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12 Dec 2024, 5:53 am

Mosh Classic: Deep Purple – Who Do We Think We Are (50 Anos)


Por Emerson Mello 

Vindo de uma sequência avassaladora de 3 grandes clássicos, sendo eles: In Rock, Fireball e Machine Head, consolidado na turnê e no álbum que rendeu a banda o lugar mais alto no Olimpo, que foi o Made in Japan. Tudo isso em apenas dois anos. Mediante tudo isso, Who Do We Think We Are àquela altura era considerado o patinho feio da banda, renegado até mesmo por alguns dos próprios membros. Isso somado as cada vez mais constantes brigas, que culminaram na saída de Ian Gillan e Roger Glover, fizeram com que este álbum ficasse relegado praticamente ao ostracismo e também com pouquíssimas músicas aproveitadas no repertório da banda ao longo dos anos. Gillan declarou que foi um erro a banda ter seguido direto da turnê do Made in Japan e começar a gravar o álbum, que o certo seria eles terem tirado alguns meses de férias, mas que houve muita pressão dos empresários e da gravadora para que terminassem o álbum.  

A banda dividiu as gravações entre Roma e Walldorf (Alemanha) usando o estúdio móvel dos Rolling Stones e o clima de fato não era dos melhores, eles mal se falavam e muitas vezes gravavam em dias diferentes para não precisarem se encontrar. Coube ao mago da produção Martin Birch mais uma vez cuidar da produção, o que neste ponto garantiu uma certa unidade ao álbum, em contraste com o racha interno pelo qual a banda passava.  

A música que abre o álbum, Woman From Tokyo, praticamente foi o único hit do álbum. Um tradicional riff de Blackmore em sol aberto, um excelente groove de bateria de Ian Paice e um refrão que fica na cabeça: hit instantâneo. A letra foi inspirada pela turnê da banda no Japão, e nos versos iniciais isto já fica claro: “Fly into the rising sun/Faces, smiling everyone”.  Na sequência temos Mary Long. O nome é uma junção dos nomes Mary Whitehouse e Lord Longford, que na música viram uma só pessoa e que segundo Gillan ambos eram a encarnação de tudo de conservadorismo, hipocrisia e retrogrado que tinha na época no Reino Unido. De fato, a letra não alivia e já começa num papo reto: “Mary Long is a hypocrite/She does all the things that she tells us not to do”.   No refrão ainda pega mais pesado: “How did you loose your virginity Mary Long?When will you loose your stupidity Mary Long?”.  

Super Trouper uma música simples e sem maiores pretensões, mas que funciona bem e tem um bom solo de Blackmore.  Smooth Dancer musicalmente me lembra a sonoridade que a banda faria mais a frente, no retorno deles em 1984 no Perfect Strangers. Agora é a vez de Jon Lord dar uma esmerilhada no solo.   

Rat Bat Blue é uma música subestimada, sendo na minha opinião uma música que merecia mais destaque no repertório da banda. Um riff magistral de Blackmore com a banda acompanhando a levada junto. A parte vocal faz contraponto às intervenções da banda em convenções muito bem colocadas. Gillan mostra que o gogó está em dia e arrisca alguns agudos rasgados. Na parte do solo a música ganha mais velocidade e Jon Lord faz um solo absurdo, sem dúvidas um dos seus melhores. Na segunda parte do solo ele dobra com uma sonoridade próxima a um cravo e a influência de música erudita é nítida. 

Place in Line é um Blues aonde Gillan brinca com a voz empostada, variando bem a interpretação. O andamento começa mais arrastado e mais a frente acelera e fica numa levada a la Lazy e a banda se sente bem à vontade. Blackmore sempre se sai bem em Blues, a banda poderia ter explorado mais esta vertente ao longo dos anos. Fechando o álbum temos Our Lady, que eu particularmente considero a mais fraca, sem muita inspiração. Uma pena a Painted Horse ter ficado de fora da versão final do álbum, e acabou sendo lançada posteriormente no álbum Powerhouse. Uma música mais vibrante com um clima despojado poderia até ter entrado no lugar de Our Lady. 

Em 29 de junho de 1973 Gillan fez seu último show e deixou a banda, conforme ele já tinha informado em uma carta. Logo depois Glover foi demitido, o que fez com que a famosa MKII chegasse ao fim. A MKII é considerada por muitos fãs como a melhor formação da banda e este tão esperado retorno, só ocorreu em 1984, com a gravação do álbum Perfect Strangers. Mas isto é papo para outro Classic Album. 

01 – Woman from Tokyo 5:48 

02 – Mary Long 4:23 

03 – Super Trouper 2:54 

04 – Smooth Dancer 4:08 

Side B 

05 – Rat Bat Blue 5:23 

06 – Place in Line 6:29 

07 – Our Lady 5:12 

Line-up: 

Ian Gillan – vocais/gaita 

Ritchie Blackmore – guitarra 

Jon Lord – Hammond/teclados 

Roger Glover – baixo 

Ian Paice – Bateria 

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Postado em janeiro 11th, 2023 @ 10:06 | 2.778 views
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