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26 Apr 2024, 1:28 pm

Mosh Interview com Scream!


Scream! é um projeto que segue a linha do Power Metal com influências também do Heavy Metal tradicional idealizado por Welbe Corlindo que desde o início esta à frente do projeto. Com forte influencia de literatura Welbe adora contar histórias e usar o Heavy Metal como trilha. Escritores como HP Lovecraft, Edgar Alan Poe, Stephen Kings e outros são referências comuns no projeto.  

Welbe Corlindo é o idealizador do projeto Scream!

Bati um papo com Welbe pra saber mais detalhes do projeto e como ele faz pra manter tudo isso funcionando praticamente sozinho.

Confiram!

por Emerson Mello

FM – O Scream! praticamente funciona num esquema ‘one-man-band’ aonde você é o único integrante e faz praticamente tudo. Qual a razão de utilizar este formato?

Welbe – Queridão primeiramente muito obrigado pela oportunidade e o espaço. O motivo principal para esse formato foi o nascimento do projeto. A princípio nem nome tinha, o que existia era a curiosidade de saber se tinha a capacidade de escrever material próprio e o encorajamento de muitos amigos , que aqui faço sempre questão de citar : Reginaldo Pereira , João Felipe, João Mejdalane e Dinho Moura. Só que depois da primeira música gravada eu percebi que não conseguiria parar só naquela. Tentei arrumar um pessoal no meio do caminho mas não dava certo nunca, então decidi seguir sozinho até o final. Mas demorou pra caramba porque a capitalização pra pagar as produções são difíceis para um pai de família, com outras prioridades, segurar sozinho. Rsss

FM – Isto nos levanta outra questão, que é a dos shows ao vivo. A sua intenção é ter o Scream! somente nas redes sociais mesmo, como uma banda virtual?

Welbe – Como nasceu da vontade de gravar uma música só e que foi evoluindo, o material do primeiro trabalho soa mais, como disse um amigo, como um ” Avantasia de um homem só”, então, mesmo com uma banda, teria muita dificuldade de adaptar esse material ao vivo. Então pro primeiro trabalho a ideia é existir apenas virtualmente, mas isso está sendo revisto para o segundo, que já está sendo escrito.

FM – Como é fazer tudo praticamente sozinho e não ter ninguém pra fazer a crítica ou ajudar no direcionamento? Como funciona sua mecânica de trabalho, composições, criação de melodias, etc?

Welbe – Quanto a música em si é ruim, não ter muita certeza pra onde estou indo quando a produção começa. Antes eu criava um riff e depois buscava um conceito, pra então desenvolver os temas. Como esses temas estão sempre em referência direta à literatura fantástica eu , muitas vezes, precisava voltar as obras originais pra conseguir montar o ‘teatro’ da coisa toda. Mas basicamente vinha o instrumental e depois a insanidade vocal.rsss

FM – Você procura variar bem sua interpretação nas músicas, inclusive com diversas passagens aonde utiliza o recurso de narração, muitas vezes com voz grave. Como surgem estas ideias pra encaixar nas músicas?

Welbe – Devo isso única e exclusivamente ao grande Ronaldo Simolla do Delpht e do Matriz. Digo sempre que ele é o meu modelo vocal e o que eu faço é o que ele fez só que do meu jeito.

FM – O álbum auto intitulado vem com 07 temas e tem uma referência forte do Power Metal. Quais são suas principais referências musicais?

Welbe – As mais óbvias possíveis, onde do lado alemão tem Grave Digger, Rage, Accept, Blind Guardian e do britânico Iron Maiden, Judas Priest, Grim Reaper e etc… Existem outras coisas no meio tipo Sentenced e Moonspell mas o fio condutor são essas bandas clássicas.

FM – A literatura de fantasia, ficção e horror é uma referência bem forte presente no trabalho do Scream! Como surgiu seu interesse por este estilo de literatura?

Welbe – Acredito que junto das bandas. Muito antigamente , quando ainda existia encarte , costumava ler as letras e saber de onde elas vinham. O recurso literário é bem conhecido no metal, novamente aqui não estou fazendo nada de novo, só que no SCREAM! a literatura é o assunto exclusivo das letras.

FM – E falando nelas, a música Ameeron que abre o cd, é inspirada em Elric of Melnibone (Elric Saga) do escritor Michael Moorcock?

Welbe – Exatamente! Na verdade ela é inspirada no primo usurpador dele , o Yyrkoon, que na cabeça dele ( e de todo antagonista mais complexo e humanizado) não está fazendo nada de errado! Rsss

FM – Uma vez que o Scream! tem um forte apelo literário nas letras, não seria interessante ter também vídeos oficiais das músicas como complemento do trabalho? Acompanhando as letras acabamos sentindo falta disso.

Welbe – Vou cuidar disso para um próximo trabalho. Sugestão anotada!

FM – Já que estamos falando em literatura e contos, já entrevistei algumas bandas que admitem uma forte ligação com a literatura, inclusive de alguns autores citados por você, como Stephen King, H.P. Lovecraft, Edgar Alan Poe e outros. Na sua opinião de que forma estes autores se conectam ao Heavy Metal?

