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28 Mar 2024, 8:42 am

Mosh Interview com Pettalom


Com sua fusão de Gothic Metal e Metal Tradicional, o Pettalom, originário de Tatuí, interior de São Paulo, fez um pequeno burburinho no final do anos 90, início dos anos 2000 com o seu primeiro álbum, The Wine of the Night

por Alexander Vasquez

Mas como nem tudo são flores, brigas e desentendimentos levaram o grupo a sua separação. Mas em 2021, eles voltam e lançam um single. Vamos saber mais dos bastidores da ruptura e volta dessa banda que merece sua devida atenção.

– A banda foi formada quando, e como foi o início? A banda tem membros de outras bandas, os integrantes já se conheciam antes, como foi o “Pettalom begins”?

-A banda foi formada em 1995, mas o nome e a sonoridade do Pettalom definitiva só se solidificou em 1998 com a demo tape The Wine of the Night and the Promises of the Sun. A repercussão dessa demo nas revistas especializadas da época foi tão positiva que na sequência recebemos o convite do Selo Demise Records para lançarmos o debut álbum e integrar o cast. Os integrantes daquela época, tirando eu, Fernando Almeida ( guitarra ) e Alan de Augustinis ( guitarra na época ) são os únicos que continuam nesse nosso retorno atual que começou em 2020 e começa a render os primeiros frutos agora em 2021. Falar sobre todos os integrantes que já passaram pela banda e que a integravam na época é um ato impossível nesse momento.

– E o nome Pettalom, de onde veio?

-É uma mistura da palavra Petal ( pétala ) em inglês ou Petalo em espanhol, somadas ao mantra oriental OHM, que as tradições apontam como o som da criação do universo. Mas há uma versão mais simples e bizarra da criação desse nome antes da formação dessa ideia, que eu só contaria hoje em dia após muitas doses de whisky numa pizzaria. Não vêm ao caso no momento. Rsrs.

– Em 2000 vocês lançam o excelente The Wine of the Night, no auge do Gothic Metal. Como foi a repercussão na época? Tiveram pessoas que acharam que ‘só é mais uma banda de gótico’?

– Repercussão absurda de boa. Empatamos em nota 9 com os meus Iron ” GODS ” Maiden quando lançaram Brave New World. E o álbum Mágica do Dio ficou na mesma situação! Isso foi na revista Rock Brigade, na sessão de resenhas. Nesse mesmo ano os leitores da revista nos elegeram ” Revelação Nacional de 2000 “. Fomos unanimidade nas revistas da época, Roadie Crew falou muito bem do álbum, a revista Valhalla nos deu nota máxima. Todos os zines nos elogiavam barbaramente e teciam as mais diferentes análises e avaliações a respeito do álbum. O disco foi lançado no México pelo selo The Art Records e a revista Barahunda de lá nos deu duas páginas de entrevista e resenha também muito acima da média. Parecia que íamos decolar! Todos ficaram espantados com nossa mistura inédita de heavy metal tradicional com gothic metal e ninguém jamais nos citou, que eu me lembre, como uma banda a mais do gênero somente.

– Ainda falando desse álbum, eu tive o prazer de ouvir na época de lançamento, e fiquei surpreso com o resultado. E também achei curiosa a história sobre a capa, que o livro existe de verdade, e que mais fotos podem ser vistas no encarte. Vocês poderiam contar um pouco mais sobre a arte da capa do disco?

-Aquela foto se escolheu. A sessão de fotos foi focada em outros pontos, com cenários ( uma grande cruz celta de papelão pintada de dourado – parecia muito real – uma modelo, eu com uma cabeça totêmica de touro segurando um cálice….fomos pra coisa mais próxima de uma

floresta que podíamos, e essa foto do cálice , a rosa e o vinho foram tiradas como bônus , tipo meio que por acidente. O livro era psicografado, minha avó falecida o havia escrito muitas décadas antes desse momento. Por motivos pessoais que não posso mais relatar, o livro foi queimado alguns anos depois.

– Infelizmente, fazer metal do Brasil é uma batalha diária, e isso acarreta que bandas nascem, mas não continuam suas atividades, por vários motivos. E isso também aconteceu com o Petallom. Como e por quê houve esse hiato?

