Mais uma grande banda do movimento Punk/Hardcore se faz presente em nossa página,os paulistas do Carniceria estão em plena divulgação do ótimo EP “Sem Desistir” e nos conta nesse bate papo com Jamerson e Luciel, o início da banda e traçam todo um parâmetro do trabalho do Carniceria, através de tantos anos de luta na cena.
por João Calixto
1) O Carniceria vem do interior paulista e por seu engajamento dentro da cena Punk/Hardcore local, já possuem bastantes seguidores. Conte nos como começou essa luta.
Luciel Ribeiro – Em 2011 eu estava sem tocar, chamei um brother (Bruno Simon) de outra banda que tínhamos em comum para fazer um som, chamamos mais dois amigos e fomos ensaiar em um quartinho que tinha em casa. No começo pegamos algumas músicas da antiga banda e começamos a tocar, tiramos uns covers de cólera, ratos do porão, e também começamos a escrever as nossas músicas. Esse foi o começo da Carniceria.
2) Vocês lançaram no ano passado, o EP “Sem Desistir”, um trabalho bem pé na porta, entranhado em suas influências. Nos fale como foi a concepção dele e se o resultado final ficou dentro do que vocês esperavam.
Jamerson Emidio – Nossa intenção era captar bem o som, para mostrar a nossa pegada, a nossa característica dentro do estilo. Tentar passar pra galera o mesmo sentimento que tivemos ao criar esse trampo, pra ficarmos na mesma frequência, unidos na mesma sonoridade. E podemos dizer que a mistura de estilos de cada um, ajudou muito a desenvolver o EP “Sem Desistir”. E sim, estamos contentes com ele, fizemos o nosso melhor para esse momento!
3) A ilustração da capa, demonstra bem um sentimento de raiva e revolta. Trabalho esse, muito bem feito por sinal. Quem foi o autor da arte e como vocês tiveram a ideia de usa-la como capa do Ep?
Luciel Ribeiro – A arte da capa é do Bruno Simon, que também é co-fundador da banda. A ideia era transmitir o que a gente fala nas letras das músicas, tentar ilustrar ao máximo um sentimento de revolta com o que acontece na sociedade, violência policial, corrupção na politica partidária, alienação e extorsão que acontecem nas religiões. E eu acho que conseguimos transmitir esse sentimento na capa.
Jamerson Emidio – Sim a ideia foi essa mesmo, mostrar na capa todos os temas abordados nas letras, ele conseguiu fazer muito bem essa transição dos temas na arte e ficou bem legal o trampo da capa.
4) A divulgação dele veio através de inúmeros shows e postagens através das redes sociais. Como está sendo a recepção dele, por parte do público em geral?
Luciel Ribeiro – Acho que a galera está gostando, a galera compartilha o som, elogia, a recepção está sendo boa.
Jamerson Emidio – Cara é muito legal ver as pessoas elogiando o trampo, pessoas de outros estados, de outros países, realmente é muito gratificante. E sem falar que vamos participar da coletânea “SUDAMERICHAOS Vol.1” que está sendo organizada pelo Nenê Altro do Dance Of Days, e vai ter distribuição também na Argentina e no Uruguai.
5) Podemos conferir nos sons de “Sem Desistir”, que a crítica e o protesto com tudo que está acontecendo no país, foi o grande propulsor das letras de vocês. Graças as lambanças da nossa política nacional, vocês tiveram muitas inspirações, não é?
Luciel Ribeiro – Infelizmente, nossa política partidária é uma fonte riquíssima de inspiração, tanta merda que os caras fazem, tanto falso moralismo, a maneira de governar sempre oprimindo e boicotando a grande massa, que somos nós, nos inspiram a sempre estar denunciando nas letras, tentar passar uma mensagem para a galera que isso ou aquilo esta errado, ao nosso ponto de vista.
