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20 Apr 2024, 9:22 am

Fanzine Mosh – 30 anos: Entrevista Com Ramyrez 77


Fanzine Mosh – 30 anos: Entrevista Com Ramyrez 77

por Marcelo Souza

Entrevista com a banda RAMYREZ 77, veterana do punk rock carioca, relatando as experiências, novidades e fatos das produções e etc. O baixista Chucky relata os 21 anos de existência da banda com raiz na alma dos Ramones, como referência do ano auge do movimento punk rock que já está quarentão.

Conte em breve palavras um histórico da banda?

Cara… a Ramyrez 77 surgiu em janeiro de 1997, ainda como Ramirez. No meio daquele caldeirão efervescente que era o underground dos anos 90! Vários points rolando, várias bandas, o rock autoral independente em alta! A MTV em canal de TV aberta e só passando clipes, nada de programas de namoro ou coisa assim. Rádios de rock, festivais, botecos,…. a galera levava os amplis de busão pra botecos, praças… onde tinha tomada rolava show!
Nesses 21 anos de estrada tocamos pelo RJ e baixada fluminense, em SP capital e interior de sampa, em Minas, Região dos Lagos, e até Argentina! Tocamos com bandas como Lacrau, Cara de Porco, Carbona, Toxoplasmose, DZK e Restos de Nada. Tocamos em verdadeiros buracos como Bar do Bigode na rua Ceará, em meio a sujeira e tiros lá Zona de baixo meretrício e também em palcos maneiros como da UERJ e Teatro de Lona da Barra. Vários festivais e casas de shows que hoje infelizmente nem existem mais.

Como foi a escolha do nome e quais influências?

Quando a gente começou, queríamos um nome que lembrasse “Ramones”, que é nossa maior influência. Chegamos a tocar durante uns meses como RAMPAGE, mas um amigo disse que havia uma banda em São Paulo com esse nome. Trocamos para RAMIREZ então, que era o sobrenome da obstetra que fez o parto da mãe do meu filho. Gostamos, pois lembra bem Ramones.

Mas lá pelos anos 2000 e pouco, apareceu uma banda emo com esse nome e os caras registraram. O pior? Eles sabiam que nossa banda existia!

Então os caras pegaram o nome de vocês? Mas vocês podem provar?

Bom, existem alguns recortes de jornal com anúncios dos nossos shows antes da outra banda surgir. Também temos cartazes e fotos. Mas nem ligo. Eles acabaram e a gente continua no corre corre há mais de 21 anos! Mas pra facilitar a busca pela internet, atualmente usamos o nome RAMYREZ 77!

Escutei muita influência dos Ramones e pitadas dos Dead Kennedy. Fale de cada álbum lançado, como sobre o que abordam as letras e etc?

Bwahahahahahahahahahhahahah! Cara, Ramones é nossa maior influência MESMO! Mas também temos influência de outras bandas do chamado Punk 77, como Dead Boys, Sex Pistols, Stiff Little Fingers, Adverts… Um pouco de Rock a billy…

É a primeira vez (que eu me lembre) que alguém cita ter encontrado referências de Dead Kennedys no nosso som. Mas normal, cresci ouvindo os caras. Pra mim a melhor banda de HardCore.

Bom, temos 3 álbuns lançados até agora. O “I Don’t Want You Around” de 1997 e o “Stay Tuned for more Rock & Roll” de 2001 são da época que a gente cantava em inglês. O mais recente é o “Crise de Identidade” de 2013.

As letras falam de coisas cotidianas, amores, frustrações. Também de cerveja, filmes e quadrinhos.

Qual razão da mudança do inglês para ser cantado em português?

Bwahahahahahahahahahahahahahah!!! Putz véio, a gente cansou de tocar nos lugares e as pessoas acharem que a gente era banda “cover”! Lembro que uma vez tocamos com o Cara de Porco em Bangu eu acho, e quando o show acabou o organizador do evento veio e falou pra mim: “Nossa, vocês só tocam as desconhecidas dos Ramones. Só lado B!” e eu falei: “Não doido. É tudo nossa. Autoral. É que a gente canta em inglês…”

Houve mudança de trio para quarteto com a entrada da sua esposa, até então uma espécie de manager/divulgadora. Como a banda absorveu isso, seja pelo talento musical e/ou brodagem?

Então, minha esposa, a Paçoca como é conhecida pela galera, era nossa “produtora artística”. Ela sofria um bocado pelo machismo na cena, sendo mulher produtora de banda, mas com ela tivemos várias conquistas em 2017, inclusive tendo tocado no Festival de Cinema Independente de Juiz de Fora,o “Aos Berros”, uma mini-tour em SP, além dela organizar vários dos nossos shows no Rio e Baixada Fluminense.

