Oriundos de outras bandas, o Disnney Hell finalmente chegou ao tão sonhado Full-Lenght, intitulado “O Jardim dos Esquecidos”, que será lançado em breve, fruto da união com a gravadora Eternal Hatred Records. Abusando do som extremo em todas as suas vertentes, é uma banda a ficar de olho. Conheçam um pouco mais sobre eles na entrevista a seguir.
por Alexander Vasquez
– A banda foi formada em 2005, e como foi o início? A banda tem membros de outras bandas, os integrantes já se conheciam antes, como foi o “Disnney Hell begins”?
O começo foi meio que por acaso… o baterista tinha acabado de sair do Queiron e Geminicarius, e continuou somente tocando em casa, e na época conhecia o Rodrigo (g) e do Mickey (v), e os dois precisavam de um espaço para ensaio (na época tinham uma banda de hard core) e como esses ensaios ficaram frequentes, o baterista começou a se enturmar mais com a banda, chegando a meter o bedelho… recentemente, o baixista dessa banda disse que saiu da mesma, por que o Billy (d e dono do local de ensaio) ficava no pé dele… sendo que o Billy acabou assumindo o baixo, e as composições acabaram seguindo um outro rumo.
Nisso o baterista da banda de hard core não ficou muito contente com a linha que a banda estava tomando, e acaba também saindo, e outro baixista assumiu o posto, e o Billy acabou indo tocar bateria tanto com essa banda de hard core, como no Exhortation (junto com o Rodrigo que acabou assumindo a guitarra). E como a nova banda estava seguindo uma vertente mais pesada e extrema, foi decidido que deveria ter um novo nome, e assim nasceu o Disnney Hell.
– E o nome, Disnney Hell, de onde veio?
É uma forma de ironia, da nossa atual realidade social e política, pois vivemos numa Disneylândia as avessas.
– Depois de demos, singles e um ao vivo, finalmente vai sair um full-lenght do grupo. Como foi o processo de gravação dele?
Em relação ao full-lenght, muitos devem achar que isso é ideia nova mas naverdade iriamos gravar uma música para uma coletânea, e um amigo nosso nos convenceu em gravar pelo menos as baterias de todas a músicas que tínhamos composto. E nisso queríamos aproveitar e
gravar as cordas também, mas por motivos financeiros isso não foi possível. Daí nasceu o nosso impasse por um tempo… não gostamos como ficaram as cordas na faixa da coletânea, e um certo “amigo” nos ofereceu umagravação no seu home studio, e acabou usando de má fé conosco, pois acabamos adquirindo equipamento para ele (que poderia ser muito útil para nós nos dias de hoje) e no inicio das gravações acabou surtando, dando varias desculpas, reclamar de isso e aquilo, e até chegou a nos insultar por causa do modo que nós tocávamos, e isso nos prejudicou de certa forma psicologicamente. E simplesmente ele desistiu de gravar concosco. Nisso tivemos um desentendimento, foi horrível. Conseguimos pegar o back up mas perdemos 2 músicas nessa brincadeira (ele disse que não sabe onde está, não achou…), ‘Sonhos’ e ‘Triste Fim de Zelinhas’ (uma música dedicada a banda de hard core). Decidimos gravar nós mesmo, na casa do baterista Billy, e ele se prontificou a buscar tutoriais de gravação, bem na raça mesmo. Fizemos um teste com os vocais, e vimos que daria certo. Sem contar a arte do álbum também fomos nós mesmo que fizemos, na cara e coragem.
– Tive o prazer de ouvir 2 faixas desse álbum, e percebi que a banda está com uma pegada mais Death Metal, seguindo a linha do Cattle Decapitation, Phobia e Pig Destroyer. Esse era mesmo o intuito do grupo, seguir nessa linha mais brutal?
A nossa influência sempre foi diversificada, e isso ocorreu naturalmente, durante os ensaios isso acabou surgindo a cada nova composição. E sempre seguimos a ideologia do metal extremo, sem frescuras ou firulas. Fora que também não somos muito apegados em rótulos, e sim seguir a linha da velocidade, da brutalidade.
– Sobre o disco, o que pode adiantar sobre ele? Data de lançamento, título, faixas…..?
Ainda não temos uma data definida para o lançamento, apesar da capa estar praticamente pronta. Até agora são nove músicas e o disco se chamará “O Jardim dos Esquecidos” com musicas que já tocamos ao vivo, como ‘Filhos de Maria’, ‘Luzes’, Faces dos Excluidos’ e as novas como a faixa título e como faixa bônus ‘Sem Alma’. Infelizmente 2 faixas ficaram de fora, ‘Sonhos’ e ‘Triste Fim de Zelinhas’, por problemas na hora de gravar.
