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28 Mar 2024, 7:22 pm

Mosh 30 anos: Entrevista Com As Dramatic Homage


por João Calixto

Expoentes de um estilo todo próprio, os cariocas do As Dramatic Homage, ainda colhem frutos do impressionante ultimo play, o EP “Enlighten”. Nesse bate papo com João Calixto, conversamos com Alexandre Pontes, que nos contou como está sendo este momento de reconhecimento merecido que a banda vive.


1) O As Dramatic Homage é uma banda que sempre surpreendeu o público em geral, pela qualidade e originalidade de seus trabalhos. Isto se consolidou mais ainda, quando vemos que o último trabalho de vocês, o excelente EP “Enlighten” ainda é citado pela mídia como um trabalho de excelência, mesmo já tendo sido lançado já há algum tempo. Como vocês analisam toda essa repercussão?

Alexandre Pontes –  Primeiramente muito obrigado por essa importante oportunidade em poder figurar nosso trabalho no Fanzine Mosh e por suas palavras, fico lisonjeado. Bem, quando você está envolvido no processo de composição, gravação e em seguida o lançamento de um material claro que você deposita expectativas de que tudo possa ser bem aceito, mas eu também não fico preso a esse tipo de ideia, até as críticas negativas podem ser construtivas, obviamente se houver bom senso por parte de quem resenha o trabalho.

Mas a repercussão foi  muito satisfatória sim pois  percebi que os pontos chaves de evolução do nosso trabalho anterior ( Crown de 2012) para o EP foram  visíveis aos olhos críticos de forma muito positiva e isso me deixou muito contente, com aquele sentimento de que o esforço valeu a pena e saber que as pessoas se identificaram com o material pelas nuances oferecidas nas músicas em toda aquele aspecto intenso e introspectivo,  isso  sempre gera mais motivação para dar um passo á frente na caminhada musical.

 

2) Você acredita que com essa repercussão toda, o objetivo e a ideia de “Enlighten” foi bem entendida e aceita pelo público?

Alexandre Pontes –  Para as pessoas que já acompanhavam nossa jornada creio que sim, algumas pessoas não chegam e expressam isso diretamente, mas por todos que se manifestaram em relação ao trabalho foram de forma muito gratificante e saber que parte de um público e até pessoas de outras bandas dentro e fora do nosso estado curtiram me deixou bastante contente. As resenhas que tivemos são uma parte das referências também, sobre essa compreensão e aceitação do trabalho, para as pessoas que descobriram a banda e nosso trabalho depois do lançamento do ep e que se identificaram acho que foi mais pelo fato de aparentemente ter sido algo um pouco diferente para elas, não que fosse original, mas talvez interessante.

3) A originalidade dos seus trabalhos, são reflexos de suas influências e de suas experiências adquiridas através de anos batalhando na cena. Vocês acham que na atualidade, as bandas estão conseguindo demostrar suas influências sem se mostrarem “cópias” ou a criatividade no Metal se esgotou por completo?

Alexandre Pontes –  Eu sou de uma época bem diferente dessa atual em que a heavy metal em geral passa por tantas coisas que nem sempre considero benéficas ao estilo e com isso ele sofreu uma caída em alguns aspectos ao longo de uns anos para cá.  Mesmo não acompanhando a cena mundial do metal com tanta frequência atualmente o pouco que vejo ou me atento é que tem muitas bandas de qualidade sim, mas essa questão de demonstrar as devidas influências é mais uma particularidade de cada um então é uma questão da busca do som que quer fazer sem se preocupar se é ou não igual ou parecido com outras bandas. O Metal nunca vai deixar de ser criativo, porém é um fato que isso não será mais o foco para alguns, para mim tudo se baseia no propósito de cada um com sua música e honestidade com o que se quer fazer e se sinta bem.

 

4) Não acreditam que estamos vivendo uma fase “mais do mesmo”?

Alexandre Pontes –  Antigamente existiam menos bandas e mais qualidade porque eram novidades….as coisas ficaram invertidas no meio da música justamente por nem tudo que é novidade é ou pode ser considerado bom ou relevante, entenda bem, não estou dizendo que hoje tem muitas coisas ruins, eu posso até não gostar da musicalidade de uma banda mas não significa que não sei reconhecer que seja boa dentro da proposta que é oferecida. Eu ainda acredito na música como uma forma de arte e é realmente preciso algo essencial que não tem nada haver com apelações para você ser notado, que se tenha algum fator natural e profundo, que seja reconhecido isso na sua música e acho que justamente na falta disso que é tão primordial algumas bandas passam essa impressão de “mais do mesmo”, mas essa é uma opinião baseada no meu gosto pessoal apenas.

 

5)  Dentro do cenário atual de total descrença nos formatos físicos de música, principalmente CDs e DVDs, vocês apostaram nas plataformas digitais para promoverem “Enlighten” e também seus antigos trabalhos. Ficaram contentes com o retorno dessa iniciativa? Acreditam que esse será a substituição definitiva para os lançamentos em um futuro próximo?

