Aproveitando este período de quarentena forçada, batemos um papo com Marcus Larbos, vocalista e fundador da banda carioca de Progressivo Panaceah. A banda está em atividade desde 2005 e recentemente lançou um EP e promete lançar um novo trabalho em breve.
por Emerson Mello
A banda agrada em cheio quem curte um trabalho bem elaborado, com arranjos elaborados, letras inteligentes, mas não abre mão de um certo peso.
Confiram!
A Panaceah teve suas origens na banda Cactus Peyotes. O que pode nos falar deste período e como surgiu a idéia de montar a Panaceah?
Marcus Larbos – A idéia surgiu de um encontro entre eu e Daniel Lamas(tecl./guit) tempos depois que o Cactus Peyotes já havia acabado. Na época tínhamos diversos materiais não utilizados pela nossa ex banda e achamos interessante por isso em prática compondo novas músicas e gravando como um projeto. A partir daí e me motivei para montar uma banda de fato, mesmo sem a participação do Daniel, que por pura falta de tempo infelizmente não pôde continuar.
O nome
Panaceah nitidamente parece inspirado na música ‘Panacea’ do Rush, que foi
lançada no álbum ‘Caress of Steel’ de 1973 e faz parte da suíte ‘The Fountain
of Lamneth’. Esta referência está correta? O que pode nos dizer sobre esta
escolha?
Marcus Larbos – A referência é exatamente essa, pois sou um grande fã de Rush e sobretudo desse álbum, além do que o significado tanto da palavra quanto a sua grafia favoreceram essa escolha.
Sabemos
que em termos de estilo musical a veia mais forte da Panaceah é o Progressivo.
Como vocês mesmos se enxergam musicalmente?
Marcus Larbos – Costumamos dizer que somos uma banda híbrida, pois ao mesmo tempo que temos influência de várias bandas de progressivo, também sempre fomos influenciados por outros estilos dentro do Rock como por exemplo o Classic Rock setentista e o Hard/AOR e Metal oitentista e isso inclusive se mostra mais nitidamente no “Spiral of Time”.
Apesar
das nítidas referências de bandas progressivas clássicas, percebemos que a banda
não somente olha pro passado, mas também trás influencias mais atuais ao som.
Vocês acompanham o que rola no cenário musical atual? Costumam trazer isso para
a música da Panaceah?
Marcus Larbos – É verdade, buscamos sempre agregar tanto os ícones do passado como algo mais diferenciado e recente resultando numa sonoridade mais moderna, mas com características próprias.
O Rio de
Janeiro, cidade em que a banda está baseada, já foi celeiro de bandas
importantes e teve uma cena Rock muito representativa nos anos 70 e 80. O que
pode nos dizer sobre o cenário carioca atual?
Marcus Larbos – Na década de setenta vivenciamos a era de ouro do Rock e sobretudo do Psicodélico, Classic Rock e Prog. Hoje em dia percebo um esforço honesto tanto do público quanto das bandas em manter a chama acesa, e isso dá mais esperanças a esse estilo tão marginalizado aqui no Brasil.
Como é o
cenário do Progressivo no Brasil? Espaços pra tocar, festivais, fãs, etc?
Marcus Larbos – Felizmente nessa década a cena tem melhorado a olhos vistos, pois nunca tivemos tantos shows de vários ícones internacionais do estilo, festivais e surgimento de novas bandas com tanta freqüência principalmente aqui no Rio de Janeiro. Tem sido um resgate lento, mas acredito que já é uma luz no fim do túnel.
Como
enxergam o futuro do estilo em termos comerciais? Acreditam que o ciclo será
mantido com fãs sustentando a cena?
Marcus Larbos – Nesse aspecto infelizmente sou bem cético e pessimista, pois o público apesar de fiel e que na sua grande parte busca incentivar e comparecer aos eventos, é ainda muito segmentado e espalhado e por esse motivo a cena Prog sobrevive somente por esse amor, vontade e coragem tanto dos músicos, produtores e do público.
Vocês tem
contato ou intercâmbio com outras bandas do estilo aqui no Brasil, ou mesmo de
fora do país?
Marcus Larbos – Muito pouco infelizmente; talvez exatamente por não nos enquadrarmos em nenhum estilo definido ou algo do tipo. Vivenciamos exatamente isso quando fomos buscar um selo para lançar o “Spiral of Time” aliás.
