Por Emerson Mello
O Bad Company já nasceu como um supergrupo, afinal já tinha no seu front o requisitado vocalista Paul Rogers, que já tinha consolidado seu nome no Free, era o sonho de Ritchie Blackmore pra assumir o Deep Purple no lugar de Ian Gillan, e era influência de muitos vocalistas como Coverdale, Glenn Hughes, Jimi Jamison e outros. Assim como Paul Rogers, também vindo do Free, temos o baterista Simon Kirke. Outro medalhão era o guitarrista Mick Ralph, um dos fundadores do Mott the Hoople, outro nome consolidado na cena britânica. Completando o time temos o baixista Boz Burrel, que já tinha passagem pelo King Crimson. Com este time, a chance de dar certo era grande e a expectativa criada foi grande. O álbum foi o primeiro lançamento da Swan Song Records, gravadora do Led Zeppelin e foi um sucesso estrondoso desde o seu lançamento, sendo multiplatinado, ficando 25 semanas entre os 10 primeiros das paradas musicais britânicas, eleito pela revista Kerrang! Como o 40º de Heavy Metal de Todos os Tempos e incluído no livro 1001 Álbuns Pra Se Ter Antes de Morrer.
Tudo grandioso então os caras não poderiam errar, então o estúdio escolhido foi o Headley Grange, já famoso por ser usado pelo Led Zeppelin e usaram o estúdio móvel de Ronnie Lane – usado por outros músicos famosos como Eric Clapton, Rick Wakeman, Peter Frampton e outros. A qualidade da gravação soa muito bem até hoje, mesmo cinquenta anos após a gravação, com uma sonoridade totalmente orgânica e viva, nos dando a impressão que estamos ‘dentro’ do som. Também não economizaram para a capa e chamaram a requisitada Hipgnosis, já famosa pelas suas artes icônicas para outras bandas. A capa minimalista, com a logo da banda em branco chapada num fundo preto acabou se tornando uma marca registrada da banda.
Com todo este aparato a música não poderia decepcionar. E não decepciona. O repertório traz aquele característico Classic Rock com pitadas de Hard Rock, primando pelo som simples e direto e a banda acerta em cheio nas composições com melodias cativantes e refrões marcantes. Começando com Can’t Get Enough composição de Mick Ralph, já dá o cartão de visita do que vai vir no álbum, cheio de groove e malícia pela cozinha envolvente de Burrel e Kirke, conduzida pelo vocal rasgado de Paul Rogers e as guitarras certeiras de Ralph. Bingo! Rock Steady, composição de Rogers, mantém a temperatura com mais um refrão forte e gruda na cabeça. A banda dá espaço pra Ralph brincar um pouco na sua Les Paul. A próxima Ready to Love, Ralph trouxe direto do repertório do Mott the Hoople, e achei que a versão do Company é superior a original. Don’t Let Me Down não é uma regravação dos Beatles e sim a primeira parceria entre Rogers e Ralph, sendo uma balada intimista conduzida pelo piano e com adição de backing vocais femininos e que funcionou muito bem. O solo de sax de Mel Collins também merece destaque que trazendo um tom de versatilidade à música.
Abrindo o ‘lado B’ temos a música que dá nome a banda, uma parceria de Rogers e Kirke. Com um riff no piano e música tem um andamento denso com Rogers narrando a saga de um cara errante que já nasceu com o destino marcado e chegando no refrão “Bad company I can’t deny/Bad, bad company’Til the day I die”. Clássico absoluto. The Way I Choose deixa o clima mais leve, sendo outra balda, desta vez conduzida pela guitarra de Ralph novamente a banda utilizando o recurso do sax. Movin’ On esquenta o clima novamente com um groove dançante e Ralph conduzindo a música com sua Les Paul. Seagull fechando muito bem, novamente uma dobradinha Rogers/Ralph, tendo uma pegada mais folk, sendo conduzida unicamente pelo violão com o apoio apenas do baixo de Burrell.
Talvez alguns fãs do Free tenham torcido o nariz pra este Bad Company, mas é inegável que é um grande álbum e inicia muito bem o que seria uma carreira de muito sucesso, com todos os ingredientes do Rock’n’Roll com fama, excessos, mas com uma discografia que merece ser visitada e apreciada.
*Ficha Técnica
Banda – Bad Company
Álbum – Bad Company
Lançamento – 24/05/1974
*Line up
Paul Rodgers – vocais/guitarra/violão/piano/percussão
Mick Ralphs – guitarras/teclados
Boz Burrell – baixo
Simon Kirke – bateria
Músicos convidados
Sue Glover & Sunny Leslie – backing vocais
Mel Collins – sax
*Músicas
Lado A
01 – Can’t Get Enough 4:17
02 – Rock Steady 3:47
03 – Ready for Love 5:03
04 – Don’t Let Me Down 4:22
Lado B
05 – Bad Company 4:51
06 – The Way I Choose 5:06
07 – Movin’ On 3:24
08 – Seagull 4:04
Duração total: 34:45