CD Review: Paradise Lost – Medusa
por Fernanda Tavares
foto Clovis Roman
Com a típica discrição inglesa, sem muito alarde, em setembro de 2017 a banda Paradise Lost lançou seu novo álbum. Medusa é o décimo quinto, e definitivamente um ponto de equilíbrio na discografia dos pioneiros do Doom Metal. Se em Tragic Idol (2012) parecia definitiva a quebra dos paradigmas do gênero – predominância das vozes mais limpas e clareza instrumental – o surgimento de The Plague Within (2015) era o sopro de esperança aos fãs da raiz gótica.
Aqui em Medusa coexistem ambas as forças. Há nesta mistura o equilíbrio que faz de Paradise Lost uma banda reconhecida por seu pioneirismo. Sem medo das interlocuções entre gêneros – por Deus, eu jamais julgaria a quem acredita Symbol of Life ser um álbum de pop metal – mas sempre fiéis a uma estética fatalista, as referências de Medusa apontam mais para a própria discografia da banda do que a externas. Isto não é, de forma alguma, algo negativo: é consolidação.Se The Plague Within recuperou o fôlego gótico da banda, Medusa o incorporou às outras tendências que já reinavam anteriormente.
O simbolismo das letras permanece, sempre cruéis em sua literatura distópica, existencialista: neste quesito, a faixa Blood and Chaos surpreende. Em primeiro momento me desagrada a melodia (parece desconectada do álbum, muito acelerada, talvez?), mas ouvindo novamente me pego prestando atenção na letra. É, provavelmente, a melhor e mais interessante do álbum – estranhamente apagada pela melodia que parece tentar deixá-la mais… positiva? A imagem mental que ela monta é de uma beleza miserável: uma cruz reduzida a pó, de um deus interior que é puro caos; Blood and Chaos é um resumo lírico da discografia da banda. Mais uma vez, repito: a força de Medusa está em referenciar a história de Paradise Lost.
A mistura do gutural com vocais limpos é ótima, sendo mais valorizados os guturais, porém. Shrines e a faixa-título merecem atenção especial neste quesito, são pontos fortes: os momentos de voz melodiosa não são fracos, ao contrário, constroem pontes necessárias. O álbum é forte em diversidade musical, mesmo que com grande tendência ao doom original. A simbologia do mito grego da Medusa é curioso e adequado a esta fase da banda: o coexistir de um monstro e uma musa, do mortal e do belo.
Tracklist:
Fearless Sky
Gods of Ancient
From the Gallows
The Longest Winter
Medusa
No Passage for the Dead
Blood and Chaos
Until the Grave
Shrines
Symbolic Virtue
Banda:
Nick Holmes – Vocal
Gregor Mackintosh – Guitarra solo, Teclados
Aaron Aedy – Guitarra
Stephen Edmondson – Baixo
Waltteri Väyrynen – Bateria