Welbe – Michael Moorcock já até trabalhou com o Blue Oyster Cult. O Black Sabbath já citava Lovecraft no primeiro disco. O Metal sempre bebeu dessa fonte, sempre se alimentou dessas estruturas. Contamos ( e recontamos) estórias e essas são as melhores. Mas um dia posso fazer uma experiência com a Jojo Moyes ou talvez o Sidney Sheldon! rssss

FM – ‘Do sal a vida surge’. Qual a mensagem principal desta letra? (nota: frase contida na letra da música ‘Salt’).

Welbe – Então, nessa eu coloquei até o meu filho na jogada, a voz de criança  que você escuta nessa frase é dele. Bem essa música é baseada no conto O CASO DE CHARLES DEXTER WARD de HP Lovecraft e fala sobre ressurreição, necromancia e outros temas tão ligados à família brasileira tradicional rsss O sal nesse conto, é um extrato obtido dos cadáveres que são reanimados pelo personagem.

FM – ‘Berenice’ se diferencia do restante do álbum, tendo uma levada mais cadenciada e um refrão forte. A interpretação vocal ficou bem interessante e diferente, como surgiu a ideia de seguir esta linha vocal?

Welbe – Eu pensei que todo bom disco de metal tinha que ter a sua balada, mas eu tinha que achar um conto que se encaixasse com o tema. Quando pensei nessa obra do E.A. Poe isso caiu como uma luva. Eu tinha que ir distorcendo a personalidade dele conforme a narrativa avançava e imaginei que algo bem depressivo contrastando com o soturno daria conta do recado.  

FM – No single ‘The Bargain’, lançado em 2020, temos novamente você cuidando de todos os vocais e o Raphael Gaza na produção e tocando todos os instrumentos, além da participação do guitarrista Wander Cunha. Pode nos dar mais detalhes de como foi a produção deste single?

Welbe –  Na verdade ela fazia parte do “lote” inicial, mas como eu não conseguia avançar na composição resolvi lançar o álbum antes de gravar essa música. Depois fui fazendo contatos, e desses contatos, muitos bons amigos como o jornalista , cronista ( pai , marido, conselheiro…) William Ribas, ex-editor do Metal na Lata, que me estendeu a mão e  organizou meu Press Release ,o próprio Ronaldo Simolla, o Glauco do Endust, o Thiago da Callamity, o grande Marcus Larbos da Panaceah  e do Liverking e o poderoso Wander Cunha do Rexor , que na minha opinião é responsável pelo maior disco de metal tradicional no país depois do Soldiers of Sunrise. Quero trabalhar com todos eles ainda no futuro e o Wander foi só o primeiro. O Wander é sinistro!!!

FM –Aqui ela surge um pouco mais pesada, inclusive tem uma passagem no meio que remete um pouco ao Black Metal. Foi proposital a inclusão destas novas referências no som?

Welbe – Sim, na verdade no começo ela tava até grande demais e eu precisei tirar um pedaço porque estava descaracterizando muito a espinha dorsal da coisa que sempre será o metal tradicional e o Power metal. O peso extra deve ser por conta da afinação em drop D que , naturalmente , te indica caminhos diferentes a seguir.

FM – ‘Give Me What I Want and I’ll Go Away’ (Me dê o que eu quero e eu vou embora). De que forma a letra ‘The Bargain’ se relaciona com este tema?

Welbe – Stephen King escreveu um roteiro que saiu direto como uma mini série de tv chamada a Tempestade do Século ( vc encontra até no YouTube). Lá ele apresenta um personagem ( presente em muitas outras estórias e inclusive em Necromancer) que aprisiona os moradores de uma ilha no Maine e revela os segredos deles publicamente uns aos outros. Ele comete alguns assassinatos e no fim revela que veio buscar um “filho” e que ele deveria ser entregue e não tomado, do contrário ele afogaria todos os moradores os induzindo ao suicídio coletivo , par a par … maravilhoso!!!

FM – As letras ficaram muito bem elaboradas e estruturadas, mas com métricas bem ‘justas’. Qual sua familiaridade com o idioma em termos de composição? E você se sentiu à vontade pra cantar estas melodias?

Welbe – Novamente tive ajuda. Aqui foi de um estadunidense chamado Logan Handel que corrigiu muitas das expressões que eu usei. Quanto as melodias , algumas foram naturais de executar enquanto outras um verdadeiro pesadelo. A mente queria mas o corpo não acompanhava! rsssss

FM – Pode nos falar a respeito de projetos futuros? Podemos esperar algo novo depois de ‘The Bargain’?

Welbe – Farei um relançamento de Devil’s Ball com as vozes divididas com o Ronaldo Simolla e depois cair dentro na produção do disco novo, se Deus permitir.

FM – Mande uma mensagens aos seus fãs e aos leitores do Fanzine Mosh.

Welbe – Muito obrigado pelo espaço, assim como você me estendeu a mão o meu caminho até agora não foi de todo sozinho e posso dizer que o underground se ajuda e se suporta sim! Obrigado também a todos os que se deram ao trabalho de ouvir o disco e os que ainda se darão. Enfim obrigado, obrigado e obrigado!

*Line up:  

Welbe Corlindo – vocais

Raphael Gazal – todos os instrumentos & produção

*Discografia

(Jan/2020) – Scream! (full)

(2020) – The Bargain (single)

*Redes Sociais

Facebook –Scream-Heavy-Metal-109749550559465

You Tube – channel/UCkVvTYuFPejQcmVXkUOPUFw

*Contato

(24)998477407 (whatsapp)

Interview · News · Underground

Postado em abril 11th, 2021 @ 17:17 | 1.154 views
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