– Noossaaa!…. Isso daria um livro, não caberia aqui!… O importante é que estamos de volta e com a trindade compositora básica, eu, Alan e Fernando , que realmente formam uma estrutura com química mágica. Mas quem é argamassa de ouro na estrutura são os ” novos ” integrantes Rodrigo Momberg e Ricardo Menezes. Já toquei com eles em outras bandas derivadas direta ou indiretamente do período em que o Pettalom havia encerrado atividades no passado. Eles acrescentaram vontade, firmeza e foco, que era o empurrão que precisávamos para voltarmos a funcionar bem. Não haveria razão de voltar se não houvesse intenções firmes e inspiração.

– Haviam planos para um segundo álbum na época?

-Sim. O segundo álbum seria o ” famoso ” Ancient Sacraments, uma obra gigantesca que não soubemos pilotar bem na época e se quebrou na sua pretensão. Os cacos e pedaços estão todos arquivados. Muita informação. Corais, tenor solo, orquestrações… seria um álbum que faria frente ao estilo do Therion na época… as guitarras chegamos a gravar no estúdio do Korzus em São Paulo…. quem sabe um dia consigamos juntar as peças desse grande enigma, esse grande quebra cabeças. No momento só nos interessa a cover tributo da música Anjo, composta por China Lee e Ricardo Michaelis e gravada originalmente pelo lendário Salário Mínimo e o material novo que estamos compondo. A nossa versão e o vídeo clip oficial está bombando. ASSISTAM no YouTube!!! Já chegamos a 1000 visualizações em menos de duas semanas.

– E nesse período também vimos que alguns projetos paralelos viram a luz do dia (ou a neblina da madruga, rsrs…) e um deles foi o Pethallian, The Absinthe of the Apocalipse, (que eu ganhei uma cópia numa promoção via Facebook, e adorei as faixas ‘Rasputin’ e ‘Caroline’). Como nasceu essa banda e como foi sua recepção?

-Quando o Pettalom cessou atividades ainda nos anos 2000, houve discussões e até rupturas de amizades. Foi um período não muito agradável. Eu já me divertia numa banda paralela chamada Soturnia e eu e o Fernando formamos o Pethallian assim que o Pettalom esfacelou. A idéia era um Pettalom mais rápido , mais Heavy Metal e sem corais e firulas. Mas ainda o vocal feminino, uma ex-namorada minha, Ellá Méll que assumiu o posto. Gravamos dois bons trabalhos, os álbuns The Absinthe of the Apocalypse e o EP Ancient Bloody Europe, fizemos algumas boas apresentações, compusemos boas músicas como as que você citou, ‘Rasputin’ e ‘Caroline’, e o Pethallian virou meio que o irmão revoltado do irmão mais brilhante, sempre mais ofuscado e com visibilidade mais enevoada. Se o Pettalom fosse o Thor, o Pethallian seria o Loki , sempre vivendo à sombra do brilho do irmão. Acho que subconscientemente todos os integrantes que passaram pelo Pethallian foram sentindo isso e foram se mandando um a um , inclusive eu que sempre pensava no quão longe o Pettalom poderia ter ido….e quando o Pethallian acabou não me importei , pra falar a verdade. Foi uma desagregação natural.

– Depois desse primeiro álbum do Pethallian, saiu mais alguma coisa?

-O Ancient Bloody Europe, um EP que foi lançado em Portugal pelo selo Metal Soldiers num split com outra banda de Heavy Metal aqui da cidade, o Symptomen. Só que a parte do Symptomen que coube no álbum era o primeiro trabalho deles inteiro e, no final do CD , nossas cinco composições. Acho que em Portugal pouca gente chegou a escutar essa nossas músicas, que ficaram lááá no fim da fila de um monte de sequências de faixas. Destaco desse EP a pesadíssima Reincarnation of the Ripper e a letra em português no final de Theban Alphabet, uma homenagem explícita à conexão Lusitana e histórica Brasil/Portugal, que a cada dia se fortalece mais.

– E quais foram os outros projetos paralelos que saíram nesse período? Onde podemos ouvir essas bandas?

