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2 Nov 2024, 10:45 pm

Mosh Classic: Deep Purple – Burn (50 anos) – A estreia incendiária da MKIII


Emerson Mello

Depois de chegar no olimpo do Rock com Made in Japan, veio a ressaca com Who Do We Think We Are e logo depois jogaram a bomba que nenhum fã da banda esperava: Gillan e Roger Glover estavam fora. A incerteza e a ansiedade devem ter tomado conta dos fãs e a responsabilidade da banda em achar novos músicos a altura era gigante. O primeiro a chegar foi Glenn Hughes, vindo do Trapeze, banda que vinha numa crescente e havia lançado em 1972 o ótimo You Are the Music…We’re Just the Band, considerado por muitos o melhor da banda. Talentoso tanto no baixo quanto na voz Glenn Hughes, facilmente daria conta do recado, mas reza a lenda que Blackmore queria um vocalista ‘solto’, sem a preocupação de ter que tocar um instrumento, então a banda continuou a procura de mais uma pessoa. O nome de Paul Rogers, já famoso por conta do Free, chegou a ser cogitado, mas no final a escolha caiu em cima do (até então) desconhecido David Coverdale, que na ocasião era um vendedor de uma boutique e já havia tocado em alguns projetos de menor expressão, sendo àquela altura um total desconhecido no meio musical. Mas Blackmore sempre teve fama de descobrir de talentos, acertou em cheio na escolha. Agora com dois vocalistas, o dueto de vozes era um ingrediente novo na receita da banda e não só funcionou muito bem como virou marca registrada desta formação: a soma do vocal agudo e limpo de Glenn Hughes com o vocal grave e rouco de Coverdale deu uma liga perfeita. A exemplo do clássico Machine Head, Burn também foi gravado em Montreux na Suíça e a banda também utilizou o estúdio móvel dos Rolling Stones, sob a batuta do mago Martin Birch. Sem incêndios desta vez, afinal a história já estava escrita e eternizada. A icônica capa mostrava os integrantes com velas derretidas sobre as cabeças, como se cada integrante fosse um castiçal e chamou atenção pelo conceito diferente. Assim estava nascendo o que ficou conhecida como MKIII, a terceira formação da banda. Devido a questões contratuais, Glenn Hughes não aparece creditado nas composições, apesar de ter colaborado em algumas. Na edição do trigésimo aniversário de Burn ele aparece creditado como co-autor nas músicas, com exceção de Sail Away, Mistreated e ‘A’ 200.

Glenn Hughes não foi creditado nas músicas devido a questões contratuais.

Falando do álbum, ele já abre com a poderosa Burn, a música título e assim como Smoke on the Water, o riff também é em sol aberto, mas aqui muito mais rápido e agressivo. Soma-se isso a uma cozinha pulsante e vibrante de Ian Paice e Glenn Hughes e temos um resultado poderoso. Enquanto Roger Glover um era um paredão que dava toda a sustentação para o restante da banda voar, por sua vez Glenn Hughes era mais solto fazendo com que Ian Paice tocasse com mais groove e soltasse seu lado mais funky. Essa química permitiu que a banda explorasse outros caminhos nos discos seguintes. Numa letra totalmente enigmática de Coverdale falando sobre uma mulher misteriosa que roga uma maldição em tudo e em todos onde temos fogo e destruição. “People are sayin’ the woman is damned/She makes you burn with a wave of her hand ” as vozes se alternando num dueto até então inédito, dá ainda mais dramaticidade a história, e nos solos Lord e Blackmore esmerilham seus instrumentos, sendo um dos solos mais aclamados de Lord. A música volta aos versos iniciais até chegar ao seu final e com certeza ali já estava ganha o jogo pra quem duvidava se a nova formação iria funcionar. A música também foi um marco, pois foi a primeira vez que um baterista ‘solava’ enquanto o cantor estava cantando, enquanto o normal sempre é o baterista segurar pra voz sobressair. Mas neste caso a evolução da bateria é que deu o molho especial à música e foi algo totalmente diferente à época. Clássico absoluto, já regravado por inúmeras bandas e na lista dos maiores hits de Rock de todos os tempos.