Depois da nossa tour na Argentina, nosso guitarrista e o batera saíram da banda. Foi um baque, pois estávamos numa ótima fase e me vi sozinho. Não ia desistir, pois além de amar tocar, adoro a banda. Como minha esposa já estava comigo nessa luta com a banda e também tentando fortalecer a cena, resolvi fazer um teste com ela. Ela já cantava em alguns sons com a gente, fazendo participação nos shows. E na verdade, eu não canto bem e nem curto muito. Assumi os vocais nos anos 2000 por que nosso guitarrista/vocalista foi morar em Maringá (Paraná), mas sempre quis arrumar alguém pra cantar. Como ela já queria cantar, fizemos o teste, mas chamei um amigo (que é nosso baterista provisório) para decidir, pois sendo ela minha esposa, achei melhor alguém “de fora” analisar o teste.

Nisso entrou também a Isabella, na guitarra. Uma menina muito talentosa e dedicada. Essa formação está muito boa, muito entrosada! Mas em breve teremos de procurar novo batera… o que é triste…

Com certeza os músicos não vivem da banda. Fale o que cada integrante faz para sobreviver, bem como os itens que a banda faz de merchandise? Explique as cervejas entre outros do “do it yourself”?

Bwahahahahahahahahahahahahahah!!! Cara, viver de banda no bra$il, ainda mais fazendo Punk Rock? IMPOSSÍVEL!

Então, eu sou Técnico de Planejamento. Hoje trampo numa terceirizada na Petrobrás, planejando manutenção de plataformas, mas minha área mesmo é Planejamento de Produção. PCP na indústria, mas crise… Minha esposa é professora do estado. Eu sempre brinco dizendo que ela é rica! Que professor ganha bem. Nessa hora ele me fulmina com olhos… Bwahahahahahahaahahhahaahahahh

A Isabella está desempregada, mas faz bicos pra ganhar um troco. E está fazendo faculdade de Artes, além de curso de cinema! Isso vai ser bom, pra gente fazer nossos clipes!

E o Marcinho, batera temporário, também está desempregado (a crise de novo). Ele é formado em Assistência Social, mas também faz os “corres” dele pra entrar uma grana. Geral se vira trampando como dá.

Além disso, eu e minha esposa gostamos de “perder dinheiro” organizando eventos no underground. Geralmente festas/shows onde a Ramyrez 77, mas as vezes apenas para outras bandas. Recentemente uma festa que organizávamos, virou festival!!! O Hippie Punk Beatnik Festival, que dura dois dias, tem acampamento, 12 bandas e uma estrutura maneira! Ela que está de frente nessa empreitada, eu só dou uma força. Esse ano terá de novo, em novembro.

Quanto aos produtos da banda, temos os CDs, camisas, adesivos e claro, a cerveja artesanal da banda! Eu mesmo faço a cerva, de vários estilos como Lager, Witbier (trigo, maracujá, manjericão e sementes de coentro), Weiss (trigo), Blonde Ale (camomila e sementes de coentro) e Paçoca entre outros. Também vou começar a fazer cerveja para outras bandas undergroung colocarem seu rótulo.

Sei que irão gravar um EP de cinco músicas agora em abril e em maio será gravado um DVD. Conte algo a respeito.

Sim! Estamos finalizando as composições nos ensaios para a gravação. Na verdade serão 4 músicas sendo um cover de uma banda independente que era bem conhecida no underground dos anos 90! Será um EP “temático” e gravaremos em abril e esperamos lançar em maio. Também temos planos para fazer um ou dois clipes para divulgação do EP. Já o DVD de comemoração dos 21 anos de banda adiamos para julho, para aproveitar o mês do meu aniversário e também podermos organizar melhor.

O que o público de punk/hardcore pode esperar da banda para este ano de 2018?

Véio, além do EP e do DVD, esperamos no segundo semestre gravar mais um EP e lançar também uma coletânea dos 21 anos de banda. E claro fazer muitos shows pelo RJ, SP e MG. Putz, a cabeça tá fervilhando de idéias! Queremos gravar esse EP agora, o DVD, regravar o EP que lancei como artista “solo” num período obscuro da Ramyrez 77, o “Amor, Protesto e Spray de pimenta”. É um EP temático também, escrevi durante os turbilhões de protestos que rolaram durante os anos de 2013 e 2014. A ideia era pegar os movimentos sociais que estavam rolando, mas ver pela ótica de alguém apaixonado.

Outras idéias são mais uns dois EPs de inéditas,  também seguindo essa linha de ter um “tema central”.

Acho que 2018 e 2019 serão anos de muita ralação pra banda! Esperamos agitar o underground e beber muitas cervas com geral!

Interview · News

Postado em junho 7th, 2018 @ 09:09 | 1.865 views
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