Por Adelson Souza
Das gélidas terras da Finlândia, da cidade portuária de Hamina, surgiu mais uma banda para honrar o que de mais grotesco e obscuro se faz de Black Metal por lá. Surgido em 2013, inicialmente com o nome de Blasphemous Witchcraft, o trio formado por Black Moon Necromancer Of Hades (vocais, guitarra e teclados), Goatprayer Of Black Baptism (baixo) e Grotesque Demon Of Dark Demoncy (bateria), lançou muitas demos e alguns splits, o que rapidamente chamou atenção pela sonoridade muito peculiar das bandas finlandesas, algo muito específico e, naturalmente, indicado somente para iniciados.
Recentemente, a banda esteve em São Paulo, se apresentando no festival Brazilian Ritual, mostrando que o legado do estilo está em boas mãos com esses jovens músicos. E ainda vieram com o batera Sodomatic Slaughter (Beherit) para nos brindar com faixas dessa lendária banda! Uma apresentação imperdível e será sempre lembrada por quem assistiu! Numa entrevista bastante detalhada, o vocalista/guitarrista/tecladista Juha Laine (Blackmoon Necromancer) nos contará tudo!
Bem vindos à bruxaria finlandesa!
FM – A banda iniciou suas atividades com o nome de Black Feast. Como foi esse começo?
Juha Laine – Não, não, isso é informação falsa. O Black Feast se separou e eu formei o Witchcraft depois em 2013.Originalmente, o nome era Blasphemous Witchcraft, mas foi alterado para Witchcraft antes de ser lançado qualquer coisa oficial. Lamento essa mudança de nome agora em retrospectiva, mas já faz 10 anos no passado. Tudo no começo foi consagrado ao underground tapetrading e para a glorificação do espírito do Black Metal, foi onde ouvimos nosso chamado e sentimos nossa queimadura.
FM- A banda tem muitas demos e 4 splits. Existe alguma diferença conceitual entre essas coisas?
Juha Laine – Na verdade,não. Cada lançamento é produto de seu tempo.
FM – A banda tem a mesma formação desde 2010 e isso é muito difícil. Como essa estabilidade foi possível?
Juha Laine – Porque não há muita gente interessada em tocar esse tipo de música na região onde moramos. Não há interesse em tocar em uma banda apenas por diversão, com pessoas cuja mentalidade é completamente diferente da minha. A linha do Witchcraft tem sido a mesma desde a formação do templo, Black Moon Necromancer of Hades (eu); vocais, guitarras, teclas, Goatprayer of Black Baptism; baixo, Grotesque Demon of Dark Demoncy; bateria.
FM – A Finlândia é um país tradicional na cena Black/Death Metal e o Witchcraft é muito representativo desse legado. Quais bandas da Finlândia são uma inspiração para a banda?
Juha Laine – Beherit, Satanic Evil, Barathrum, Black Crucifixion, Goatvulva, mas também quero mencionar Corpse Molestation, Cthonium, Samael, Sextrash, Sarcófago, Rotting Christ, Rator, Sil Khannaz, Sadistc Noise, Impurity, Morbid God, Exmortes, Hellhouse, Black Prophecies, principalment,e o espírito do velho e tumultuado Underground.
FM – O que você acha que diferencia a cena finlandesa de outras cenas ao redor do mundo?
Juha Laine – Acho que alguns dos álbuns com som e sentimento mais “finlandeses” são “Eerie” do Barathrum e “Shadows Of The Past” do Sentenced. Ambos têm uma sensação única de inverno, escuridão, melancolia e norte em geral. Ou álbum como “Drawing Down the Moon” de Beherit que carrega tanto misticismo nortenho que acredito que não poderia ter vindo de outro lugar. Eu não sei como explicar, exceto, que o as bandas soam puramente finlandesas para mim, mesmo que as influências venham todas da América do Sul. É “Tol Cormpt Norz Norz Norz” nosso “I.N.R.I.”? (N.R.: Provavelmente!).
FM – O Witchcraft participou do Brazilian Ritual Fest, em São Paulo. Como foi essa experiência?
