Essa semana o Fanzine Mosh entrevistou Ziando vocalista e fundador da banda Rota Suicida.Nessa entrevista ele nos fala um pouco da historia da e sobre o lançamento do segundo CD que esta para ser lançado esse ano.
Por Carlos Henrique Bueno
FM – A banda foi formada em Leme, interior de São Paulo, em 1988 e se manteve na atividade ate 1992. Conte-nos um pouco sobre essa época, a formação da banda, os shows e se chegaram a lançar algum material na época.
Ziando – A banda Rota Suicida foi criada pelo Ni (falecido) que me convidou pra escrever e ser vocal da banda. A banda era formada no vocal Ziando, guitarra Corcovia, baixo Guiná e na bateria Ni. Eu também fazia vocal na banda The End onde a gente ensaiava e tocava as músicas do Rota Suicida, por causa de motivos pessoais dos outros integrantes do Rota Suicida, não dava pra ensaiar, sendo assim o Rota Suicida passou a ser mais um projeto e a banda que eu estava na ativa era a banda The End que ensaiava também as músicas do Rota Suicida. O material que foi gravado nessa época era em fita K7 onde a gente fazia os encartes tudo escrito à mão e distribuía nos fanzines e trocava com os camaradas.
FM – A banda sempre foi uma banda de punk rock, ou tem outras influencias em sua sonoridade.
Ziando – A banda sempre foi estilo Punk Rock, mas as suas influências tem várias vertentes do rock, tipo eu escuto Punk Rock e todas suas vertentes, o Michilin que é o atual baterista curte Punk Rock 77, o guitarrista Juliano curte Punk mais puxado pro lado do Metal, e o Fernando que é o baixista curte mais Metal. O exemplo disso é a música América Latina em Chamas que tem um vocal rasgado bem Punk Rock com uma pegada de guitarra e bateria mais Metal.
FM – Fale-nos sobre o nome da banda, (Rota Suicida) como surgiu esse nome?
Ziando – Surgiu nos meados da década de 80 onde o consumo de drogas injetáveis era muito grande na época e como consequência vinha a AIDS e a overdose. Para muitos na época quem trilhava esse caminho era um Rota Suicida.
FM – A banda ficou parada por 26 anos. Nesse período o que você fez? Chegou a formar ou tocar em outra banda ou ficou fora da cena musical?
Ziando – Eu cheguei tocar em outras três bandas, onde fui convidado pra tocar mais em nível de ensaio, pois o projeto dos caras eram mais fazer cover de Punk Rock, eu participava mais pra ensaiar e estar antenado com o movimento, mais não dava certo porque cover nunca foi a minha praia, e além disso eu tava na faculdade com 2 crianças pequenas ( hoje uma delas é o Juliano guitarrista da banda ) e dando mais atenção pra minha família.
FM – Como surgiu à ideia de retornar com a banda, e como você chegou aos atuais integrantes da banda?
Ziando – A ideia era fazer um registro dessas músicas que foram escritas para o Rota Suicida lá no começo, e conversando com o Fernando o atual baixista que tocava com o Michilin o atual baterista no Asfixia Horror Punk, combinamos de fazer os registros das músicas juntamente com meu filho Juliano na guitarra que entre outros projetos já tocou em outras bandas.
FM – Em 2018, a banda lançou um CD demo intitulado “o ultimo chamado” com nove musicas. Como foram o processo de composição e gravação desse cd?
Ziando – Como as músicas já estavam prontas, foi só ensaiar e cada um veio com a sua pegada individual pra somar, ficou fácil o entrosamento, e a única música nova que foi criada foi o “Pequeno Joey” que coincidiu com o nascimento do meu filho aos 48 anos que foi uma surpresa e a maior alegria. A música “Pequeno Joey” ela faz um alerta contra a violência infantil e maus tratos e nos faz pensar que espécie de mundo nos vamos deixar para nossos filhos.
FM – Na época como foi a divulgação desse CD demo. Chegaram a fazer show de lançamento? E a aceitação da mídia e publico foram boas?
Ziando – A princípio a ideia era fazer um registro dessas músicas, mas depois das divulgações nas redes sociais e alguns CDs que a gente lançou independente, houve uma grande aceitação e incentivo em continuar escrevendo e criando novas músicas. A gente fez um show de lançamento do nosso CD na Sound em Sorocaba/SP e depois tocamos no Feeling Music Bar em São Paulo no projeto da rádio 89 a Radio Rock “Levando Bandas”.
FM – Por ser uma banda do interior de SP sentem dificuldade de alguma maneira de tocar, divulgar e fazer shows, ou esse tipo de problema não existe.
Ziando – O problema existe e sempre existiu pra tocar devido à falta de união de pessoas que defendem o mesmo ideal, mas hoje em dia é mais fácil devido às redes sociais e as rádios online e zines como a revista Fanzine Mosh que da apoio pra várias bandas do estilo underground.
FM – Esse ano a banda esta lançando um novo trabalho intitulado “América latina em chamas”, como surgiu esse nome, quantas musicas terá esse novo CD e quem produziu? Já tem alguma previsão para o lançamento?
Ziando – Surgiu quando a gente percebeu que o mesmo problema que a gente tem aqui no Brasil, desmatamento, desigualdade social, trabalho escravo, morte aos indígenas. Também é um problema em todos os países da América Latina. O CD vai sair com 10 faixas com a produção totalmente independente. Algumas músicas já estão sendo divulgadas nas redes sociais e plataformas digitais, e o material físico como CDs e camisetas tem uma previsão de lançamento até o meio de julho de 2020.
FM – Conversando com você antes dessa entrevista, você me disse que nos anos 80 você tinha uma camiseta do Fanzine Mosh, e que a usou muito… Lembra como você conseguiu essa camiseta? Aproveite e deixe um recado aos leitores do Mosh.
Ziando – A primeira vez que eu vi essa camiseta foi com o João Gordo vocalista do RDP numa foto da revista Rock Brigade. Eu tinha um vizinho que fazia desenho em camisetas manualmente e meu irmão pediu pra ele fazer uma peita da capa do disco do Testament – The New Order, daí aproveitei e mostrei a foto da camiseta do João Gordo que estava escrito: “FANZINE MOSH UM MEGULHO NO UNDERGROUND”, usei essa camiseta até minha mãe jogar fora. Gostaria de dizer para as pessoas que leem a revista Mosh que faça você mesmo com o que você tiver, sendo um trabalho honesto e bem feito que o resultado aparece, e mesmo para os que leem a revista e ainda não tocam em bandas lembrem se que eu mesmo li muitas vezes essa revista sem imaginar que um dia estaria aqui dando essa entrevista. A ideia é acreditar em si mesmo e dar o seu melhor. Obrigado ao Fanzine Mosh pelo apoio ao underground, e esperamos que depois dessa pandemia a gente receba vários convites para tocar, porque a gente tá louco pra socar a bucha por ai, kkkkk!