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14 Dec 2024, 8:21 am

Mosh Classic: Led Zeppelin – Houses Of The Holy (50 anos)


Por Emerson Mello

Já ouvi algumas pessoas dizerem que o Houses of the Holy é o Sgt Peppers do Led Zeppelin. Não sei se chegaria a tanto, mas de fato o HOTH é o álbum aonde eles experimentaram mais e trouxeram referências musicais mais variadas pro som da banda, gerando um resultado bem eclético. O Led Zeppelin nunca teve medo de ousar, mas aqui eles ainda foram além, passando do Hard Clássico ao Progressivo, do Reggae ao Funk, Folk e outras referências onde nenhuma música soa igual à outra e sempre dando o tom zeppeliano na coisa. E isto de maneira alguma faz com que o álbum soe irregular ou desconexo, muito pelo contrário, acabou sendo a gestação de mais um clássico da banda.

A arte da capa foi desenvolvida pela Hipgnosis, empresa de design gráfico artístico que já trabalhava com inúmeras bandas na época incluindo Pink Floyd, Wishbone Ash, UFO e outras. O álbum era pra ter sido lançado em 15 de fevereiro de 1973, porém devido a diversos compromissos da Hipgnosis que atrasaram a entrega, a data de lançamento teve que ser adiada para 28 de março de 1973. A foto foi feita em Giant’s Causeway (Irlanda do Norte) e mostra crianças vinda do mar subindo a calçada. Os irmãos Stefan e Samantha Gates foram as crianças que saíram na foto escalando as pedras, inclusive nesta época Samantha já era atriz mirim. Curiosamente a capa sempre é bloqueada em postagens do Facebook, que alega que a mesma faz apologia à nudez infantil.

A banda em Headley Grange – local das gravações.

House of the Holy quinto disco da banda, foi o último disco da banda pela gravadora Atlantic, antes deles fundarem sua própria gravadora Swan Song em 1974, ano seguinte, e mais uma vez a produção ficou por conta de Jimmy Page. A banda iniciou as gravações ainda em 1972 em Berkshire utilizando o estúdio móvel dos Rolling Stones e também em Headley Grange, local utilizado pela banda em diversas gravações.

The Song Remains the Same, que abre o disco, era um tema recorrente de Jimmy Page. Anteriormente ela se chamava The Campaign e a ideia de Page era que ela fosse uma instrumental e servisse como ligação para a Rain Song. Mas Plant gostou muito do tema e quis inserir melodia vocal e uma letra. E assim nasceu um grande clássico da banda, título que depois virou nome do filme. A música começa com um riff de guitarra e ela continua conduzindo a música enquanto John Paul Jones faz algumas linhas de baixo bem marcantes, até desacelerar para a entrada dos vocais de Plant. A poderosa cozinha de John Paul Jones e John Bonham traz um peso sinfônico pra música, que soa vigorosa e ao mesmo tempo que Page faz diversas variações harmônicas, soando na minha opinião como um pequeno flerte com o Rock Progressivo. Rain Song, a música seguinte, simplesmente é uma das coisas mais belas que já foram feitas história da música! Inexplicável a inspiração e toda a delicadeza do arranjo e a interpretação vocal magistral de Plant, um trabalho fenomenal de Page nas guitarras e a sutileza sobrenatural de John Paul Jones nos arranjos de cordas (na verdade executado no mellotron), enquanto Bonham cala seus críticos que dizem que ele só sabe dar porrada no instrumento. Além da beleza da parte instrumental, a letra é uma das mais belas feitas por Plant começando com os belos versos “It is the springtime of my loving/The second season I am to know/You are the sunlight in my growing”. Vale a pena conferir também a versão do álbum ao vivo Song Remains the Same. Over the Hills and Far Away é um folk aos moldes do que a banda já tinha feito no Led Zeppelin III, aqui a banda trazendo um pouco peso do Led Zeppelin IV, uma mistura que funcionou bem. The Crunge fecha o lado A do vinil, e em tese seria uma espécie de homenagem da banda a James Brown, já que ela claramente flerta com o Funk. A música nasceu de uma jam, aonde Page criou o riff, JPJ e Bonham o acompanharam enquanto Plant criou a melodia e a letra. JPJ ainda adicionou um arranjo bem interessante de sintetizador.

Bob Marley and the Wailers – inspiração para D’yer Mak’er?

Abrindo o lado B temos Dancing Days numa pegada bem pop, provando que a banda estava aberta a diversas possibilidades neste álbum. Como de praxe, temos várias camadas de guitarra por parte de Jimmy Page gerando várias texturas, o que torna muito interessante de se ouvir com fones de ouvido, uma viagem à parte. D’yer Mak’er na sequência, foi uma música bem criticada à época, inclusive pela revista Rolling Stone, pelo fato da banda ter feito um reggae. Um Jimmy Page empolgado com o disco do Bob Marley and the Wailers em mãos, provavelmente explique a incursão da banda para o reggae em ‘D’yer Mak’er’. Fato é que o Led Zeppelin nunca fez o que se esperava deles e sim sempre buscou novos caminhos, gostem os críticos ou não. Obviamente a banda adicionou seu próprio molho na coisa, e acabou que a música se tornou um grande hit da banda, sendo regravada posteriormente por outros artistas, inclusive no Brasil.

No Quarter sem dúvida uma das minhas preferidas da banda, começou com um tema de JPJ ao piano utilizando alguns efeitos de modulação causando um efeito hipnótico, como se fosse um mantra. A voz de Plant vem suave, quase como um sussurro, como se estivesse soando de outra dimensão. Os versos ‘The snow falls hard and don’t you know?/The winds of Thor are blowing cold’ sugerem que Plant se inspirou na mitologia nórdica e nos Vikings trazendo uma letra enigmática que casa perfeitamente com o  tema instrumental. No Quarter junto a Rain Song são dois pontos altos em toda a discografia da banda. Fechando o álbum temos ‘The Ocean’, composta em homenagem ao ‘oceano de fãs’ da banda, visão que eles têm de cima do palco – ‘sea of heads segundo Plant..  Ouvimos a voz de Bonham no início “We’ve done four already but now we’re steady/And then they went: One, two, three, four” e entra mais um riff clássico de Page e uma levada grooveada da banda. No meio a música para e entra um cativante ‘nanana’ a capella cantando por Plant até voltar e cair no final mais acelerado com o solo de guitarra.

Assim chegamos ao final de mais uma obra-prima da banda, que emplacou até seu quinto álbum clássico e partindo pro ao vivo Song Remains the Same que aumentou ainda mais a mística e a popularidade da banda. Ironicamente, House of the Holy a música que deu título ao álbum, ficou de fora entrando somente no álbum seguinte, o Physical Graffiti. Papo para outro dia e pra outro Classic Album.

Ouça o álbum no link abaixo:

Lado A

01 – “The Song Remains the Same” 5:32

02 – “The Rain Song” 7:39

03 – “Over the Hills and Far Away” 4:50

04 – “The Crunge” 3:17

Lado B

05 – “Dancing Days” 3:43

06 = “D’yer Mak’er” 4:23

07 – “No Quarter” 7:00

08 – “The Ocean” 4:31

Duração total: 40:58

Line-up

Robert Plant – vocais/gaita

Jimmy Page – guitarra

John Paul Jones – Baixo/teclados/backing vocais

John Bonham – Bateria/backing vocais

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Postado em março 28th, 2023 @ 18:14 | 2.200 views
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