então o novo clássico, bastante cantado pelo público, com punhos ao alto, em analogia ao que diz o título e o refrão da música, “Hammer High”. Para encerrar os trabalhos da noite inolvidável aos fãs do HammerFall, a banda executa “Bushido”, do álbum “(R)Evolution”, bela homenagem aos guerreiros orientais, e a aguardada “Hearts On Fire”, que quando inicia nos deixa com aquela mista sensação de alegria e tristeza, pois esta é a “We Are The Champions” do HammerFall, sempre executada como o prenúncio do término do show. “Dreams Come True” (cujo título era simplesmente um fato para muitos ali naquela noite…), tocada no som mecânico da casa, faz a trilha sonora da despedida, com arremesso de palhetas e foto da banda com o público. Parabéns ao HammerFall que nunca decepciona seus fãs, e parabéns aos fãs que nunca decepcionam o HammerFall! Casa cheia, público participativo, respeitoso e unido!

SETLIST

1-Hector’s Hymn
2-Riders Of The Storm
3-Bring It!
4-Blood Bound
5-Any Means Necessary
6-Renegade
7-Dethrone and Defy
8-Crimson Thunder
9-Last Man Standing
10-Let The Hammer Fall
11-Built To Last
12-Medley de “Glory To The Brave”
13-The Dragon Lies Bleeding
14-Glory To The Brave
15-Origins
16-Punish And Slave
17-Hammer High
18-Bushido
19-Hearts On Fire

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Postado em dezembro 4th, 2017 @ 13:31 | 2.403 views
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