A banda manteve a tradição de performances bombásticas ao vivo.

Might Just Take Your Life vem na sequência pra refrescar um pouco, mais cadenciada com mais groove, mais uma vez os duetos vocais funcionam muito bem e Lord brilha no solo final. Lay Down, Stay Down vem mais rápida num riff que gruda na cabeça e com Ian Paice imprimindo muita variação na interpretação da bateria. Sail Away talvez seja uma espécie de power ballad, vindo mais lenta, mas também com um certo peso e sem esquecer o groove. Coverdale mandou muito bem nesta interpretação. Paice mantém a velha classe colocando tempos e contratempos, isto tudo sem atrapalhar a melodia. Blackmore ‘segura a mão’ fazendo alguns contornos completando a melodia da música. Perfeita.

No antigo lado B começamos a 1000 por hora com um dos riffs de bateria mais famosos (e difíceis) do Rock: You Fool No One. Paice prepara o terreno para o riff magistral de Blackmore, que parece saído de um improviso de guitarra. Coverdale e Hughes entram cantando com o vocal dobrado, timbre e afinação perfeitos e o efeito é incrível. No solo Blackmore tem bastante espaço pra brincar, já dá pra sentir que ao vivo a coisa vai pegar fogo. Ela acaba sendo um dos pontos altos do álbum. Continuando temos What’s Goin’ On Here, mais calma e num andamento mais lento, Coverdale e Hughes brilham, enquanto Lord faz algumas intervenções no piano e com um belo solo. Na sequência outra que virou um grande clássico da banda: o Blues Mistreated, que tem uma estrutura parecida com Heartbreaker do Free, banda que Blackmore nunca escondeu que era fã. Glenn Hughes declarou que nos primeiros ensaios quando entrou pra banda quando Blackmore mostrou esta música pra ele, ele ficou em êxtase imaginando que estariam gravando um álbum memorável. Coverdale canta ela inteira sozinho, e acabou sendo uma das músicas de maior repercussão ao vivo, com a banda tendo performances magistrais. Confiram os álbuns ao vivo como Live in London ou California Jamming.

Fechando muito bem esta obra-prima temos a instrumental ‘A’ 200 onde no inicio Lord brinca em algo que parece um mini moog ou similar com alguns efeitos. Paice leva a música com uma batida mais tribal somado a várias camadas sonoras de Jon Lord, criando uma espécie de tapeçaria sonora, dando um efeito bem interessante. Blackmore ganha espaço pro seu solo o tema volta pra Lord que vai brincando com o mini moog até o final da música que vai abaixando lentamente no recurso de estúdio chamado fade out. Assim chegamos ao final de mais um clássico desta fantástica banda, e tirou todas as incertezas que pairavam nos fãs, inaugurando uma nova era para a banda com novos clássicos seguindo em um novo direcionamento, mas sem perder a essência. Aqui o Deep Purple provou que poderia se reinventar e abrir novos horizontes e acrescentou mais um clássico pra sua história.

A terceira formação da banda, conhecida pelos fãs como MKIII.

*Line-up:

David Coverdale  – vocais

Ritchie Blackmore – guitarra

Jon Lord – Hammond/teclados

Glenn Hughes – baixo/vocais

Ian Paice – Bateria

*Tracklist:

01 – Burn – 6:04

02 – Might Just Take Your Life – 4:36

03 – Lay Down, Stay Down – 4:15

04 – Sail Away – 5:48

05 – You Fool No One – 4:47

06 – What’s Goin’ On Here – 4:55

07 – Mistreated – 7:25

08 – ‘A’ 200 – 4:05

*Total – 41’37”

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Postado em fevereiro 15th, 2024 @ 07:41 | 480 views
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