Andrea Ferro, do Lacuna Coil, fala sobre shows no Brasil e o álbum Delirium
Entrevista por Clovis Roman
Fotos Andre Smirnoff
O Lacuna Coil está no Brasil, onde começa hoje sua série de shows por aqui, no Bar do Montanha, em Limeira/SP. Eles estão por aqui para divulgação de seu último álbum, Delirium. Batemos um papo rápido com o vocalista Andrea Ferro, que fala sobre as vindoura apresentação no país e também sobre sua carreira e os fãs do nosso país.
Serão quatro datas em nosso país, a saber: além de Limeira, tocam também em Belo Horizonte (08), Rio de Janeiro dia 10 (ingressos) e fecham com uma apresentação em São Paulo, dia 11, no Carioca Club. Ingressos podem ser comprados aqui.
Antes de você ler a entrevista, deixamos uma dica: Se você ainda está na dúvida em ir vê-los… vá! No show que fizeram no Chile, último dia 5, foram tocadas 22 músicas (!), incluindo aí “My Demons”, pela primeira vez executada ao vivo, assim como “Enjoy the Silence”, do Depeche Mode (e você vai ver em nossa conversa como eles gostam desse grupo) e até mesmo “Senzafine”, tocada devido aos pedidos do público.
O novo álbum tem canções bastante pesadas, como “The House Of Shame”… vocais mais agressivos. O uso desses elementos foi proposital ou algo que aconteceu naturalmente durante as composições?
As músicas estavam indo para uma direção mais pesada, e os vocais gritados estavam se encaixando nessa proposta, especialmente em contraste com os vocais mais ‘épicos’ da Cristina… seguindo o [humor distorcido] do álbum. Isto não significa que o próximo disco terá mais ou menos vocais agressivos. Isto depende de para onde a música nos leva.
Como surgiu a ideia da temática lírica de Delirium? As letras são todas interligadas… é algo ficcional ou inspirado em algo real?
Nas letras nós criamos um paralelo entre o que nós passamos nos últimos anos antes de começar a trabalhar no conceito [lírico] e a real questão sobre saúde mental. Acho que todo mundo tem uma relação com a loucura da vida. Todos já experimentaram direta ou indiretamente momentos em que se sentiram perdidos, confusos ou abandonados. Até mesmo uma mente perturbada faz sentido em sua própria maneira.
O grupo sempre apresentou coisas novas em seus álbuns com o passar dos anos. O que você acha que Delirium traz de novo no som do Lacuna Coil?
Delirium marca o início de um novo capítulo em nossa carreira. É o primeiro disco com Ryan Blake Folden na bateria e também o primeiro produzido pelo nosso baixista Marco Coti Zelati. Estamos compondo nossas músicas sem pensar muito no que as pessoas estão esperando do Lacuna Coil. Nós apenas seguimos a música. Não queremos ficar presos em nosso próprio ‘clichê’. Nós tivemos que voltar para a maneira de pensar que tínhamos na época de álbuns como Comalies e Karmacode, quando nós estávamos menos preocupados em corresponder as expectativas.
O Lacuna Coil já lançou um DVD ao vivo, mas nunca um álbum ao vivo no formato áudio. Há planos para, quem sabe, gravar um live álbum durante a turnê do Delirium?
Eu acho que álbuns ao vivo não são mais populares. Então a gravadora provavelmente não vai se interessar em algo do tipo. Mas pode ser o momento certo pra outro DVD.
Quais são suas lembranças das visitas anteriores do Lacuna Coil ao Brasil? Vocês notam diferenças entre os fãs daqui e os da Europa ou USA, por exemplo?
O Brasil tem sido um lugar especial para a gente. A relação com os fãs é sempre muito marcante. As pessoas são apaixonadas por nossa música e eles cantam tão alto que a gente mal consegue se ouvir [em cima do palco]. Temos inúmeras ótimas lembranças dos nossos fãs brasileiros. Temos ótimas memórias do Rio de Janeiro e São Paulo, que são as cidades que estivemos mais vezes. A comida também é ótima e a gente mal pode esperar para comer um churrasco e também pelas caipirinhas.
Como vocês estão pensando em preparar o setlist para os shows no Brasil?
Teremos uma boa mistura de tudo: um monte de músicas do Delirium [no show realizado no Chile, foram sete; o disco tem 11] mas também um monte do material mais antigo.
Aqui no Brasil, ainda nos anos 90, o nome Lacuna Coil ficou conhecido por participar da coletânea em Cd de uma revista chamada Planet Metal. A música era “My Wings”, e muita gente por aqui até hoje associa o som de vocês a esta canção. Vocês não tocam ela ao vivo há uns 10 anos ou mais. Existe a chance de podermos conferi-la nos shows pelo Brasil?
Eu não sabia disso! Eu acho que “My Wings”, que saiu no nosso álbum de estreia In A Reverie (1999), caberia muito bem no setlist, mas agora é um pouco tarde demais para rolar.
Sobre as críticas de Delirium, vocês chegam a ler resenhas de críticos e fãs? Isto é o tipo de coisa com a qual vocês se importam?
Nós escrevemos músicas que gostamos, pois somos os únicos a conviver com elas até o fim de nossas vidas. Nós ouvimos as opiniões dos fãs sim, mas apenas até um certo ponto.
Vocês lançaram no último natal o single Naughty Christmas, que fala do monstro Krampus, algo um tanto assustador. Como surgiu esta ideia? O Natal é uma data a qual vocês dão importância?
Nós sempre pensamos em fazer uma música sobre o Natal ou então Halloween. Então este ano uma rádio aqui da Itália nos pediu para participarmos de sua coletânea natalina. Nós aproveitamos e trabalhamos nessa canção. Queríamos fazer algo no clima natalino mas também com algo meio ‘dark’ junto. Ela acabou saindo bem pesada e gostamos muito do resultado. A gente gosta do clima natalino.
Delirium vendeu 13.000 cópias na 1ª semana, e entrou na posição 33 da billboard. vocês tem idéia de quantas cópias foram comercializadas até hoje?
Eu não sei exatamente mas provavelmente algo em torno de 100 mil cópias.
Eu sei que o álbum saiu há menos de um ano, mas vocês já estão pensando ou compondo novas canções para um próximo disco?
Ainda não. Ainda temos que levar Delirium para muitos lugares. Creio que vamos começar a pensar em um novo álbum no final desse ano ou então no ano que vem.
Vocês mantém o núcleo do Lacuna Coil desde 97, com Scabbia, Andrea e Marco. Há algum tipo de ritual antes de subir ao palco ou manias estranhas de alguns que hoje em dia se tornaram comuns?
Todos tem seus costumes para o aquecimento, seja para a voz ou para o corpo. Momentos antes de subirmos no palco nós fazemos um círculo e gritamos alguma coisa, para aliviar a tensão e ter a adrenalina fluindo. As vezes tomamos uma dose de whisky.
Qual banda ou artista você gostaria que gravasse uma cover legal de algum som do Lacuna Coil?
Essa é realmente difícil! Acho que Depeche Mode poderia fazer uma cover do Lacuna Coil, em retribuição. [N. do R.: Os italianos já regravaram uma canção do grupo pop/eletrônico dos anos 80, o seu maior sucesso, “Enjoy the Silence, que tem até videoclipe; daí veio a referência]
SERVIÇO
Lacuna Coil em São Paulo
11/03/2017 – sábado
Abertura da casa: 18h00
Local: Carioca Club
Rua Cardeal Arcoverde, 2899
São Paulo – SP
Informações gerais: info@liberationmc.com