-Nem me lembro mais, sinceramente…. Tem o Witchlust, tinha o Soturnia e o Pethallian… Praticamente cada membro de cada banda ia saltando e se conectando a outras bandas que surgiam e depois também desapareciam…. Nosso Bandcamp chegou a acrescentar na discografia uma demo do Soturnia e os dois álbuns do Pethallian, além de demos inacabadas do Pettalom. Mas acho que isso não vai mais permanecer no ar muito tempo, confunde muito a cabeça das pessoas. Hora do Pettalom fazer uma faxina geral, talvez…. e só deixar o The Wine, o que estamos fazendo agora é nossos lançamentos futuros.

– Quando houve a volta da banda? Pois nesse hiato, a banda se manteve ativa, certo? Algumas demos formam lançadas e em 2018, foi lançado o Sanctfy my Fog, via Bandcamp. Esse álbum terá seu lançamento em formato físico num futuro próximo?

-Então… O Sanctify foi meu grito de teimosia e persistência… Uma experimentação de muitos cacos e pedaços de tudo o que já falei… talvez não deva permanecer disponível e não há razão alguma para investirmos tempo, dinheiro ou esforço para lança-lo em formato físico. Portanto, quem quiser baixa-lo corra no pettalom.bandcamp.com antes que ele seja deletado e guardado por nós apenas como arquivo.

– E o streaming? A banda pretende colocar seus discos no Spotify, Deezer… e o que acham dessa nova forma de ouvir música?

-Prefiro vinil. Sou das antigas. Mas está disponível o The Wine of the Night nas plataformas que você citou, graças ao sempre amigo e guerreiro da imprensa metal Maicon Leite.

– E chegamos em 2021, com o lançamento do single e do clip de um cover da música ‘Anjo’ da banda clássica Salário Mínimo . Como foi a escolha dessa música? E esse foi o motivo da reunião da banda?

– A princípio outra formação do Pettalom que tocou na Fofinho em São Paulo na Gothic Night Festival (show facilmente encontrável no YouTube) também dispersou e eu fiquei novamente sozinho carregando o nome Pettalom nas costas e no coração. Pensando no que deveria fazer …. Aí surgiu a dica do irmão Dewindson Wolfheart para participarmos de um tributo ao lendário Salário Mínimo que estava já em andamento. Como nos anos 80 o álbum deles Beijo Fatal era um clássico absoluto do metal brasileiro e eu curtia demais, fiquei empolgado. Conversei com o China Lee e acabei escolhendo a balada Anjo, por similaridade inclusive de uso da região vocal. Eu senti que uma versão do Pettalom cairia como uma luva, pois temos baladas como By My Devotion e semi-baladas como Feelings Buried Alive onde me saio muito bem no vocal , e não seria difícil adaptar esta composição do China Lee e do Ricardo Mickhaelis. Me dirigi ao estudio 8 do amigo Iago Pedroso, também vocalista , compositor e guitarrista da banda Symptomen, e combinamos o processo de produção e os custos. O Iago gentilmente fez um preço que cabia no meu bolso, gravou alguns instrumentos e produziu magistralmente minha voz. Sacou de imediato que mudando a tonalidade da música de Mi para Ré meu vocal renderia muito mais e eu poderia subir tranquilamente no refrão. Se fosse em Mi provavelmente eu teria que descer para o gravão gótico no refrão. Em aproximadamente 35 minutos gravei os vocais todos e o Iago depois mixou e editou tudo. O resultado do trabalho foi mostrado para o nosso guitarrista Fernando Almeida e ele se empolgou e foi gravar num outro dia as guitarras complementares e o solo modificado, de autoria dele, pra não ficar apenas mais uma cover, mas uma versão. Paralelamente a isso, já havia um processo de desejo de retorno à banda de Alan de Augustinis, um dos principais compositores do Pettalom do nosso clássico The Wine of the Night. Eu e ele chegamos a ficar anos sem nos falarmos na época da primeira grande ruptura da banda. A volta dele foi extremamente amistosa e conversamos todos os aspectos de forma madura e bem consciente. Aí na sequência, como num passe de mágica, que na verdade era uma sequência lógica de um grande processo cármico, Rodrigo Momberg se acoplou à banda também, com muitos planos e trazendo novas e muito boas idéias, além do talento como guitarrista e vocalista também. Ricardo Menezes, que tocou comigo em outras bandas por muitos anos e também numa das apresentações tentativas de volta em 2016 e sempre foi fã do Pettalom, foi o último a se acoplar à nova formação. O resultado de tudo isso pode começar sendo conferido no YouTube no belíssimo clip da música Anjo. Só temos recebido rasgados elogios e posso dizer sim, que foi esta composição do China e do Mickha que reagrupou o Pettalom de volta à cena e a seus próprios trilhos.

