R.I.V. – Welcome to Prog-Core
por Clovis Roman
O convencional cansa. O novo desperta a atenção. Se não novo, ao menos o pouco usual. Assim sendo, o R.I.V. se destaca no marasmo criativo do Rock pesado e ascende com esta demo chamada Welcome to Prog-Core. Como o título sugere, o som é uma mistura do Hardcore com Progressivo, mas que ainda assume contornos do Nu e do Industrial, o que acaba gerando uma espécie de um híbrido de Fear Factory com uma britadeira ligada pulando no chão da obra.
Abordando o tema da alienação parental “No… P.A.S. (Parental Alienation Syndrome)” fala sobre quando aquele que detém a guarda da criança impede um dos pais de vê-la. No texto no site deles a referência faz menção apenas à mulheres que impedem os pais de ver o filho e de participar de suas formação. Mas o contrário (homens que impedem a mãe de ter contato com sua prole) também é classificado como alienação parental, logo, parece meio machista esse posicionamento.
O ritmo alucinado de “Freaks in Action”, que fala sobre como pessoas com deficiências eram usadas como atração de circo. A exploração do ‘bizarro’ como diversão para a massa comum, normal, sem diferencial latente. A velocidade extrema de diversas passagens, com bateria na velocidade da luz e guitarra tocando um riff mais lento, causa um efeito curioso. São elementos que poucas bandas combinam. O Napalm Death construiu a estrutura de várias de suas músicas com esta dicotomia.
Mais moderada no quesito velocidade, “Animal” fala sobre as pressões que o dia a dia em sociedade exercem sobre a gente, o que pode se tornar um dia de fúria, como no filme homônimo. Ela está um pouco distante da proposta das outras três, o que se explica pelo fato dessa ser uma música gravada por eles em um vinil que lançaram em 1990. E por fim, no começo, “Headache” fala sobre a máfia da indústria farmacêutica, um tema que agradará leitores de Robin Cook. A música em si é mais desvairada igual as duas últimas, e tem uns efeitos sonoros bizarros – a parte do meio, onde há um andamento mais quebrado, é igualmente inesperada.
O R.I.V., cujo acrônimo significa Rhythms In Violence, é um grupo antigo. No início dos anos 90 lançaram alguns materiais, mas ficaram quase duas décadas em hiato. Eles voltaram por volta de 2015, já sofreram algumas mudanças de formação, e se tudo se mantiver de acordo com o planejado, devem lançar um full-lenght, com 7 músicas (no encarte dessa demo diz que seriam 12, inicialmente), em um futuro próximo. As gravações já estão em estágio avançado.
Por fim, o trabalho do R.I.V. é para a compreensão de poucos. Musicalmente os caras conseguiram fazer algo instigante num meio estagnado. Agora só falta um esmero maior com a gramática. No minúsculo encarte que veio com o CD, há erros de escrita e uso incorreto de capitulares. E as letras as músicas deveriam ser em português.
MÚSICAS
1. Headache
2. Animal
3. Freaks in Action
4. No… P.A.S. (Parental Alienation Syndrome)