Formada em Sorocaba em 2007, a banda Lecher acumula dois lançamentos em sua ainda pequena discografia, o EP “Werewolf” de 2011, e o primeiro full-length, o CD “Castle of Hallucinations”, que veio à luz no final de 2018 para enriquecer o cenário metálico nacional. Com uma sonoridade calcada no Heavy Metal clássico, e os distintivos vocais rasgados de Juliano Costa, o grupo encontra-se em plena ascensão, vivendo um momento muito especial de sua carreira. Juliano, que também toca baixo, é acompanhado na Lecher por Marcelo “Zé Bolha” Machado na bateria, e por Diego Alquezar e Alex Aquino nas guitarras. O combo coleciona elogios e muitas resenhas positivas de críticos e admiradores do som pesado por suas enérgicas apresentações e pelo seu último trabalho de estúdio. Confira a seguir a entrevista concedida por Juliano Costa à Fanzine Mosh.
Por Henrique de Paula
Saudações, amigos da Lecher. Para começar, poderiam nos falar do sentimento que a banda experimenta no momento presente com o lançamento do CD “Castle of Hallucinations”?
Saudações Henrique e bangers da Fanzine Mosh! É uma honra participar dessa entrevista e divulgar o nome da LECHER em um efervescente vetor do heavy metal. A sensação não poderia ser melhor! Esse álbum foi praticamente um “parto de dinossauro” para acontecer, tivemos inúmeros problemas de ordem individual, estúdio, material físico, finanças, mas quando você pega a “bolachinha do pacote” e coloca para ouvir percebe que toda a labuta e sentimento atribuído ao “Castle of Hallucinations” valeu a pena, cada segundo, cada gota de suor.
O CD foi lançado pelo selo italiano Heart of Steel Records no final do ano passado. Existe uma distribuição internacional do CD? Sabem dizer se a recepção do trabalho fora do Brasil tem sido boa?
Sim, há distribuição internacional do material em mídias digitais e sites de divulgação, como Deezer e Spotify; além da possibilidade de adquirir nosso material via Amazon. Temos obtido um excelente retorno de sites internacionais quanto ao som. Há críticas pontuais, mas, em um panorama geral, o álbum tem sido bem acolhido pela crítica especializada.
Entre a estreia da banda em estúdio, o EP “Werewolf” de 2011, e o recente lançamento do primeiro full-lenght, “Castle of Hallucinations”, passaram-se sete anos, período em que ocorreram algumas mudanças de formação na Lecher. Poderiam nos falar sobre isso e o que os novos membros agregaram ao som da banda?
Claro! A formação do EP “Werewolf” era composta por mim, apenas no vocal, por Diego Alquezar e Sérgio Willian nas guitarras, por Rodolfo Nekathor Miguel no baixo e por Marcelo “Zé Bolha” Machado na bateria. Importante ressaltar a importância dessa formação na construção musical do EP, bem como em boa parte das músicas do “Castle of Hallucinations”. Infelizmente, por razões pessoais, o Sérgio e o Rodolfo deixaram a banda, o que me fez tocar baixo e cantar “na marra”. Contudo, a saída do Sérgio foi ainda mais sentida, pois o entrosamento com o Diego já era de longa data. Caçamos guitarristas a torto e a direito e não encontramos, até que o Alex Aquino surgiu como uma luz no fim do túnel. Seus riffs e sua pegada na linha Judas Priest/Yngwie Malmsteen deram uma pegada ultra heavy ao som e isso se torna notório nas músicas em comparação ao “Werewolf”.
Considerando ainda o marco inicial da banda, o EP “Werewolf”, o que vocês acreditam que aprenderam com a primeira gravação? O que trouxeram deste aprendizado para o novo título “Castle of Hallucinations”?
