Após um longo tempo dedicado ao trabalho, ROGÉRIO MARQUES retorna a sua antiga banda e, mais que isso, volta ao front trazendo consigo o Pagan Tales, uma gravadora independente que já trouxe ao mercado a coletânea Brazilian Doom Metal. Vamos conversar sobre isso e outras coisas mais. Nos acompanhe nessa viagem…
por Fellipe CDC
FM: Rogério, é muito bom ter você de volta ao cenário underground. Obrigado por este retorno e por aceitar conversar com o Fanzine MOSH. Trabalhou muito durante esse longo hiato musical?
Rogério: Salve grande Felipe, primeiramente é um prazer e uma honra bater esse papo contigo e participar do fanzine MOSH, obrigado pelo espaço!
FM: A ressurreição da ABERRATION DOOM trouxe muitas novidades. Dentre elas, agora é uma banda no qual você produz e toca tudo sozinho, com o apoio de um computador e, vez ou outra, com algumas participações especiais. Por quais razões optou por uma carreira solo?
Rogério: Sim, o Aberration Doom é um projeto One-Man-Band de death Doom metal que criei para sair da toca e externalizar as ideias e influências adquiridas nesses mais de 30 anos de metal e o motivo de ter optado por fazer tudo sozinho foi mais pela comodidade e falta de opções, mas já adianto por aqui em primeira mão que o Rafael Giraldi, baterista do Beholder’s Cult vai se juntar a mim nessa jornada aos recantos mais lúgubres do Doom metal.
FM: Conta um pouco lá do início da ABERRATION DOOM e se esse retorno traz alguma música dos primeiros dias.
Rogério: O Aberrattion surgiu em 1991 comigo na guitarra, Cristiano no baixo e Luciano e Samio que posteriormente fariam parte do Amenthis no vocal e bateria respectivamente, e com essa formação fizemos alguns ensaios e chegamos até a gravar duas músicas que se perderam com o passar dos tempos, mas logo a banda acabou e eu acabei indo para o Embalmed Souls e no ano passado resolvi usar esse mesmo nome acrescentando o Doom em homenagem aos meus antigos companheiros que infelizmente não estão mais entre nós. Sobre as músicas da primeira formação eu não estou usando nenhuma, somente o nome mesmo.
FM: Quais as suas pretensões com a ABERRATION DOOM e quais as perspectivas futuras, se houver futuro, já que o Brasil segue nas mãos de sanguinários.
Rogério: O meu objetivo com o Aberration Doom é continuar sendo uma banda de estúdio e continuar compondo e gravando e agora com a ajuda do Rafael Giraldi na bateria, que vai trazer muita experiência e gás para o projeto. Sobre os tempos atuais realmente não sabemos se teremos futuro, pois o que estamos presenciando e passando nesses tempos sombrios é algo inimaginável a uns anos atrás, pois estamos passando por um brutal genocídio que também é moral e cultural, um retrocesso enorme que ficará marcado para sempre nesse país que além de injusto e desigual historicamente, agora também ficara marcado pelo fascismo escancarado de boa parte de sua população.
FM: Falando nisso, não é tão comum ver bandas de Doom-metal se entrelaçando a causas sociais, entretanto, o novo single da ABERRATION embarcará um pouco nesse enredo com a música Genocide. Pode falar algo mais sobre a faixa?
Rogério: sim, o novo single Genocide fala desse período nefasto que estamos passando, com tanta ignorância e negacionismo, nunca as entranhas fétidas desse país esteve tão exposta, com tanto egoísmo, individualismo e intolerância. Estamos literalmente na mão do palhaço.
FM: Você tocou em uma das bandas mais cults do death-metal brasileiro durante algum tempo nos anos 90. Conte como foi participar da Embalmed Souls e o que essa passagem acrescentou ao seu currículo musical.
Rogério: Foi uma honra, um prazer e um grande aprendizado ter tocado no Embalmed Souls, onde fiz muitos shows, gravei uma demo ensaio que se tornou uma lenda nos círculos do metal extremo underground nacional e mundial e só tenho boas lembranças daquela época.
FM: Chegamos a tocar juntos na Death Slam e em um projeto hardcore de curta duração chamado Crime. Podemos considerar que esses foram os piores erros da sua vida? Tem alguma memória boa desse período ou foi só desilusão?
Rogério: Foi um prazer e uma honra ter tocado ao seu lado no grande Death Slam e só tenho boas lembranças daquela época, chegamos a gravar e participar de muitos e bons shows.
FM: O mundo sucumbindo para uma pandemia desgraçada e você resolveu criar o selo PAGAN TALES RECORDS, pelo qual produziu e lançou a coletânea BRAZILIAN DOOM METAL. A intenção foi promover a trilha sonora de nosso apocalipse humano?
Rogério: Realmente essa coletânea daria uma boa trilha sonora para o fim do mundo, são 11 bandas muito boas e representativas do nosso cenário Doom metal e eu tive essa ideia justamente no ano passado, no início da pandemia.
FM: Brincadeiras à parte, como foi o processo de escolha para as bandas que elencaram o primeiro volume da BRAZILIAN DOOM METAL e como tem sido a reação dos headbangers frente a esse nobre trabalho?
Rogério: A escolha do cast talvez tenha sido a parte mais difícil dos trabalhos pois o Brasil tem inúmeras e boas bandas por todos os cantos do país e foi uma árdua tarefa escolher somente 11, onde eu procurei mesclar nomes mais antigos e consolidados na cena com novas e promissoras bandas, e tentei cobrir boa parte do Brasil, com bandas do Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e Sul. A recepção está sendo muito boa e com ampla divulgação nos meios undergrounds onde tivemos muitas parcerias como o Portal Lucifer Rising e o programa Heavy Metal Online.
FM: Sempre que nasce uma gravadora independente e ela lança o seu primeiro registro fonográfico, a pergunta que fica é: quando virão novos trabalhos do selo? E, uma curiosidade, em um mundo que abraçou sem piedade o universo digital, por que você resolveu nadar contra a maré e lançar um material físico?
Rogério: Meus planos com o selo é continuar lançando bandas de Doom e death metal do cenário brasileiro, tenho planos de lançar uma coletânea de death metal nacional nos mesmos moldes da coletânea de Doom metal. Sobre estar nadando contra a maré é uma realidade, mas acredito que muitas pessoas assim como eu ainda curtem o material físico e é um nicho que sempre vai existir e ser complementar aos meios digitais.
FM: Para encerrar, agradeço outra vez mais pelo seu tempo e peço que deixe sua mensagem aos leitores do Fanzine MOSH.
Rogério: Meu grande amigo Felipe CDC, mais uma vez agradeço pelo interesse e espaço cedido ao meu trabalho com o Aberration Doom e com o Selo Pagan Tales Records e deixo aqui o meu convite para os leitores do fanzine Mosh para conferirem o som do Aberration Doom nas plataformas de streaming e adquirirem conosco a coletânea Brazilian Doom Metal que tem também uma revista falando sobre as bandas participantes e foi feita com muito cuidado e carinho para as bandas e para os fãs do Doom metal nacional. Espero poder revê-lo em breve, um grande abraço a todos, continuem se cuidando e Stay Doom!!!
Links Relacionados:
https://theaberrationdoom.bandcamp.com/track/slowly-dying-feat-felipe-stock