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28 Apr 2024, 2:29 pm

Mosh Classic: Metallica – …And Justice For All (35 anos) – Repostado


Por Emerson Mello

…And Justifce For All é o quarto álbum do Metallica, e o primeiro após o acidente que culminou na morte do baixista Cliff Burton, em setembro de 1986. A banda tentou seguir em frente, mas os fantasmas ainda estavam lá, apesar deles não terem se tocado disso à época e quem sofreu as consequências foi o baixista Jason Newsted (vindo do Flotsam and Jetsam) que aguentou muita coisa por um bom tempo em sua passagem pela banda. O fato é que na época da morte de Cliff a banda estava em franca ascensão com o álbum clássico Master of Puppets indo bem em todo mundo e a banda fazendo abertura pro Ozzy Osbourne, e a morte de Cliff foi algo inesperado e assustador. Hoje a própria banda reconhece que não souberam lidar bem com isso e descarregaram muito destas frustações em Jason. Isto afetou até mesmo a produção deste álbum, onde o som do baixo está praticamente inaudível, gerando algumas críticas e controvérsias com a banda dando várias versões pelo ocorrido e o produtor Flemming Rasmussen dizendo que zerou o volume do instrumento a pedido de James e Lars. No You Tube é possível encontrar algumas versões remixadas com nome de “In Justifce for Jason” com o som do baixo remixado.

Neste …And Justifce For All a banda encontrou um equilíbrio entre a agressividade e o peso dos álbuns anteriores e com uma pegada mais técnica, o que resultou em músicas mais longas com instrumentais e passagens mais trabalhadas. O vocal de James se mostrou mais firme e maduro com mais confiança, certamente resultado da experiência da estrada. Em termos de letras de uma forma geral a banda partiu para uma crítica social ao sistema de justiça dos EUA englobando temas como corrupção, desigualdade sociais, guerra e ao ‘american way of life’ de forma geral, inclusive a frase do título é retirada do ‘Pledge of Allegiance’ (“and liberty and justice for all”), que é uma espécie de juramento que promete fidelidade à bandeira e à república dos Estados Unidos e curiosamente no Brasil o álbum foi lançado no dia da nossa Independência. O conceito da capa retrata isso com a imagem da ‘Lady Justice’ amarrada por cordas se desmoronando e ruindo enquanto milhares de cédulas de dólares vão caindo. A capa foi desenhada por Stephen Gorman, à partir do conceito desenvolvido por James e Lars, conceito que foi levado ao palco, onde a Lady Justice era derrubada todas as noites.

A banda levou o conceito da capa para o palco com uma Lady Justice gigante.

O Garage Days, álbum onde a banda regravou algumas de suas maiores influências, serviu como uma espécie de aquecimento para James. A produção iniciou com o produtor Mike Clink, que produziu o álbum Appetite for Destruction do Guns and Roses, mas a coisa não funcionou e Lars ligou para Flemming Rasmussen. Depois de mostrar as demos feitas por Mike Clink a primeira missão de Rasmussen foi em relação ao som das guitarras que não estava agradando a banda. O esquema de gravação que prevaleceu no álbum foi um esquema onde a banda tocou ao vivo em três salas diferentes: uma pra bateria, uma pro baixo e guitarra e outra para as demais partes. O que percebemos é uma produção com um som ‘seco’, ríspido e agressivo o que casou perfeitamente com os temas propostos pela banda. 

