Accept @ Opera de Arame, Curitiba – 14.04.2016
Texto: Clovis Roman
Fotos: André Smirnoff
Eis que o AC/DC do Heavy Metal retornou à Curitiba, após três anos de sua estreia nos palcos da capital paranaense. Se em 2013 eles tocaram na Sociedade Abranches, dessa vez o local escolhido foi a espetacular Ópera de Arame, ponto turístico da cidade, um auditório com capacidade para cerca de 1500 pessoas (de acordo com o site da prefeitura). E foi um show quase sold-out, estava entupido de gente. E a qualidade de som e luz estava excelente. O empolgado público, conhecido por apreciar uma cerveja, acabou com o estoque da bebida antes da metade do show. O bar fechou e a galera ficou na seca até o fim do espetáculo.
Pouco após as 21h30, o reformulado quinteto alemão subiu ao palco e como um rolo compressor, mandou uma sequência avassaladora de músicas, contemplando canções mais recentes, como “Stampede” e “Hellfire”, e clássicos oitentistas como “Living for Tonite”, “Restless and Wild” e a dançante “Midnight Mover”. Não teve muito papo, e a banda capitaneada por Wolf Hoffmann (guitarra) e Peter Baltes (baixo) focou o show na música, apesar de volta e meia ter estendido algumas canções para a galera cantar junto. Nada muito forçado, entretanto. Dentre as canções do disco Blind Rage, a que mais se destacou foi “Final Journey”, que repetiu a fórmula do clássico “Metal Heart”: em seu solo há uma citação a uma peça clássica. Nesse caso, trata-se de “Morgenstemning” (em inglês, “Morning Mood”), o primeiro movimento de Peer Gynt, obra-prima transcendental do compositor erudito Edward Grieg.
O baterista Christopher Williams estava super empolgado, e apesar de ter tocado algumas coisas a sua maneira, executou todo o repertório com maestria (e força). E está comprovado, Stefan Schwarzmann fez um péssimo negócio em sair do Accept para tocar no terrível Panzer (que conta também com Herman Frank, outro ex-Accept, e Marcel Schirmer, do Destruction). A saída de Schwarzmann e Frank acabou não sendo um golpe assim tão forte para o grupo alemão. Afinal, o núcleo criativo é formado por Mark Tornillo, Hoffmann e Baltes (o trio compôs todo o último disco, Blind Rage). No lugar de Frank entrou um guitarrista até melhor, chamado Uwe Lulis, que por uma década cuidou das seis cordas do Grave Digger. Ele gravou todos os melhores discos dessa outra lenda alemã. Inclusive, Williams gostou muito da cidade, e até postou fotos da Opera de Arame em seu perfil pessoal no Facebook. Ele, junto a Lulis, foi ao bar Crossroads para um “after party”. Lá, mandaram “Wrathchild” e “22 Acacia Avenue” ao lado de uma banda cover de Iron Maiden, e ainda improvisaram uma “Balls to the Walls” com o batera cantando.
Voltando ao show do Accept, o bloco final foi bastante similar ao que a banda vinha apresentando nessa turnê, e na anterior também. Antes da primeira saída do palco, tivemos “Pandemic” e “Fast as a Shark”. Menos de um minuto mais tarde, o quinteto alemão retorna para o encore (com o baterista usando uma camiseta do time de futebol da CBF) e manda “Metal Heart”, “Teutonic Terror”, “Son of a Bitch” e “Balls to the Wall”. Todas eles são clássicos indiscutíveis, incluindo “Teutonic Terror”, gravada no album Blood of The Nations, o primeiro da atual fase com o vocalista Mark Tornillo. Esse, inclusive, tem identidade própria ao mesmo tempo que honra o legado de Udo Dirkschneider. O Accept é uma das bandas mais íntegras do Heavy Metal mundial. Sorte a nossa.
REPERTÓRIO
Stampede
Stalingrad
Hellfire
London Leatherboys
Living for Tonite
Restless and Wild
Midnight Mover
Dying Breed
Final Journey
Shadow Soldiers
Starlight
Bulletproof
No Shelter
Princess of the Dawn
Dark Side of My Heart
Pandemic
Fast as a Shark
Metal Heart
Teutonic Terror
Son of a Bitch
Balls to the Wall