Destruction & Nervosa @ Espaço 555, São Paulo – 23.09.2018
Texto: Giovani Marcello
Fotos: Marcos Hermes
No domingo, 23 de setembro, mesmo com outras três bandas se apresentando na cidade, um ótimo público compareceu para prestigiar um dos pilares do Big Four alemão, o Destruction e suas apadrinhadas e amigas do Nervosa no Espaço 555, casa de shows localizada praticamente ao lado da Galeria do Rock, no centro velho da capital paulista. O evento contou com a presença do pessoal do Krisiun e do mítico vocalista João Gordo. O local não poderia ter sido melhor escolhido, pois o clima pós apocalíptico emanado pelas redondezas deram um toque a mais para o espetáculo que estaria por vir. E com uma novidade a mais: o renomado baterista canadense Randy Black (ex-Primal Fear, Annihilator) recém oficializado pelo Destruction como músico efetivo. Tanto que chegou a atuar em um workshop, no renomado EM&T, no dia 14.
As 20:30h, as meninas do Nervosa abrem o seu show com “Horrordome”, a primeira música do seu mais recente álbum, o demolidor “Downfall Of Mankind”. E logo de cara já sentimos o potencial absurdo do power trio formado por Prika Amaral (guitarra e backing vocals), Luana Dametto (bateria) e a insana Fernanda Lira (baixo e vocal). “Death”, do debut “Victim Of Yourself”, “Enslave”, mais uma do último disco e “Hostage”, do “Agony” vem na sequência incendiando o moshpit. E a presença de palco monstruosa da vocalista instiga mais a plateia. Na sequência, uma das favoritas desse redator, “Masked Betrayer”, do EP “Time Of Death”, mantém o pique lá em cima! Aí vem uma sequência de quatro músicas do “Downfall Of Mankind” que faz a galera quase abrir um buraco na pista do Espaço 555: “Never Forget, Never Repeat”, “Vultures”, “Kill The Silence” e “Fear, Violence And Massacre” que mostra o quanto as meninas evoluíram e hoje são um dos maiores nomes do thrash nacional. E destaco a potência da baterista Luana Dametto. Impressionante o quanto a garota toca com uma pegada fervorosa! E nos tempos atuais em que a intolerância anda rolando solta por aí, nada melhor que “Intolerance Means War”, do “Agony”. E fechando sua apresentação de quase 50 minutos, com o hino do debut, “Into Mosh Pit”, deixando a pista numa insanidade total. Impressionante apresentação desse trio que colocam muito marmanjo no bolso sem muito esforço. Cada vez me surpreendo mais com a pegada violenta das meninas quando estão no palco. Tanto que ganharam novos fãs após essa noite.
Em turnê pelo lançamento da segunda parte do “Thrash Anthems”, pontualmente as 22:00h, com três microfones no palco, um no centro e um em cada lateral do palco, começa a intro e logo de cara; Marcel Schmier (baixo/vocal), Mike Sifringer (guitarra) e o já citado Randy Black (bateria); a tradicional música de abertura da banda “Curse The Gods”, do “Eternal Devastation”, fazendo a galera ir ao delírio. Com um set calcado na época áurea da banda dos seus dois primeiros full-lenght e o antológico EP “Sentence Of Death”. Onze das dezoito músicas do set foram dessa fase. Mas algo não estava bem no palco. Percebia-se uma certa irritação do gigante baixista alemão com seus monitores. Na música seguinte, “Armageddonizer”, única do “Day Of Reckoning”, ele pede para os fotógrafos se afastarem e chuta os dois retornos para o photo pit para ter mais espaço no palco. A “Tormentor”, do “Infernal Overkill” é tocada em seguida e temos o primeiro êxtase no pit! A dobradinha “Nailed To The Cross”, com teu refrão gritado a plenos pulmões pela plateia, do “The Antichrist” e “Mad Butcher”, do “Sentence Of Death”, manteve a insanidade na pista. “Dethroned”, do último disco de inéditas, “Under Attack” veio em seguida. “Life Without Sense, mais uma do “Eternal Devastation” e “Release From Agony”, do álbum homônimo, dão sequência à destruição no palco. Aí vem o momento hilário do show: é entregue ao pessoal da banda umas cervejas Budweiser e Schmier não gostou e disse que “Budweiser não é cerveja” e jogou para a galera. Mike riu, mas tomou a sua.
Depois temos uma sequência matadora que mostra porque considero o nanico Mike Sifringer o maior riffeiro do thrash alemão. “Eternal Ban”, do “Eternal Devastation”, ”Total Desaster”, do “Sentence Of Death”, “Antichrist”, do “Infernal Overkill” e a grata surpresa do set “Black Mass”, do “Sentence Of Death” que nunca tinha sido tocada no Brasil, e olha que já estiveram por aqui uma dezena de vezes, fizeram muito headbanger ficar alucinado no pit. E no meio desse alvoroço tivemos um rápido solo do preciso Randy Black. A técnica desse canadense deu uma roupagem interessante para as músicas da banda, em especial para as antigas. A instrumental “Thrash Attack”, do “Infernal Overkill” e “The Butcher Strikes Back”, clássico do “All Hell Breaks Loose” fecham o set de maneira majestosa.
Sem delongas, já voltam para o bis com “Thrash ‘Till Death”, do “The Antichrist”. Na sequência viria um cover. “Holiday In Cambodja” estava no set, mas Schmier sugere uma votação entre “Fuck The USA”, do Exploited e “Invencible Force”, do “Infernal Overkill”. Logicamente o público votou pela música do debut. Não tem como essa música ficar fora do show! E o grand finale foi com a aguardada “Bestial Invasion”. Depois de 1h30m acabava mais uma grande aula desse trio alemão. E apesar dos problemas que as duas bandas tiveram ocasionado pelo cancelamento do voo em Manaus, nos proporcionaram uma noite inesquecível demonstrando todo o respeito pelos fãs com apresentações energéticas e a satisfação no rosto de terem detonado o pescoço do público porque trabalhar no dia seguinte seria uma tarefa complicada para todos os presentes.
SET LIST
DESTRUCTION
01 – Curse the gods
02 – Armageddonizer
03 – Tormentor
04 – Nailed to the cross
05 – Mad butcher
06 – Dethroned
07 – Life without sense
08 – Release from agony
09 – Eternal ban
10 – Total desaster
11 – Drum solo
12 – Antichrist
13 – Black mass
14 – Thrash attack
15 – The Butcher strikes back
Encore
16 – Thrash till death
17 – Invincible force
18 – Bestial invasion
NERVOSA
01 – Horrordome
02 – Death
03 – Enslave
04 – Hostage
05 – Masked betrayer
06 – Never Forget, never repeat
07 – Vultures
08 – Kill the silence
09 – Fear, violence and massacre
10 – Intolerance means war
11 – Into moshpit