Blackened abre o álbum e o que ouvimos é um mix de guitarras soando como se fossem uma orquestra ou um quarteto de cordas e o som vai crescendo até a entrada da banda com um riff rápido seguido da marcação da bateria de Lars. James nos conduz num cenário desesperador e avisa no refrão “Fire to begin whipping dance of the dead/Blackened is the end”. Na parte dp meio a música alterna de velocidade para uma levada mais cadenciada, sendo impossível não bangear junto enquanto James expõe as feridas do mundo “”Opposition, contradiction, premonition, compromise”. A parte que precede o solo tem dueto de guitarra bem marcante, Kirk começa o solo ainda na parte mais lenta e depois a banda volta para a parte mais rápida, gerando uma variação bem interessante.  A próxima música é a música título, começa com um tema mais lento com arranjos de guitarra a la James, e logo a coisa vira com todo banda entrando, e temos mais riffs cortantes. Agora James mira seu canhão no sistema de justiça norte americano “Justice is lost/Justice is raped/Justice is gone/Pulling your strings/Justice is done/Seeking no truth”. Lars revelou que muito dos temas do álbum foram inspirados ao assistirem a sessão de notícias da CNN. Eye of the Beholder fala de liberdade de expressão (ou falta dela) sob um ponto de vista cinza e pessimista. Isto fica bem claro em versos como “Independence limited/Freedom of choice/Choice is made for you my friend/Freedom of speech/Speech is words that they will bend/Freedom with their exception”. Ela traz um dos melhores solos de Kirk no álbum. One na sequência foi um dos singles do álbum e o vídeo foi um sucesso à época com cenas de uma equipe médica fazendo uma lobotomia em um soldado de guerra. A estrutura da música segue uma linha semelhante a estrutura de Fade to Black, começando mais lenta, privilegiando as melodias de guitarra, com toques de violão e vai crescendo no refrão e pra acelerar no final junto com o desespero narrado por James: “Landmine/Has taken my sight/Taken my speech/Taken my hearing/Taken my arms/Taken my legs/Taken my soul/Left me with life in hell”. A convenção feita pela banda em total sincronia com Lars fazendo uma virada na caixa, lembra o som de uma metralhadora, pra depois entrar outro grande solo de Kirk. As dobras de guitarras estão lá, mostrando a grande influência que James traz da NWOBHM. A música acabou se tornando uma espécie de hino anti guerra.

Quem está sem fôlego, faça uma pausa pra seguir adiante, pois a banda ainda tem muita munição e ainda estamos apenas na metade do álbum. Seguindo temos The Shortest Straw’, que mantém as críticas sobre corrupção e injustiça. Harvester of Sorrow,  é uma das minhas preferidas do álbum , cadenciada e cirúrgica sendo impossível não balançar a cabeça junto. The Frayed Ends of Sanity tem um coro no inicio que parece feito pro estádio inteiro cantar junto, logo seguido de um riff que fica na mente. Destaque também pra bela passagem instrumental que antecede o solo. To Live Is to Die é uma parceria póstuma com Cliff Burton. Começa um belo tema de violão e depois cresce pra entrada da banda e o instrumental vai se alternando entre passagens mais lentas e rápidas com tema principal da guitarra sendo muito marcante. Na segunda passagem temos um maravilhoso tema dobrado pelas guitarras e até tudo parar pra ficar somente o som de guitarra bem singela, sem efeitos e com guitarras ao fundo como se fossem violoncelos o que dá um efeito maravilhoso. O segundo solo a seguir foi feito por James, que toca de forma muito expressiva – deveria gravar mais solos na banda. Ao contrário do que se pensa, a frase “When a man lies, he murders some part of the world” não foi escrita por Burton, e sim foi extraída do filme Excalibur, segundo a segunda linha “These are the pale deaths which men miscall their lives” extraído de Lord Foul’s Bane do escritor norte americano Stephen R. Donaldson, sendo o último verso “All this I cannot bear to witness any longer. Cannot the kingdom of salvation take me home?” de autoria de Burton. Fechando o álbum temos a rápida Dyers Eve com uma letra bem ácida de James tratando do seu relacionamento com seus pais: “Dear mother, dear father/What is this hell you have put me through/Believer, deceiver”.

O álbum foi muito bem recebido, a crítica especializada elogiou veementemente e ele foi direto ao topo das paradas rendendo à banda discos de platina em diversos países, inclusive sendo multi platinado nos EUA, onde vendeu mais de 9 milhões de cópias. Alguns fãs consideram este o último álbum do ‘verdadeiro’ Metallica, outros ainda vão mais longe e dizem que o Metallica ‘parou’ no Master of Puppets. A despeito das controvérisas e opiniões …And Justice For All é uma bela obra do Metallica, que conseguiu aqui ter sucesso comercial sem ter que fazer concessões na sua música e sem dúvidas um álbum de destaque na discografia da banda.

*Ficha técnica

Banda: Metallica

Álbum: …And Justifce For All

Data lançamento: 07/07/1988

*Line up:

James Hetfield – vocais, guitarras, violão

Kirk Hammett – guitarra solo

Jason Newsted – baixo

Lars Ulrich – bateria

*Músicas

01 – Blackened 6:42

02 – …And Justice for All 9:46

03 – Eye of the Beholder 6:25

04 – One 7:26

05 – The Shortest Straw 6:35

06 – Harvester of Sorrow 5:45

07 – The Frayed Ends of Sanity 7:43

08 – To Live Is to Die 9:49

09 – Dyers Eve 5:14

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Postado em março 24th, 2024 @ 11:51 | 230 views
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