O EP “Werewolf” foi o alicerce para calcarmos nosso projeto e, ainda que singelo, já é forjado na fúria e na pegada do heavy metal clássico. Tivemos a oportunidade de trabalhar em um local maravilhoso que foi o Estúdio Aquarela Musical do Maurício Nogueira e com o Jon Hassuike como produtor, que muito nos auxiliou. Essa experiência nos familiarizou com a gravação metronomada, que significa tocar pontualmente no tempo (o que é um trampo absurdo!!!).
Um dos destaques do novo lançamento é a linda capa, com uma pintura que ficaria muito legal em camisetas. Quem foi o responsável pela arte e o que mais podem nos falar sobre ela?
Muito obrigado! A arte foi confeccionada pelo João Duarte (http://www.jduartedesign.com/). A ideia da arte era representar um castelo, contudo, como ficaria muito desconexo e grande, optamos por um casarão mal-assombrado, dando a ideia do título.
Neste segundo lançamento da banda, a figura do lobo ou lobisomem aparece novamente na capa. Devemos entender que esta é a mascote da banda e que será sempre associada à imagem do grupo, como uma espécie de Vic Rattlehead do Megadeth ou o Eddie do Iron Maiden? Quem teve a ideia de criar a personagem?
Precisamente! O “Werewolf” é nosso Eddie! Para não fugir do nosso estigma licantropo introduzimos ele à imagem em ação! Agora é aguardar seu próximo ataque!
O novo álbum pode ser encontrado facilmente no YouTube para audição, o que, com certeza, ajuda na divulgação do trabalho da banda. A faixa “Supreme Dynasty” também conta com um interessante lyric vídeo. Há planos para a elaboração de videoclipes que divulguem as músicas do CD?
No momento, não. Um clipe é algo que acrescenta (e muito) na divulgação, mas como não estamos “emplacando” na divulgação do nosso lyric, vou aproveitar para deixá-lo abaixo.
Quais são os próximos passos planejados pela banda em prol de seu crescimento na cena brasileira e, quem sabe, internacional?
Divulgar nosso recém lançado álbum em todos os tipos de shows possíveis, vender nossos físicos, confeccionar as camisetas com a capa (já demorou!!) e fazer entrevistas como essa aqui que também nos ajudam demais!
A sonoridade da Lecher está, sem dúvida, cravada no Heavy Metal Tradicional oitentista, o que se percebe principalmente pelas melodias de guitarra. No entanto, os vocais de Juliano nos remetem mais aos grandes nomes do thrash e talvez mesmo do black metal, o que constitui um importante elemento de originalidade à banda. De onde vem a inspiração para esta mistura de melodia e agressividade que constitui o som da banda e que alcançou maturidade no álbum “Castle of Hallucinations”?
A ideia é exatamente esse contraponto. Como você disse, a originalidade mora aí, os meus vocais lembram muito algo na linha Kreator, Udo, mas também remetem à linha black/thrash Aura Noir, ou mais black metal, mesmo, como Immortal ou Belphegor. Inicialmente, os membros da banda (com exceção do “Zé Bolha”) ofereceram resistência à essa pegada no vocal, mas, com o passar do tempo, a sonoridade se tornou uniforme e as músicas foram produzidas já visando essa performance vocálica. Espero que todos apreciem essa manifestação “Frankenstein” (risos)…
Por fim, poderiam nos explicar também a origem e o significado do nome da banda?
Lecher significa líder. É como nos manifestamos e compreendemos o termo. Originalmente, o nome vem de um filme que o “Zé Bolha” assistiu há alguns anos atrás e curtiu a sonoridade da palavra. Estava concentrado assistindo o filme… muito concentrado.
A Fanzine Mosh agradece imensamente pela entrevista. Para fechar, deixem uma mensagem aos nossos leitores e aos apreciadores da música da Lecher.
Nós que agradecemos! Muitíssimo obrigado, Henrique, pelo espaço cedido e pela oportunidade, e desculpe pela demora para responder essas perguntas! Forte abraço a você e a todos os seguidores da Fanzine Mosh!