Juha Laine – Realmente profano, reunindo muitos amigos e muitos shows brutais. Percebi a atmosfera do festival onde parecia que cada show era importante e as pessoas vinham assisti-los
de longe. alto e energia agitada nas duas noites! Ao contrário da Finlândia, penso que para a maioria das pessoas presentes os concertos eram o principal. Havia algo de monumental no Mausoleum, eles tocavam um dos mais espetáculos gloriosos e grandiloquentes que já vimos. Saudações a Eduardo Beherit por fazer tudo acontecer. Fora isso, São Paulo era um paraíso para os carnívoros. Aproveitei os dias descontraídos, bebendo cervejas no terraço do hotel e bar na cobertura. Uma das lembranças mais legais foi tocar bem alto “Bloody Vengeance” em carro no coração da cidade à noite.
FM – Sodomatic Slaughter veio junto com a banda e vocês tocaram algumas faixas do Beherit juntos. É comum uma participação entre as bandas finlandesas?
Juha Laine – Eu acho que não. Sodomatic Slaughter já participou conosco, ao vivo, algumas vezes, antes do Brasil já tocaram juntos aqui na Finlândia e uma vez na Alemanha.
FM – Como está o cenário finlandês atual?
Juha Laine – Em maior escala, eu não poderia me importar menos. Pouca ação underground ou coisas novas interessantes. Regere Sinister é uma ótima banda underground, tanto musical, quanto de atitude. O álbum deles deve sair em breve, talvez seja o LP mais goético, profano e punitivo que veio do solo finlandês há algum tempo! Essa é a promessa satânica, meu amigo. Bandas ou projetos mais recomendados são Depravement, Baphorator, Infernal Darkness, Flame, Asphodelus, Evil Angel, Anal Sex, Vampyric Blood, Warfare Noise.
FM – O que você conhece sobre a cena brasileira e sul-americana?
Juha Laine – Muito, porque são nossos favoritos e essas regiões produziram algumas das coisas mais malignas existentes. Goat Emperor, Typhon, Black Funeral, Necropussy, Calvary Death, Songe d’Enfer, Necrobutcher, Apolion’s Genocide, Offertory, Leprous Souls, Sathanas, Evoked Damnation, Mefistopheles, Profane Souls, Chemical Death, Expulser, Sartan, Asaradel etc.
FM – No Brazilian Ritual, vocês contaram com a participação de Armando Leprous (ex-Sarcófago, Holocausto e Mutilator, atual Tormentador) e tocou clássicos do Sarcófago. Conte-nos sobre
isso.
Juha Laine – Leprous tornou-se nosso irmão de sangue sacrílego. Fizemos um ensaio, em São Paulo, antes do festival e ele nos pediu para tocarmos juntos uma trindade ímpia de clássicos do Sarcófago como “Satanas”, “The Black Vomit” e “Nightmare”. Nós nos divertimos muito tocando essas coisas de improviso e concordamos em incluir uma das músicas do setlist. Mais tarde no festival ele se juntou a nós no palco para tocar “Satanas”, pena que minha corda quebrou cedo e tivemos que terminar a faixa no estilo deathcore absoluto, sem a guitarra. Estava quieto o número final brutal do nosso show e o público pareciam compartilhar a mesma energia que nós. Bem no final de no festival eu e Leprous fizemos “Nightmare” com Mystifier e naquele momento eu já senti que tinha reservado meu lugar no inferno.
FM – Quais são os planos do Witchcraft para o futuro próximo?
Juha Laine – Acabamos de tocar no Steelfest, em Hyvinkää, Finlândia. Até agora não há shows planejados para o resto deste ano. Nós estamos esperando a Escafismo Records lançar nosso split de 7” com o Nameless Tomb e a Brazilian Ritual Records lançar nosso 7” com Behalf Fiend. Também estamos trabalhando nos layouts de nossa próxima compilação intitulada “Bestial Vociferation”, que será lançado pela Nuclear War Now! Productions. Que será apresentado, anteriormente, material inédito e, apenas, comercializado. Se alguém estiver interessado em obter as três últimas fitas ensaio “Black Imprecation”, demo “Sodomythic Temple” ou demo “Ghastly Demonolatria” , as produções espanholas Down With The Most High Productions, recentemente, fizeram a segunda prensagem de cada fita após a primeira tiragem esgotada.
FM – Obrigado pela atenção. A palavra é sua para seus fãs brasileiros.
Juha Laine – tumba blasfema, cumprimentos esmagadores a todos que conhecemos e às bandas com quem tocamos por lá. Diablerie Bonfim Satanas. Templo, sangue e bruxaria!(N.R.: Essa
última frase ele respondeu em português mesmo).