Alexandre Pontes –  Esses modelos de promover o trabalho são mais feitos dessa maneira por necessidades entende, mediante  a todo esse avanço e rapidez com que tudo ocorre e também devido ao comportamento e mentalidade por boa parte do público em não apoiar as bandas devidamente como se deveria, não que isso fosse uma obrigação, mas deveria haver um apoio real e não essa hipocrisia pregada por alguns sobre “apoio a cena”, as pessoas realmente envolvidas no propósito de apoio ao Metal e bandas seguem conforme suas possibilidades comprando  matérias de bandas nacionais, zines, revistas, divulgam, acho isso importante demais para que a engrenagem continue girando. Tudo gera trabalho, investimento sem uma garantia de retorno, então acho sensato ter os pés no chão na hora de promover seu trabalho e material. Eu espero que não ocorra essa substituição definitiva, mas é algo a se pensar pois o avanço das tecnologias e mudança de mentalidade do headbanger pode mudar mais ainda e para a pior.

 

6)  Outro grande destaque são as ilustrações de seus álbuns, totalmente de acordo com a atmosfera dos plays. Fale nos como são escolhidas as artes e se vocês sugerem através de uma ideia partida de vocês, ou escolhem uma arte já criada.

Alexandre Pontes – Eu sempre estive envolvido nesse processo e a ideia inicial dessa representatividade da arte  com a música é algo que valorizo e me preocupo em relação ao nosso trabalho então eu passo a ideia para os designers e eles seguem livres para desenvolver suas ideias conforme o caminho que apresentei e assim nós vamos desenvolvendo os detalhes para que as coisas fiquem satisfatórias pra ambos os lados, tem dado muito certo essa parceria, mas não é uma regra que as coisas funcionem assim sempre.

7)  Vocês fizeram várias apresentações para promoverem “Enlighten”, inclusive fizeram a abertura para o show do Rotting Christ no Rio de Janeiro. Fale nos dessa experiência e de como é executar composições tão complexas ao vivo.

Alexandre Pontes – Tocamos bastante em 2016 e fechamos com chave de ouro sendo a banda de abertura para o Rotting Christ aqui no RJ, sinceramente, foi mais um show importante como todos, independentemente de qual seja o cast. de bandas ou nesse caso a banda de abertura para uma banda gringa e consagrada, o que prevalece é o profissionalismo, boa conduta e respeito com todos envolvidos no evento desde a produção ao público é o mesmo no mais é fazer bem a sua parte. Sobre a execução das músicas ao vivo isso sempre serviu para nos dar mais confiança de como as músicas poderiam criar uma conexão com o público mesmo em seus momentos mais intensos e atmosféricos.

 

8) Voltando a mídia digital, seu canal no Youtube, contam com inúmeros vídeos e postagens de sons do As Dramatic Homage, e comprovamos que eles possuem várias visualizações e acessos. Esse tipo de ferramenta, na sua opinião, ajuda realmente na divulgação do trabalho da banda?

Alexandre Pontes – Tudo mudou nesse segmento e essas ferramentas ajudam muito, mas eu vejo que tudo acontece muito rápido a nível de informação, acho esse aspecto ruim pois nem sempre a pessoa se apega em descobrir mais profundamente a história e musicalidade de uma banda, mas vai do interesse de cada um.

9) Vocês já tem planos para o sucessor de “Enlighten”?

Alexandre Pontes – Eu não me preocupo muito com essa questão de lançar trabalhos sucessivamente pra não correr o risco da banda ser esquecida, é difícil demais manter uma banda então eu procuro fazer com que as coisas possam fluir como podem e tem que ser com cada esforço e determinação para seguir adiante e assim prefiro me atentar a qualidade  e não a quantidade  mas já estamos com boa parte do sucessor do Enlighten pronto no sentido de músicas fechadas mas faltam algumas coisas a respeito de letras e detalhes a serem ajustados, talvez em 2018 devemos apresentar algo novo.

 

10) A complexidade do trabalho de vocês já foi conferida pelos bangers do exterior? E como foi a repercussão?

Alexandre Pontes – Sim já foi, mas nada que fosse surpreendente, porém satisfatória, mas devemos focar algumas atividades mais para o exterior no próximo trabalho, é uma das metas.

 

11) Vocês já têm algum planejamento para realizar alguns shows no exterior?

Alexandre Pontes – Não, isso depende de muitas coisas que não condizem muito com as possibilidades atualmente em vários aspectos, não vejo essa minha opinião como “sonhar pequeno” ou “não meter as caras” … a gente precisa saber se o preço que iremos pagar por certas atitudes vai valer muito a pena e dizer que foi para fora do país tocar e permanecer no mesmo canto não acho isso prudente dependendo das suas necessidades, condições e prioridades, mas quem sabe um dia.

 

12)  Gostaríamos de agradecer imensamente á todos do As Dramatic Homage por fazerem parte das comemorações dos 30 anos do Fanzine Mosh e deixem uma mensagem para nossos leitores.

Alexandre Pontes – É uma honra ser parte dessa história repleta de esforço e amor ao Metal, muito obrigado mesmo e que o Fanzine Mosh permaneça firme e forte por muitos anos! Aos leitores deixo os meus sinceros agradecimentos pelo tempo dedicado para ler essa entrevista com atenção e apoio. Um abraço e permaneçam firmes na luta e progredindo em seus ideais.

 

Contato: adh.contato@gmail.com

Sites relacionados:
www.facebook.com/AsDramaticHomage
www.metalmedia.com.br/asdramatichomage

Interview · News

Postado em novembro 29th, 2017 @ 07:43 | 2.129 views
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