Entrevista: a estrada dos pecados de Sick Sick Sinners
Por Joel Kesher
Existem muitas formas de ser introduzido a um estilo musical. Ao metal, por exemplo, normalmente começamos com bandas que têm um pé fortemente calçado no hard rock ou no rock clássico. Depois sim vamos para algo mais extremo. Já o metal sinfônico ou o próprio power metal é uma forma de adaptação de quem gosta de música clássica ouvindo um som um pouco mais “dinâmico por assim dizer”.
Pois bem, essa pequena introdução foi apenas para mostrar porque é razoavelmente difícil se falar de Psychobilly. De maneira geral, este é um estilo focado no punk, mas com influências fortíssimas do country, o que deixa o som meio parado para alguns. E justamente por ser tão diferente do Psychobilly tradicional é que o Sick Sick Sinners se torna uma das maiores e mais importantes bandas do Psychobilly mundial.
Sim, falamos mundial, e isso não é exagero. Os caras são reconhecidos internacionalmente por sua música, e se você ainda não conhece esse som que está no quintal de casa, essa é uma boa oportunidade para ser introduzido no Psychobilly Maldito.
Várias bandas em uma
O Sick Sick Sinners é formado por Vlad nos vocais e guitarra, Cox nos vocais e baixo e Emiliano nos vocais e bateria. E cada um desses integrantes traz em sua bagagem musical pelo menos mais umas 3 bandas cada uma ou mais. A diversidade e pluralidade dos músicos oferece à banda uma mistura que cria um som altamente forte, pesado, mas ainda assim galgado nos princípios do psychobilly.
Em uma conversa com Vlad, ele nos falou um pouco sobre as influências da banda: “Cara, o Sick Sick Sinners realmente tem influência de vários estilos: punk, hardcore, metal, rockabilly…. Ouvimos tudo isso diariamente e muito mais, e realmente não é fácil rotular a banda. Ela não exatamente uma banda de psychobilly clássico, mas é do que mais se aproxima, um psychobilly porrada… Acho que é o mais próximo de uma definição.”
Essa porrada pode ser percebida tanto nos rifs, que nos levam a uma viagem sensorial pelas passagens mais pesadas do Testament, a linha de guitarra do Motohead e e mesmo clássicos do Psychobilly como Mad Sin, mas sempre sem nos tirar de onde estamos: de um som regional, feito no Brasil, para brasileiros e com assuntos que estamos acostumados no dia a dia.
Psychobilly maldito
Com a intensidade das músicas é óbvio que um rótulo surgiria. O som da banda é chamado de Psychobilly Maldito, justamente por não ser um som tão oldschool quanto as bandas tentam fazer normalmente. Aqui, não tem nada de clássico, nada de pop e nada mais melódico. “Acho que cai bem essa definição de psychobilly maldito. Somos uma banda que junta um monte de influências mas tentamos ter a nossa própria pegada.” comenta Vlad. E verdade seja dita: da primeira à última música, sempre dá pra perceber que os caras não estão pra brincadeira, dando uma verdadeira surra nos ouvidos com um som muito bem trabalhado e capaz de nos dar vontade de bater a cabeça na parede.
E por falar no som, quem acompanha Psychobilly há um bom tempo sabe que o embrião da banda foi os Catalépticos, banda clássica de Curitiba, responsável por alguns dos shows mais insanos que essa cidade já presenciou. E é claro que a herança genética dos Catalépticos está no Sick Sick Sinners, mas existem muito mais coisas para ouvir na banda. O filho cresceu, tomou seu próprio caminho e tem uma fúria própria para demonstrar. Ponto positivo, pois os saudosistas escutam um pouco do que era o Psychobilly dos Catalépticos e a galera da nova geração escuta um som totalmente novo com o Sick Sick Sinners.
Sick Sick Sinners: Unfuckinstoppable
O Sick Sick Sinners tem 2 álbuns gravados e um ep: o Road of Sin, debut e indispensável para uma primeira experiência com a banda, o EP Hospital Hell e o mais recente Unfuckinstoppable, que apesar do nome difícil de escrever, deixou as coisas mais diretas quando comparado ao primeiro álbum. Para Vlad, esse é justamente o objetivo da banda: deixar as coisas mais simples para serem mais diretas: “Temos trabalhado bastante na questão de arranjo, sempre tentando na simplicidade achar os melhores arranjos, timbres e etc. Mas acho que hoje somos mais experientes, então acabamos nos especializados no que gostamos. É uma evolução natural.”
Curitiba-Roterdam Psycho
O Unfuckinstoppable foi inclusive o primeiro álbum da banda com pré-produção, o que influenciou muito na qualidade da gravação e fez a banda chegar a um padrão internacional, galgando seu nome entre as maiores do cenário Psycho atual. Não por menos, eles trocaram a fria cidade de Curitiba pelas frias cidades da Rússia e de outras partes da Europa, fazendo uma turnê incrível com boa recepção por parte da galera. Sobre a forma que encaram a banda lá fora, Vlad comenta: “Estamos tendo uma receptividade cada vez melhor na Europa. Shows cheios e o pessoal já conhece a banda. Acabamos de tocar na Rússia e foi muito massa também. Tivemos ótimos reviews do unfuckinstoppable nas revistas de rock na Europa, então, estamos muito satisfeitos com tudo que tem rolado.”
E com essa receptividade, é lógico que a empolgação para fazer coisas novas também continua. Segundo Vlad, para o próximo ano já teremos coisas novas do Sick Sick Sinners rolando, com novo álbum e uma nova tour internacional.
Enquanto esperamos esse novo material, fique com tudo que a banda tem para oferecer para os fãs do metal, do rock e do Psychobilly, é caro:
Links relacionados ao Sick Sick Sinners:
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Sick-Sick-Sinners/134873633221714
Myspace: https://myspace.com/sicksicksinners
https://itunes.apple.com/br/artist/sick-sick-sinners/id435121951
http://www.crazyloverecords.de/sick-sick-sinners-unfuckinstoppable-cd.html
Em tempo: Vlad também é um dos responsáveis pelo Psycho Carnival e o Psychobilly Fest. Mas sobre os eventos e a própria cena nacional de Psychobilly, falamos em outro post.