Por Emerson Mello
Zdenek Spicka. Provavelmente a maioria dos fãs do Deep Purple nunca devem ter ouvido falar dele, mas ele inspirou diretamente a composição do maior clássico da história da banda.
Então quem seria ele? Algum compositor desconhecido ou produtor musical? Nada disso. Na verdade é a personagem central da letra de Smoke on the Water, o tal ‘idiota com um lança-chamas'(some stupid with a flare gun). O cara que deflagrou o estopim do famoso incêndio no Casino em Montreux(Suíça) em dezembro de 1971, aonde a banda iria gravar o seu novo álbum. Curioso como um acidente que mudou totalmente os planos da banda, acabaram inspirando a música e o álbum que se tornaria o maior clássico deles. Gillan sempre teve uma boa sacada pra aproveitar situações cotidianas e corriqueiras e transforma-las em letras interessantes, como fez em ‘Smoke on the Water’. É nestes momentos que a magia aparece.
Curiosamente a banda não apostava suas fichas em Smoke on the water, a aposta estava em Never Before, talvez por ser uma música mais curta e direta, mas acabou que lea não “virou” como single, enquanto Smoke on the Water só veio ganhando força e mais popularidade. Aquelas tais famosos 3 acordes do Rock…
Musicalmente falando o Purple estava em franca ascensão, vindo de dois álbuns bem sucedidos: o visceral, cru e pesado In Rock e o experimental e com um flerte no progressivo Fireball. Este Machine Head acabou sendo o ápice e veio mais técnico e polido, mas sem perder a espontaneidade da banda, que sempre gostou de compor através de jams sessions e improvisos. Inclusive o esboço de Highway Star começou dentro do bus tour em “resposta” a um jornalista que perguntou como era o processo de composição da banda. Gillan simplesmente respondeu “assim” então Blackmore tocou um riff e ele inventou uma letra na hora. Daí saiu o esqueleto da Highway Star. Blackmore sempre declarou que muita coisa no solo dela foi inspirada em Bach, a música erudita sempre foi uma forte influência na formação do guitarrista. Esta música é uma das mais pesadas da banda, o Rickenbacker de Roger Glover parece que vai saltar dos auto falantes, tamanho pressão sonora. Falando em Glover, ele compôs o riff de Maybe I’m a Leo, inspirado em “How Do You Sleep?” de John Lennon.
Em Lazy se abre mais espaço para os improvisos de Lord e Blackmore, sendo o prelúdio de Jon Lord na música um dos melhores dele na banda, o Hammond surge furioso roncando nas famosas caixas Leslie. Realmente memorável. Na introdução de Picture of Home Paice mostra sua famosa classe de um dos maiores bateras de Rock. Space Truckin’ fecha o álbum de forma leve num clima bem Rock’n’Roll despretensioso e descontraído com uma letra bem sacada de Gillan.
Reza a lenda que Machine Head não teve overdubs e nem ‘retoques’ de estúdio, o que talvez explique porque soa tão orgânico e têm resistindo bem ao tempo, soando contemporâneo mesmo ao completar seus 50 anos de existência. É o álbum que rendeu à banda o status de grande banda. Não à toa até Ozzy Osbourne elegeu o Machine Head como um dos seus dez álbuns favoritos de todos os tempos.
1. Highway Star
2. Maybe I’m a Leo
3. Pictures of Home
4. Never Before
5. Smoke on the Water
6. Lazy
7. Space Truckin
Tempo Total – 37’47”
Ian Gillan – vocais/gaita
Ritchie Blackmore – guitarra
Jon Lord – Hammond/teclados
Roger Glover – baixo
Ian Paice – Bateria