Jamerson Emidio – Tenho 44 anos e a política brasileira nunca melhora, ela tem uma capacidade enorme de se torna um caos infernal para a população, e o mais louco de tudo isso, é que nós cidadãos temos gigantesca parcela de culpa nisso, cada vez mais nos dividimos, nos enfraquecemos, para que uma minúscula parcela se delicie com bilhões e mais bilhões roubados de todos nós! Enfim…essa porra é uma fonte de inspiração inesgotável, infelizmente.
6) E vocês acreditam que conseguem através de suas músicas, entrar de maneira efetiva, na mente daqueles que ignoram o que está acontecendo em nosso país?
Jamerson Emidio – Então em nossas letras, nós falamos sobre o que achamos desses assuntos, são mais uma visão particular, sem querer impor para as pessoas o que eu acho sobre determinado tema, e sim mostrar a minha visão sobre aquilo, sobre o que eu penso. As pessoas podem concordar ou não, pois a vida segue para todos. Mas de alguma forma alguém pode até simpatizar sobre os temas que abordamos e acabar se identificando mais ainda com o som da gente, o que é mais bacana ainda.
7) O movimento Punk/Hardcore sempre teve como bandeira, a luta e o protesto contra as desigualdades e as arbitrariedades dentro da nossa sociedade. Vocês acham que as bandas hoje em dia, ainda conseguem cumprir esse papel que outrora tínhamos nomes como, Cólera, Olho Seco e Ratos de Porão como exemplos dessa luta?
Jamerson Emidio – Eu acho que sim, hoje em dia tem várias bandas que levantam essa bandeira de luta e protesto, umas mais incisivas, outras mais moderadas, mas que todas estão com a mesma visão de mostrar a sua indignação contra o que fode com as pessoas em geral, as bandas citadas por você, Cólera, Ratos de Porão e Olho Seco são referência, são a história viva disso, são atuantes na cena e continuam detonando demais! Orgulho de ter essas bandas como influencias na nossa música.
8) Já pensam no sucessor de “Sem Desistir”? Algum material novo pronto, para um possível Full Lenght?
Jamerson Emidio – Queremos gravar um outro EP ainda esse ano e depois gravar mais um EP ao vivo, com as melhores músicas. E depois com esse trampo em mãos continuar a tocar e fazer a divulgação a todo vapor! Só depois dessas metas atingidas que partiremos para gravar o primeiro play completo.
9) Vocês acreditaram nos formatos digitais para divulgarem “Sem Desistir”, sendo hoje uma ferramenta muito usada pelas bandas para um maior alcance de seu trabalho. Como vocês veem essa nova dinâmica em distribuição moderna de música, como alternativa para tempos tão bicudos?
Luciel Ribeiro – Esses formatos digitais ajudam muito, sua musica vai mais longe, facilita muito, mas particularmente, ainda prefiro o formato físico, gosto muito de ter o material em mão, para ouvir, ler o encarte, guardar na prateleira, é muito legal. E a intenção nossa também é fazer algumas cópias físicas do EP.
Jamerson Emidio – O alcance digital é gigante, uma ferramenta muito importante para os dias atuais, mas curto também o cd físico, e o vinil.
10) Agradecemos em nome de toda a equipe do Fanzine Mosh pela atenção e desejamos muito sucesso ao Carniceria. Deixe uma mensagem final para nossos leitores.
Luciel Ribeiro – Nós que agradecemos a oportunidade da entrevista, de poder falar um pouco do EP e das nossas ideias. Parabéns pelo trabalho da Fanzine Mosh, que faz um trabalho de mídia muito importante na cena underground. E gostaria de falar para a galera colar nos shows, comprar material das bandas, para manter a cena viva e cada vez mais forte. Um Abraço a todos e mais uma vez agradecer a oportunidade.
Jamerson Emidio – Agradeço o espaço cedido para nós, uma grande honra estar na Fanzine Mosh, e para a galera que curte o nosso som, valeu mesmo pelo apoio e pelas palavras de incentivo, estamos aí galera firmes e fortes