– E as temáticas do disco, o que promete? Pois pelo que conheço, as letras são de protesto e indignação pelo mundo, isso ainda continua? E de onde vem à inspiração?
A temática do álbum “O Jardim dos Esquecidos” segue isso mesmo que você disse, a insatisfação e indignação com a raça humana, por questões óbvias. Essa auto-valorização, a degradação do homem em si, a mentira sendo compartilhada pelas redes sociais, a criação de falos mártires, deuses, e a fácil manipulação do ser humano… e sabemos que não é de hoje que o homem se deixa manipular. Fora que a ganância hoje em dia está chegando a patamares absurdos, e isso acaba incomodando muito. E isso revolta, e acaba se tornando uma competição. Inclusive no nosso meio musical. Hoje as pessoas vão a shows mais para criticar do que curtir. E a solidão que muitos sentem, no meio da multidão. E também a religião, outro tema recorrente nas letras das nossas músicas.
– Assinando um contrato com a gravadora Eternal Hatred Records, o que muda com a banda?
Já conhecíamos a gravadora, na época do Exhortation, e entramos em contato com o Duda, e ele se mostrou muito interessado com o nosso trabalho, e ficamos muito felizes ao saber disso. E desde o início da nossa parceria, só houveram benefícios. E como o Disnney Hell era uma válvula de escape, pois no ínicio era só um projeto paralelo, agora se tornou nossa fonte de inspiração para expormos nossos pensamentos, e o Duda veio com uma filosofia muito profissional , que nos agradou bastante, algo muito gratificante. Isso nos fez crescer mais como banda e sim poder almejar voos mais altos.
– Quais são os planos para o futuro da banda? Esse contrato significa um passo ao exterior, talvez…?
Estamos muitos felizes com esse contrato, essa nova jornada que a banda está começando. Voltamos a ensaiar firme e forte, pois ficamos um tempinho parado (por problemas pessoais) e como estamos agora com mais um guitarrista, o peso aumentou literalmente. E manter o foco no trabalho, pois o exterior é algo que almejamos, uma realização de um sonho da banda, e o selo também trabalha nesse intuito, e sem mudar nada na nossa ideologia tanto musical como nas letras. E também ficaríamos muito felizes em tocar no nordeste do país, seria uma outra realização.
– E o streaming? A banda pretende colocar seus discos no Spotify, Deezer… e o que acham dessa nova forma de ouvir música?
A grande vantagem de estar trabalhando com o Duda (Eternal Hatred Records) é que nós somos um pouco perdidos com essas novas tecnologias. E o selo vai cuidar da nossa divulgação em todas essas plataformas, pois isso é o futuro.
– Como é tocar som extremo nos dias de hoje? Mesmo que a cena metal seja bem diversa, por tocarem esse estilo de música, é fácil conseguir shows? E vale a pena ainda investir em música autoral?
Olha, o metal extremo é pessoal, tem que acreditar mesmo. O grande porém com a cena é a não profissionalização, pois sempre vem aquele sentimento de fazer o show “nas coxas”, mas não deveria ser assim. E quando digo “profissionalizar”, não é se vender e tocar o que o povo gosta, e sim ter um pouco de dignidade no evento. Infelizmente é comum tocar e nem ter água para beber. Sabemos sim que em shows de metal extremo é difícil encontrar casa cheia, mas nós sentimos prazer e satisfação em tocar esse estilo. E isso nos dá força para continuar, mas as vezes fica complicado, quando chegamos num evento, e não existe a mínima estrutura, pois nem todos sabem o quanto custou, qual é a nossa correria para que a banda esteja onde está. Não tem apoio de ninguém… instrumentos no Brasil ainda são muito caro… existem sim grupos com uma boa estrutura em equipamentos, mas para nós, a realidade é outra. Recentemente tivemos um prejuízo de R$4000 em equipamento, e quando tem show, esperamos uma ajuda de custo no transporte, água, alimentação… isso é o mínimo que podem oferecer. Nos anos 80, quando o Billy (d) morava na Bahia, sempre havia eventos com bandas de metal extremo, e sempre se via uma boa estrutura. Mesmo assim, o Disnney Hell é a nossa paixão, e não tocamo com muita frequência, pois decidimos priorizar bons shows, a ter que sofrer pela nossa paixão. Mas a batalha vai continuar, sempre.