por Adriano Purcino
Quem acompanha a cena europeia de Metal, principalmente bandas escandinavas, certamente já percebeu sua forma peculiar de criar sua música, estruturas complexas que unem peso e melodia juntamente com temas mais obscuros e melancólicos muito provavelmente influenciado pelo clima frio destas regiões.E destes países gelados, a Finlândia tem o crédito de ser o país mais Heavy Metal do planeta. A pequena cidade de Lemi, a sudoeste da Finlândia, em 2018 recebeu o título de capital mundial do Heavy Metal, após ganhar um concurso no qual ficou credenciada como a localidade com o maior número de bandas de rock pesado per capita do país.
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama ressaltou em uma ocasião a febre finlandesa pelo Metal, durante o discurso de boas-vindas à Casa Branca aos governantes dos cinco países nórdicos em 2016, meses antes de terminar seu segundo mandato.
“Quero ressaltar que a Finlândia tem talvez a maior quantidade de bandas de ‘Heavy Metal’ per capita do mundo e também ocupa um lugar de destaque em boa governança, mas não sei dizer se existe alguma correlação nisto”, brincou Obama.
E na terra dos mil lagos, grandes nomes como: Amorphis, Nightwish, HIM, Sentenced, Stratovarius, Children of Bodom, Lordi, The 69 Eyes, Insomnium, entre muitas outras, ajudaram a trazer este status ao país.
Nesta resenha, estaremos falando de um banda que não tem tanta exposição na mídia como as citadas acima, mas, possui muita qualidade, como a maioria das bandas vindas de lá.
Dead End Finland conta com quatro álbuns completo lançados, Stain of Disgrace (2011), Season of Withering (2013), Slaves to the Greed (2016) e agora o novo Inter Vivos de 2020.
Sobre a criação deste álbum a banda comentou:
“Quando estávamos trabalhando nesse álbum, decidimos não estabelecer prazos, e estar prontos para dar um passo atrás e mudar o que já criamos, se alguma parte ou faixa precisar disso. O que nós também fizemos. Muitas das músicas assumiram uma forma muito diferente no disco final, em comparação com o som das primeiras versões. Demorou um pouco, mas estamos muito felizes com o resultado final. Achamos que este é, sem dúvida, o melhor de nossos álbuns até agora.”
Ao dar o play no álbum, Deathbed inicia como camadas de teclados remetendo a algo Industrial, seguida de riffs pesados e vocais rasgados característicos do Death Metal Melódico, alternado para vocais limpos e melódicos em seu refrão, fino mix de brutalidade e melodia. Ao finalizar essa primeira faixa, fica bem perceptível a qualidade de produção desse disco, que é de altíssimo nível.
Closer to Extintion chega trazendo um pesadíssimo groove com um teclado melódico acompanhando todo o peso, aqui há ecos dos suecos do Soilwork, o que é uma excelente referencia, afinal, eles são um dos grandes nomes do estilo. Esta faixa possui um excelente trabalho vocal com um refrão bem marcante.
E por falar em refrão marcante, Lifelong Tragedy repete este feito com louvor, andamento lento e hiper pesado, acompanhados de camadas de teclados e vocais melódicos muito bem construídos .
Tighrope possui um pegada bem dark, teclados climáticos, riffs cadenciados e um refrão melódico e melancólico.
A essa altura o ouvinte já deve ter percebido que a proposta da banda é criar algo mais climático, denso, pesado e melódico sem a necessidade de imprimir velocidade as composições, Dark Horizon é a prova disso.
Dead Calm serve como uma introdução para War Forevermore, que começa com um clima sombrio e dramático, uma faixa bem sinfônica, ótima alternância entre os vocais rasgados e os limpos, tudo isso com uma levada cheia de groove.
Novamente uma pegada Industrial surge em My Pain, ótimos riffs, alguns efeitos nos vocais dá um toque diferente a faixa, algo futurista.
Born Hollow traz um inicio mais rápido que o habitual, mas, logo quebra em uma levada com cadência, mais uma faixa com um excelente trabalho vocal acompanhado de um instrumental bastante pesado.
Fechando o álbum temos In Memorian, sinfônica, dramática, com uma levada lenta e belas linhas vocais ditando as regras, uma ótima música para finalizar o disco.
Para quem já está familiarizado com o estilos das bandas finlandesas e escandinavas no geral, este disco é um prato cheio, para os mais puristas do Metal, talvez torçam o nariz para essa proposta um pouco mais moderna, mas, aí é apenas uma questão de gosto, pois, qualidade o trabalho tem com toda certeza.
Nota: 8,5/10
LINE-UP:Mikko Virtanen – Vocals
Santtu Rosén – Guitars, Bass
Miska Rajasuo – Drums
Jarno Hänninen – Keys
Vídeos:
Dead End Finland – Deathbed
Dead End Finland – Lifelong Tragedy
Dead End Finland – Closer To Extinction