Entre o
material do ‘Spiral of Time’, do EP ‘Secret Garden’ mais o single ‘Stardust’
vocês tem um bom material de repertório. Como são escolhidas as músicas dos
shows?
Marcus Larbos – Geralmente fazemos a escolha de acordo com o tipo de público e de evento em questão. Como já possuímos um material mais extenso e variado dessa forma dá para ter uma maior gama de opções.
Quais são os principais temas abordados nas letras?
Marcus Larbos – Como todas as letras são compostas por mim, geralmente procuro sempre algo diferente ou que saia do lugar comum nos mais diversos assuntos e temas. Isso vai depender muito da pegada e do clima da musica. Por exemplo, na faixa “Over the perception” o tema já é algo mais etéreo e filosófico em um questionamento dos nossos sentidos e o que não podemos mais perceber; Tuareg trata dos nômades do deserto, “New messiah” já aborda o poder de persuasão e sua influência nas grandes massas e por aí vai.
Em 2016 a
banda se apresentou no ‘Primeiro Evento da Cena Carioca de Música Progressiva’
no Espaço Marun no Rio de Janeiro. O que pode nos contar sobre este evento?
Marcus Larbos – Foi um evento corajoso e teve empenho de várias bandas que se ajudaram mutuamente e através disso foi criada a CCMP(Cena Carioca de Música Progressiva), que foi uma dos principais movimentos para reaquecer o cenário Prog no Rio e se hoje temos esse cenário atual isso muito se deve a essa iniciativa.
Outro
evento importante que a banda participou foi o Prog Classic Night, também em
2016. Como foi a repercussão deste evento?
Marcus Larbos – Ultimamente temos até nos surpreendido
com a repercussão dos nossos shows, bem como nossos últimos lançamentos nas
plataformas digitais. Acho que estamos conseguindo aos poucos consolidar nossa
música e agradar ao público em geral.
Como foi o retorno do single ‘Seven Mirrors’ lançado em 2017 e do EP ‘Secret Garden” lançado em 2019?
Marcus Larbos – Foi no momento certo, já que estamos com a mesma formação há praticamente quatro anos e notamos um amadurecimento de idéias e de estilo de certa forma diverso do primeiro álbum.
Existem
planos futuros para um cd full?Quais as outras pretensões de banda?
Marcus Larbos – A idéia é justamente acabar de compor as últimas músicas para tentar lançar ainda esse ano nosso novo álbum. Nosso objetivo fora isso é tentar ser mais conhecidos em outros estados do Brasil e fora dele, seja com shows ou com mais divulgação.
O advento
das plataformas digitais, mais o You Tube deram oportunidade para as bandas que
não possuem uma grande gravadora de divulgarem seu trabalho com maior facilidade com um custo relativamente baixo.
Vocês acreditam ser uma boa opção?Tem trabalhado neste canal para divulgação da
banda?
Marcus Larbos – Foi exatamente o que você muito bem colocou, essas ferramentas hoje em dia são fundamentais, principalmente para bandas novas ou pouco conhecidas, pois geram bons resultado e com um custo menor.
Como é o trabalho de redes sociais da banda?
Marcus Larbos – Tentamos sempre que possível informar o público sobre as últimas atividades da banda seja ela no processo produtivo de músicas como alguma outra novidade e divulgamos tanto no Facebook, Instagram, Tweeter, Whatsapp, etc.
Considerações
finais.
Marcus Larbos – Gostaríamos muito de agradecer a oportunidade de estarmos aqui com vocês e espero que ano após ano o Rock e a música de qualidade possa gradativamente ir tomando espaço e mudando a mente e a vida do público do país. Grande abraço!
*Line up:
Marcus Larbos – voz;
Rodrigo Lopes – baixo;
Juan Marco – guitarra;
Samuel Cruz – teclados;
John Vitória – bateria;-
*Discografia
(2006) – Spiral of Time
(2014) – Stardust (single)
(2019) – Secret Garden (EP)
*Redes Sociais
Facebook – https://www.facebook.com/panaceah.official/
Instagram – https://www.instagram.com/panaceah.official/
You Tube – https://www.youtube.com/user/Rsoaresgomes