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12 Dec 2024, 6:27 am

Mosh Review: Winger – Seven


Por Emerson Mello

Seven, como o nome sugere, é o sétimo álbum de estúdio do Winger, banda que começou sua carreira nos idos da década de 1980 e tem como seu maior sucesso a balada ‘Miles Away’, que no Brasil inclusive foi tema da marca de cigarro Hollywood, famosa por suas propagandas altamente produzidas. Mas a banda não se apoia nisso como muleta e não ficou parada no tempo e se manteve em constante evolução, a prova disso é a entrega deste novo álbum que mostra não só a maturidade da banda, mas um refinamento nas composições e arranjos, com Reb Beach brilhando nos solos com muito bom gosto. A banda começou como um quarteto e em 1992 incorporou o guitarrista John Roth e desde então se manteve com a mesma formação (sem considerar a passagem de Cenk Eroglu), um feito raro no meio do show business. Talvez esta estabilidade explica o nível musical alcançado em Seven, interessante notar a participação ativa de todos os membros tocando outros instrumentos como por exemplo o baterista Rod Morgenstein, que é creditado também pelos backing vocais e piano. A produção ficou a cargo do próprio Kip Winger, que impressiona nos seus 61 anos cantando como um garoto, não economizando no drive e ainda dando um show de interpretação, alternando momentos mais rasgados e cantando mais limpo quando necessário. A banda não lançava nada desde de 2014, com o álbum Better Days Comin’ e este Seven soa mais pesado e além disso a banda trouxe mais elementos aos arranjos que ficaram mais variados. Além do Hard característico da banda, em alguns momentos é possível notar uns flertes de AOR, e progressivo na linha que o Asia fazia no início de carreira.

O album abre muito bem com Proud Desperado, com um riff de guitarra comandando a levada e o teclado marcando presença. “The city burns/There’s no return/Never saw it coming/The crimson skies” A letra, em parceria com Desmond Child (que também tem parcerias com Aerosmith, Bon Jovi e outros), fala de falsos ídolos e o refrão vem como um soco no estômago: “Proud Desperado/Where are your heroes/Proud Desperado/Where are your false idols now”. Reb Beach não deixa por menos e fez um solo incrível já mostrando o que podemos esperar do album em termos de guitarra. Já na sequência vem Heaven’s Falling com uma melodia cativante, teclado fazendo um excelente trabalho e um refrão daqueles que você sai cantarolando na primeira ouvida. Mais um belo solo de Beach, que explora mais a melodia num solo mais ‘cantado’ e Morgenstein mostra sua categoria no final. Sem dúvidas um dos melhores momentos do album. A seguinte Tears of Blood também é uma das minhas favoritas e tem uma letra que nos faz refletir sobre as nossas escolhas e sobre nossos próprios demônios. No meio Kip Winger faz um diálogo, ou uma oração onde ele suplica e ouve uma voz interna sempre dizendo “don’t stop believe in yourself” e “you have so much to give”. Ficou bem interessante e vale sacar esta letra no detalhe.

Resurrect Me muda um pouco o clima e o riff inicial me lembrou Big City Night, traz um refrão direto e um coro que com certeza vai funcionar bem ao vivo e conta com mais um solo inspirado de Reb Beach. Voodoo Fire começa com uma linha de baixo insinuante de Kip Winger e Morgenstein acompanha com muito groove, uma música bem na pegada do clássico álbum Pull.  Broken Glass dá uma acalmada, vindo com uma levada no violão e Kip Winger cantando mais limpo e numa região mais grave para subir o tom no refrão numa linha vocal muito bonita. Outro grande momento do álbum.

Stick the Knife and the Twist vem mais direta e privilegiando o refrão, enquanto One Light to Burn vem mais densa e cadenciada. Em Do or Die Kip Winger varia bem a interpretação variando do drive ao mais limpo. O solo de Beach em Time Bomb vale a música enquanto Winger canta no refrão “taste your self-destruction”. Definitivamente a minha favorita é It All Comes Back Around, faixa que encerra o álbum e é muito bem construída com um belo arranjo, em alguns momentos me lembrou o início do Asia. Reb Beach fez talvez o mais belo solo do álbum. Com uma letra enigmática Kip Winger canta no refrão ‘Be sure you’re looking down/As you’re flying through the clouds/Keep your demons safe and sound/Cause It All Comes Back Around’. Ela também ganhou vídeo oficial, muito bem feito, com belas imagens e tomadas de drone. Bom ver a banda caprichar nisso, quando temos visto várias bandas fazendo vídeos bem toscos na atualidade.

Winger entregou um belo álbum, talvez pudesse ser mais enxuto, uma ou duas músicas ‘sobram’, mas isto não tirou o brilho do álbum, que deve ser lembrado como um dos melhores álbuns de 2023 e um dos melhores na discografia da banda.

*Ficha técnica

Banda – Winger

Álbum – Seven

Lançamento – 05/05/2023

*Line-up:

Kip Winger – vocais/baixo/violão/teclados/piano/produção

Reb Beach – guitarras/backing vocais/harmonica/teclados/piano

Rod Morgenstein – bateria/backing vocais/piano

Paul Taylor – teclados/guitarras/backing vocais/piano

John Roth – guitarras/backing vocais/baixo/teclados

Músicas:

01  – Proud Desperado

02 – Heaven’s Falling

03 – Tears of Blood

04 – Resurrect Me

05 – Voodoo Fire

06 – Broken Glass

07 – It’s Okay

08 – Stick The Knife In And Twist

09 – One Light To Burn

10 – Do Or Die

11 – Time Bomb

12 – It All Comes Back Around

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Postado em maio 13th, 2023 @ 12:19 | 1.160 views
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