– Planos para o futuro. O que podemos esperar do Petallom de 2021? Já podem adiantar nome de álbum?

-O nome do álbum, que será um EP conceitual, prefiro não revelar o nome ainda, mas posso adiantar que a temática será uma história semi-fictícia de um mago que se perde no caos da pós modernidade digital, desintegradoras e hiper veloz e tem seus “eus” espalhados e perdidos pelo mundo principalmente através da Web. O Lado escuro dele, um demônio pessoal chamado Von Daemon Lidev também escapa e se une às 333 armadilhas do demônio Thelemico Choronzon (aí entra a obra, as práticas e as Ordens iniciáticas derivadas do mago , artista e profeta da Nova Era Aleister Crowley, que já inspirou profundamente Led Zeppelin, Iron Maiden, Therion e centenas de bandas de metal) que tem por objetivo impedir qualquer espécie de clarificação e obtenção de verdadeiro conhecimento interno espiritual. Será um desafio condensar tudo isso em 5 faixas! Musicalmente algumas pessoas se surpreenderão com coisas inesperadas que surgirão nos vocais e no instrumental, mas ao terminarem de ouvir o trabalho, tenho certeza que perceberão que o Pettalom não mudou sua fórmula básica, mas apenas se permitiu ao direito de se expressar conforme os novos e caóticos tempos que atravessamos agora. A essência não mudou, apenas sua linguagem se alterou e se adaptou naturalmente.

– Como é tocar Gothic Metal nos dias de hoje? Mesmo que a cena metal seja bem diversa, por tocarem esse estilo de música, e em tempos de pandemia, como é promover uma banda como o Petallom? E vale a pena ainda investir em música autoral?

-Vale a pena investir em música autoral no sentido de auto satisfação, pois todos na banda nasceram com o dom e a sede de criar. Não estamos nem mais aí se dará dinheiro ou não, se faremos sucesso ou não…. Todas essas coisas são ilusórias hoje em dia e já deixamos esse tipo de ideias gananciosas e limitantes pra trás faz tempo… aliás continuamos gastando com a banda por prazer!… Isso deixa todo mundo relaxado, nós nos divertimos todo dia no grupo da banda e criando as músicas, fortalecendo cada vez mais nossas qualidades de seres humanos bem humorados e criativos… Não temos que esperar nada de nada, apenas trabalhar e fazer…. é só o que importa para o Pettalom. Fazer novas grandes e boas músicas e deixar feliz todo mundo que aprecia a banda e também a nós mesmos. E, na verdade, também não precisamos ficar preocupado com a cena gótica ou como ela se comporta hoje em dia e quais são os apetites dela, pois somos uma banda que tem uma característica única de ser uma perfeita junção de Gothic Metal com Heavy Metal tradicionalíssimo e mais algumas ramificações e aproachings que se estendem naturalmente também por alguns outros estilos que se somam ao trabalho. Temos certeza que, assim como o The Wine of the Night que agradou pessoas em ambos os estilos e apreciadores de outros gêneros e boa música em geral, nosso próximo EP cumprirá a mesma missão, mesmo surpreendendendo a muitos num primeiro momento. Por enquanto, relaxem e viagem na beleza da música e do vídeo Clip da música Anjo no YouTube. Ela é um trabalho de agregação de vidas, talentos e forças que extrapolam a simples existência de nós cinco agora constituídos o Pettalom do ano 2021 pra diante. Bora conferir, meus amigos!!!! Obrigado a você, Alexander “Chileno” Vasquez, por essa entrevista!

https://open.spotify.com/embed?uri=spotify%3Aalbum%3A76ZGx5ALK4KA8rB0Ehe7Zg

Interview · News · Underground

Postado em setembro 25th, 2021 @ 10:10 | 866 views
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