21º Psychobilly Fest – Encontro de gerações
Por Joel Kesher
Fotos Giovanna Marissales
Há nada menos que 21 anos, Curitiba recebe um encontro de bandas de psychobilly para divulgar coisas novas e celebrar coisas clássicas. Não, esse não é o Pscycho Carnival, que no próximo ano comemorará seus 17 anos, quase chegando à vida adulta, mas sim o seu pai (ou irmão mais velho): O Psychobilly Fest, que sempre acontece no segundo semestre do ano e serve de aquecimento para quando o carnaval chegar.
Esse ano, o palco do Psychobilly Fest foi o clássico 92º, tão underground que não poderia ser uma escolha mais acertada para o evento. Em 2 dias, 8 bandas dividiram o palco, fazendo shows memoráveis, divertidos e elétricos o bastante para mostrar a força da cena psychobilly local, que se torna melhor a cada dia.
Para todos os gostos
Um dos pontos mais interessantes do Psychobilly Fest é a capacidade de montar um line up que agrade a todos os gostos. Para quem curte um surf music, um show como o do The Mullet Monster Mafia é imperdível, pois tem energia, tem pegada, tem músicos de altíssima qualidade e nenhum vocalista, o que acaba fazendo prestar mais atenção na banda.
Já quem gosta de algo mais comportado, o show do B.Booms também fez bonito. Músicas tocadas de maneira limpa, som bem arranjado, músicos entrosados e letras pra lá de sacanas fizeram da abertura do Psychobilly Fest uma verdadeira celebração à cachaça e ao violão.
Quem gosta de um psychobilly mais tradicional, pode-se dizer que teve um evento voltado quase que totalmente para seus gostos. CWBillys, Kães Vadius e os Cervejas fizeram a festa para essa galera. Músicas com as temáticas mais variadas, mas todas sempre muito bem executadas, com bandas ensaiadas e que sabem o que estão fazendo. Aqui, vemos o encontro de gerações, com o recente CWBillys carregando a bandeira da nova face do psychobilly enquanto bandas como Kães Vadius e Os Cervejas celebram sua história e sua relevância para a cena local.
Juntas, as duas bandas fizeram alguns dos momentos mais memoráveis do evento, tocando clássicos que todos os presentes conheciam, cantavam e celebravam, quase como em um encontro de amigos onde alguém pega o violão e começa a tocar clássicos que lembram anos já passados.
Já quem gosta de um som mais sujo, forte, com influências do metal, que lembra bandas como o Mad Sin e o próprio Sick Sick Sinners (de quem já falamos por aqui), se deliciou com os shows dos Krápuppulas e do Tampa do Caixão.
Por falar em Tampa do Caixão, guardo o show da banda como o ponto alto da 21ª edição do Psychobilly Fest. Talvez por ainda não conhecer a banda, foi com grande surpresa que ouvi uma banda com um trabalho de guitarra perfeito e complexo, uma bateria e baixo que fazem uma cozinha totalmente entrosada e um vocalista com uma presença de palco digna dos melhores frontmans que encontramos por aí. Com letras muito bem escritas e cheia de conselhos como “vou encher minha caveira de cerveja” e “um soco vale mais que mil palavras”, as canções trazem um humor negro e uma série de refrões fortes, impossíveis de não querer repetir. E ainda bem que o público encheu tanto o saco da banda que eles foram obrigados a tocar Amor Sangrento, uma verdadeira história de amor que não acaba após a morte. Outro destaque foi a canção “Filhos de Satã”, que poderia ser tocada como marcha fúnebre em qualquer cortejo.
E para fechar, infelizmente não consegui ver o show da banda Gozmabatz, banda que queria ter visto por ser nova na cena nacional. Mas se ela estiver no nível das outras bandas que se apresentaram no 21º Psychobilly Fest, com certeza será um show imperdível.